Insónia e deficiências cognitivas
Fernandez-Mendoza e colegas da Universidade de Penn State College estudaram 678 representantes da população em geral, para ver se detectavam diferenças na performance cognitiva devidas à falta de sono. O estudo envolveu 116 indíviduos que se queixavam de insónias crónicas, há mais de um ano, sendo os restantes o grupo de controle, abrangendo tão diferentes características como idade, raça, sexo, escolaridade, índice de massa corporal, saúde física e mental. A bateria neuropsicológica que foi utilizada incluiu testes de velocidade de processamento, atenção, memória visual e fluência verbal.
A equipa de investigação não encontrou nenhuma diferença de desempenho entre os insones softcore, aqueles que dormiam pelo menos 6 horas diárias, e o grupo de controle. Entretanto, os insones hardcore, os que dormiam menos de 6 horas, tiveram um desempenho cognitivo pior em todos os testes. A descoberta mais interessante foi a de que os insones hardcore apresentam deficiências claras na realização de tarefas que exigem o controle executivo de atenção (attentional set-switching).
«Os actos pedófilos cometidos por padres e demais religiosos são crimes individuais mas a ICAR, ao longo de décadas, não só não denunciou estes crimes como encobriu, protegeu e fez tudo para evitar que fossem investigados pelas autoridades policiais, inclusive coagiu as vítimas e demais envolvidos a votos de silêncio para não «manchar» a reputação da Igreja.»
Como provavelmente não conseguem processar toda a informação que tem vindo a lume nos últimos tempos, deixo mais uma ajudinha. Não, os crimes de pedofilia e os concumitantes crimes de encobrimento não são só coisas do passado. Continuam hoje assim como continua hoje o encobrimento desses crimes. Só como exemplo, Ruggero Conti, 56 anos, acusado e preso em 2008 por prostituição infantil e violência sexual agravada sobre sete adolescentes e suspeito de crimes sexuais desde há 30 anos, foi protegido e escondido por décadas pelas mais altas autoridades do Vaticano, que ignorou as queixas das vítimas tão recentemente quanto há 3 anos.
A prisão de Conti foi um terremoto no Vaticano devido à promiscuidade entre política e religião em Itália. De facto, Renato Farina, do Il Giornale da família Berlusconi, foi mesmo testemunha abonatória de Conti, com ligações muito influentes quer políticas quer no Vaticano, tendo sido conselheiro para a periferia e para as políticas da família do prefeito de Roma, Gianni Alemanno. Assim, não é de espantar que o ministro da Justiça deste país já tenha declarado que vai investigar o procurador Pietro Forno por supostas violação «com elementos potencialmente difamatórios» «dos direitos de equilíbrio, imparcialidade e discrição
O crime do procurador-adjunto de Milão terá sido informar a imprensa de que nunca, e frisou o nunca, recebeu uma denúncia da ICAR sobre abusos sexuais cometidos por sacerdotes. De acordo com Alfano, o procurador «acusou a hierarquia da Igreja Católica de encobrir sacerdotes responsáveis por graves incidentes de pedofilia» o que, claro, não foi o que se passou na diocese de Porto Santa Ruffina, onde o bispo local, Gino Reali, protegeu não só Conti como outro padre pedófilo, José Poveda Sánchez, acusado em 2005 de abusos sexuais por pelo menos 4 crianças de 11 anos, que transferiu para Espanha para o pedófilo escapar ao inquérito policial.
Conti, desde 2009 em prisão domiciliária por supostas razões de saúde já que é ... obeso, embora os criminosos sexuais não tenham direito a essa medida em Itália, teve mais sorte que o padre que foi responsável pela fuga de informação que levou à sua prisão: durante todo este tempo, a Igreja não só lhe continuou a pagar salário como nem sequer um processo canónico lhe abriu.
Espero que o devoto ensonado e os muitos mais que teimam em não abrir os olhos, pela falha de sono, claro, em relação a estes crimes tenham percebido de uma vez por todas o que está em causa e que não curto-circuitem os circuitos morais com as respostas habituais a estímulos externos desagradáveis (não, não estou a falar da última frase do post em causa). Este é um caso em que a vitimização é contraproducente.