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Mais jornalismo do bom

Ontem, um jornalista de rua (desses, sim) colocou a Teixeira dos Santos a seguinte pergunta: "Sr. Ministro, aumento do IVA jamé?". Não teve a resposta que mereceu, já que o Ministro decidiu apenas ignorá-lo.

11 comentários

xiribi 15.04.2010

É uma clara provocação. Sem dúvida. E é até bastante saudável. Mas cá, se não quisermos ser um jornalista subserviente, que se rege por principios de pessoas como o Rogério, que não têm noção mínima da versatilidade que o jornalismo pode ter, é difícil escapar sem críticas destas.

Leia Matt Taibbi, jornalista independente. Escreve de vez em quando para a Rolling Stone. É premiado, acessível, e um verdadeiro filho da mãe cheio de talento a escrever. E escreve asneiras e coisas como douchebag e é severo com os entrevistados quando acha que tem de ser. E com tudo isso escreve uma quantidade ridícula de verdades que se ignoram. Se fosse português certamente teria muitos rogérios aos magotes a dizer que assim não pode ser, que assim não se faz.

Há muito treinador de bancada no jornalismo nacional. Mal lêem, criticam muito trabalho só pelo título (novamente, nem lêem as notícias), mas sabem tudo. Neste caso já digo (e espero) que não seja o caso do Rogério. Mas diga-me, não fica chocado quando aparecem pessoas a falar de Direito sem saber puto do que se passa?

Há muita coisa mal no jornalismo em Portugal. Não creio que uma pergunta provocadora, brincalhona (e que aceito que haja quem não ache piada), seja um desses problemas.
A. Dias 15.04.2010

Não me parece que o problema esteja na provocação e muito menos no tom de brincadeira.
A questão essencial é que esse tipo de perguntas não se destinam a procurar esclarecer nada, são muitas vezes seguidas de insistências estúpidas e irritantes e, frequentemente, servem para concluir que o interrogado não respondeu.
E esse é UM dos problemas da desgraça que é o jornalismo nacional, praticado por gente inculta a raiar a iliteracia, pedante, mal preparada, com uma ideia exagerada sobre si própria, irresponsável e preguiçosa.
A mim, talvez me choque que apareça gente a falar de Direito sem saber puto do que se passa mas o público é o consumidor e último destinatário do jornalismo e , como tal, toda a gente tem o direito de criticar os seus agentes.

xiribi 15.04.2010

A.Dias,

Toda a gente tem o direito de criticar. Longe de mim impedir isso. Pelo contrário, sou adepto da coisa. Novamente, o jornalismo (independentemente da geografia) tem e terá sempre muita coisa que se possa apontar. O que acho é que há muita coisa que é dita com a mesma gratuitidade com que se chama filho da puta a um árbitro, só porque é árbitro (e, novamente, se ele depois merece o insulto já é outra história).

Esta pergunta em particular (não a vi no original, só a descobri aqui no jugas), acredito que seria dispensada pelo ministro, fosse qual fosse o tom - é especulação da minha parte, eu sei. Com um jornalista a fazê-la nestes moldes, seria pelo menos curioso que o ministro mostrasse estofo e poder de encaixe.

Também gosto de pensar na coisa ao inverso. Com tanto político que parece que anda a brincar com parte das pessoas, também não fica mal alguém brincar com eles de vez em quando.
filetes pedrosa 16.04.2010

Estofo e poder de encaixe tinha o Peter Schmeichel. O Sr. Teixeira dos Santos que parece uma pessoa séria e inteligente responde às questões que achar pertinentes, independentemente de serem provocações ou não.

fernando antolin 15.04.2010

Os mimistros,coitados, levam uma vida difícil. O da Economia declarou não perceber o porquê dos actuais preços dos combustíveis.E vai pedir explicações aos agentes intervenientes no processo. Ainda bem.Ficamos mais descansados.
nuvens de fumo 15.04.2010

E que quer que ele faça ? Nacionalize as empresas distribuidoras ?
Ocupe as instalações com o que resta do nosso glorioso exército ?
fernando antolin 15.04.2010

Nimbo-estrato, ao ministro eu apenas pediria que não nos fizesse de parvos.

JMG 15.04.2010

Foi de bom-tom e fazia sentido, há uns anos, defender a dessacralização do Poder, a aproximação aos cidadãos, a importância do jornalismo independente e crítico, etc. E foi-se de um extremo ao outro: Jornalistas imberbes e com notórias dificuldades de articulação e fluidez de discurso fazem perguntas mal amanhadas e gratuitamente insolentes no meio da rua, os interpelados navegam com humilhante dificuldade até aos seus automóveis e destinos, ou, pior, cedem às insistências e dizem o que não querem sob pressão. Quem não se lembra do PR a falar com a boca cheia de bolo ou o Presidente do STJ a balbuciar umas coisas nas arcadas do Terreiro do Paço, ou ...? Acontece em todas as democracias? Claro, mas não com todos os políticos e personalidades de todas as democracias: há os que se resguardam e guardam para conferências de imprensa, entrevistas e ambientes mìnimamente apropriados para se explicarem e prestarem contas. E aí, os jornalistas podem e devem fazer perguntas incómodas. À rebaldaria e arruaça podemos achar graça; mas não ganhamos nada com isso.
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