Precisa-se de política, não de economia
SIC diz que S&P 'traça um cenário ainda mais negro para a economia portuguesa'. De uma vez por todas: a S&P não traça nem descreve nada; cria, ou melhor, contribui para a festa e ajuda a criar. Como escreve a Helena Garrido neste excelente post: a S&P alinha no desvario, atira lenha para a fogueira e valida a irracionalidade (paranóica, acrescento eu) dos mercados. Tudo isto sem se aperceber do que está a fazer, porque é incapaz de agir reconhecendo que é co-responsável pelo mundo sobre o qual supostamente fala. Estamos no reino da self-fulfilling prophecy; e a tragédia é que isto parece imparável. Por outro lado, de pouco ou nada nos serve discutir se os mercados têm ou não razão: os mercados são a razão. Os mercados agem racionalmente num contexto irracional. Mas o mundo não precisa de uma prédica moral; precisa de uma revolução institucional. E precisa sobretudo que os líderes políticos acordem e façam o que lhes compete: reafirmar o poder da política.