Os loucos gregos e os disciplinados alemães
Pacóvios que bebem por uma palhinha tudo o que ouvem dizer concordam que os alemães não têm nada que pagar os desmandos dos gregos.
Embora não receba nada dos gregos pelo serviço (coisa que o Barroso, por exemplo, não pode afirmar em relação aos alemães), sempre quero lembrar que poucos países têm violado de forma tão sistemática as regras da UE como a Alemanha.
Para não irmos vasculhar num passado mais distante nem entrarmos em demasiados detalhes, no ano passado o governo alemão desrespeitou os compromissos do Mercado Único com as ajudas de emergência concedidas à sua indústria automóvel.
Não contente em intervir para impedir o encerramento da Opel, ainda condicionou a oferta do apoio estatal ao encerramento total ou parcial de fábricas dessa empresa na Bélgica, na Espanha e no Reino Unido.
Medidas proteccionistas deste tipo impactam pronta e directamente as economias e as exportações dos restantes países membros, agravando ao mesmo tempo os excedentes comerciais crónicos da Alemanha e os défices igualmente crónicos doutros países, designadamente o da Grécia.
Se o governo da Alemanha se arroga o direito de assim proceder, não terá de que queixar-se no dia em que é confrontado com as consequências dos seus actos. Disciplina alemã? Deixem-me rir.