Parlamento suspenso
Com menos de 50 lugares por apurar, os resultados das muito participadas eleições britânicas de ontem apontam para um «parlamento suspenso» – «hung parliament» -, isto é, uma câmara dos comuns sem maioria absoluta de nenhum partido, algo que não acontece desde 1974. Nesta situação, o primeiro-ministro pode recorrer à prerrogativa constitucional de ser o primeiro a tentar formar Governo embora alguns analistas políticos indiquem que a hipótese mais provável é a formação de um governo minoritário pelos Tories, apoiados pelos unionistas da Irlanda do Norte.
Embora os democratas liberais tenham ficado muito aquém do que se esperava, em lugares ganhos embora não em percentagem dos votos, em Sutton & Cheam conseguiram um lugar inesperado, derrotando uma das estrelas (cadentes, espera-se) dos Tories, Philippa Stroud, a conservadora que, alegadamente, acredita ser possível exorcisar através da oração os demónios dos homossexuais. De qualquer forma, o desfecho destas eleições pode passar pelos LibDems, se Nick Clegg aceitar coligar-se com os trabalhistas, abdicando de uma das suas exigências previamente anunciadas, a demissão de Gordon Brown, aceitando como contrapartida a reforma do sistema político, substituindo a Câmara dos Lordes por um organismo eleito e introduzindo um sistema proporcional na eleição da Câmara dos Comuns.