A sério, Palmira, ainda gostava de saber
que moldes defendes tu para a visita de um Papa a Portugal (partindo do princípio que admites a possibilidade de uma visita). Que exiges a Bento XVI? Que faça discursos laicos de fato e gravata? Que negue a Verdade de Cristo como absoluta perante não-crentes? Que prescinda da influência que tem sobre milhares e milhares de portugueses? E ao Estado? Que, nessa impossibilidade, confine o Papa (e a mensagem religiosa) aos templos e reuniões de católicos, impedindo-o de comunicar com a sociedade em geral? Que proíba a realização de uma missa no Terreiro do Paço? A sério, tal como tu cidadã, tenho muita curiosidade* em saber como seria se te competisse decidir, nesta matéria, em nome dos portugueses.
Em Portugal, a Igreja - hierarquia e crentes - propõe (já agora, é quando diz "a visita, que agora inicio sob o signo da esperança, pretende ser uma proposta de sabedoria e de missão" que o Papa te impõe a salvação?) e defende as suas posições (na IGV, na recente lei do divórcio, no CPMS perdeu). Deveria estar impedida de o fazer? Diz-me. A laicidade pede-se - exige-se - ao Estado, é o que eu defendo, convictamente. Mas também me parece que o Estado só é verdadeiramente laico quando convive sem dramas nem fobias com a manifestação religiosa.
*em resultado disto, e disto, e disto e disto e disto