Mais papistas que o Papa
Descobri nos últimos dias que alguns não crentes têm muita fé no Papa. Alguns deles, infelizmente, viram as suas esperanças goradas – parece que o Papa resolveu dizer o que é normal que o Papa diga. Teve, vejam bem, a distinta lata de se pronunciar contra o aborto e contra o casamento entre homossexuais. Que despautério e que (má) surpresa.
Felizmente, nunca esperei nada deste Papa, nem de nenhum, pelo que não me sinto desiludido. Sou um incréu em paz, portanto. Incomodou-me um bocadinho o facto de Bento XVI ter frequentado de forma excessiva os meus horários televisivos e, por esse motivo, respirei de alívio com a imagem do avião que partia. Fora isso, nada de especial me transtornou.
De resto, e feitas as contas, acho que o resumo para a posteridade foi elaborado algures sobre Espanha, na viagem para cá. Em declarações aos jornalistas, o Papa confessou os pecados da sua igreja. Que foi tarde demais, dirão muitos. Por certo que demorou séculos (literalmente), mas, se aquelas declarações puderem significar que pelo menos uma criança não será abusada, não foi tarde demais. Não se pode apagar o passado, mas podem tentar evitar-se muitos futuros sem futuro.
Afinal, e vendo bem, até parece que fiquei satisfeito com a visita de Sua Santidade – é este o título que lhe dão os seus, certo?