Da necessidade de ideologias políticas e outra vez o voto - Fernando Nobre
Um dia, com mais calma, voltarei a este tema. Para já, de uma forma simples, diria apenas que o que escrevi a propósito do meu entendimento acerca do voto decorre, em certa medida, da constatação que faço, como tanta gente, da crise das ideologias políticas que sustentam o discurso que nos chega aos ouvidos por parte de quem nos é dado a escolher como candidato, quer em eleições unipessoais, quer em eleições partidárias.
Se não consigo votar sem qualquer emocionalidade envolta nesse acto tão recentemetente conquistado, também me é terrivelmente difícil votar em quem se apresente sem qualquer definição ideológica.
A estafada frase "são todos iguais" não diz apenas respeito à desconfiança quanto à credibilidade ética dos políticos, mas também à indefinição ideológica dos mesmos, à diluição de fronteiras entre os Partidos, à conviccção que pulula por aí de que, no essencial, à parte dos Partidos das franjas do sistema, todos fariam essencialmente o mesmo, ou, naquilo que fariam de diferente, a diferença residiria nas pessoas concretas que para ali estão e não nas ideologias que as sustentam ou que as mesmas sustentam.
Como disse no início, um dia voltarei a este tema, mas nunca votarei em alguém que tem por coisa boa não se definir como pessoa de esquerda ou de direita.