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jugular

Há coisas que eu não entendo de todo

A propósito da notícia "Rever a história é "saudosismo fascista"? Projecto escolar abre polémica em Aveiro", mais exactamente sobre as declarações então proferidas pelo deputado Pedro Soares (BE), escrevia a Shyznogud há dias no FB "É caso para dizer NÃO HÁ CU para a conversa do deputado do bloco! Queria fazer o quê? ignorar o estado novo num projecto q contempla 100 anos da história de portugal?". Deixo exactamente a mesma pergunta ao Sérgio. Irás desculpar, mas a mim cheira-me a coisa tipo "Bruna às avessas".

39 comentários

augusto 08.06.2010

E onde está a Isabel Alçada...

O Ministério da Educação não tem nada a dizer desta provocação?

É isto a comemoração da Republica ?

Se houve deputados que se indignaram com esta provocação, só fizeram o seu dever de democratas.

Tentar rever a historias de Portugal, e transformar comemorações da Republica, numa palhaçada de louvor á Mocidade Portuguesa FASCISTA, não é certamente a forma correcta de formar democratas.
Ana Matos Pires 08.06.2010

Onde está o louvor?
burns 08.06.2010

lol
de espantar é você ter acesso a internet
para si democracia é apagar pedaço da história de portugal
estamos conversados quanto ao seu estalinismo

Joana Lopes 08.06.2010

Ana, de acordo e estou farta de discutir isto!

Se encenassem a Inquisição, não podiam vestir ninguém de juiz?

Claro que depende do enquadramento e espera-se que, no contexto, não se «louve» a MP.Mas não é isso que está em questão, pelo menos para já e antes de se ver.
Shyznogud 08.06.2010

Nem percebo sequer o q há para discutir, Joana. Lembro-me, por exemplo, de na escola dos meus putos terem feito, há uns qtos anos, a encenação da descoberta/colonização/etc do Brasil. Parte dos miúdos representaram os responsáveis pelo tráfico negreiro, so what? Não deviam, era?
Joana Lopes 08.06.2010

Claro, mas veja como o Facebook foi ontem invadido por declarações indignadas... (pelo menos o meu)
Shyznogud 08.06.2010

Tenho andado em serviços mínimos (ombro lixado) não dei por isso. De qqr modo chegam atrasados, a notícia já tem mais de 15 dias (noutro jornal q não o público) e logo nessa altura achei uma tonteria as reacções de "indignação".
Pedro Sales 08.06.2010

Shiz,

O que se está a passar não tem nada a ver com a encenação de um exemplo histórico numa escola. Se assim fosse, tudo bem. Podia ser a mocidade portuguesa, nenhum problema com isso. O Estado Novo é uma parte fulcral da nossa história recente e, pese embora as opiniões que qualquer um tenha sobre o mesmo, não pode ser obliterado dos programas educativos.

Mas outra coisa, bem diferente, é o que está a ser feito. Juntar várias dezenas de crianças, vesti-las com as fardas da mocidade portuguesa , e levá-las passear pelo centro de Aveiro a cantar as canções da moçidade salazarista. De resto, o melhor é ver as declarações do director do agrupamento ao jornal Público: “Vamos proporcionar não só aos alunos como à própria cidade de Aveiro um belo momento de revisão da nossa história recente” De revisão da história? Pois, também me parece uma iniciativa muito normal.
Ana Matos Pires 09.06.2010

Não consigo perceber a diferença entre o "boneco" histórico feito por uma escola ou por um agrupamento de escolas, Pedro.
Pedro Sales 09.06.2010

Ana,

É a passeata pelo meio da cidade. o que, se fosse feito na escola, seria uma encenação inserida num projecto educativo, que podia ser discutida, questionada e participada pelos alunos, torna-se assim num acto político completamente gratuito. É o director do agrupamento que fala em revisão da história, tenebroso conceito e que, uma pessoa com responsabilidades educativas, devia ter o bom senso de evitar. a não ser que..

Mas, façamos este exercício. Imagina-te de férias em Munique. Gostavas de ver 300 crianças a passear pela cidade, vestidas de guardas SS, a marchar em passo de ganso e a cantarolar canções nazis?. estou certo que não.
Ana Matos Pires 09.06.2010

Pedro,
No lugar do dito professor não teria escolhido a palavra "revisão" mas tb não relevo em demasia tal facto, aceito-o como um vocábulo menos feliz. E parece-me que o teu "a não ser que..." é revelador de um juízo valorativo apriorístico, para não lhe chamar preconceito, assumindo que a "instalação" irá ser um louvor, não é essa a minha postura na certeza porém de que se estiver enganada o direi, depois. Exactamente pelo que acabei de dizer não me parece que a imagem das criancinhas em Munique, assim, sem mais, seja um bom elemento comparativo.
Anónimo 09.06.2010

Defeito profissional talvez. Quando um professor fala de revisão não está necessáriamente a falar de revisionismo. Quantos sumários escrevemos que diziam apenas "revisão da matéria dada"? Julgo que foi nesse sentido que a expressão foi usada, de rever não de reconstruir de forma diferente.
Shyznogud 09.06.2010

Pedro, acho absolutamente fantástico que para ti e para muitos outros existam factos da história de portugal irrepresentáveis... por uma questão de princípios, é?

Patrícia Gomes Lucas 08.06.2010

Não entendo qual é o problema de estudar o período do Estado Novo, têm medo que as crianças achem piada às fardas e queiram ressuscitar o movimento? Então expliquem-lhes as características boas e más, de forma imparcial. Agora armarem-se em agentes da censura e impedir a representação de um período que, quer queiram quer não, foi importante na História de Portugal, é serem exactamente iguais aos supostos fascistas que tanto criticam.
O BE anda a dar muitos tiros no pé...
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marques 08.06.2010

imagine na alemanha vestir as crianças de juventudes hitlerianas, ou na itália de juventudes fascistas. e o pior não é isso; o pior é o carácter obrigatório da coisa. eu diria mesmo... ditatorial.
nuvens de fumo 08.06.2010

Os alemães resolveram o problema proibindo todos os símbolos do regime nazi.

Irene Pimentel 08.06.2010

Estou de acordo contigo, Ana, como já estava com a Shyznogud.
No entanto, vou esperar para ver como foi o desfile. Mas é uma questão de (mau) gosto e não de branqueamento do Estado Novo ou qualquer prova de «fascismo». E não gosto nada da atitude do BE, que me cheira a censura.
Há cerca de 15 dias, fui ao Liceu Maria Amália, em Lisboa, sede do primeiro núcleo da Mocidade Portuguesa Feminina, cuja reitora (até 1965) foi Maria Guardiola, a comissária nacional dessa organização feminina estatal. Um grupo de quatro alunas do 12.º ano fez um filme e passou diapositivos com imagens das MPs, eu fiz uma "palestra" (de carácter historiográfico) e depois houve um debate com alunos e professores que enchiam a sala. Como é normal, houve comentários sobre os aspectos negativos e perguntas sobre se tais organizações estatais tinham ou não aspectos positivos. Eu acho que tudo é discutível (até o negacionismo do Holocausto, até para rebater esse mesmo negacionismo)
De forma sintética, o problema das MPs era o facto de serem organizações estatais de carácter obrigatório de um regime ditatorial.
Quanto a comparações com a Hitler Jugend (HJ), deve-se comparar mas também detectar as grandes diferenças que havia entre essas duas organizações, tal como as havia entre o regime salazarista e o regime nacional-socialista, ou hitleriano. Também nunca se deve esquecer que a HJ forneceu quadros para as SS, para a Wehrmacht e para o regime nazi, responsável pelo assassinato de milhões de seres humanos, bem como pelo Holocausto.
Falorca 08.06.2010

Ana Pimentel, se o intuito é simplesmente pedagógico, se não acarreta qualquer juízo de valor, não faz qualquer diferença pôr as criancinhas a desfilar de Hitler Jugend, Balillas, ou MP. Eu não acredito que haja qualquer intenção de louvar o Estado Novo. Simplesmente, não vejo que mais valia pedagógica traz isto para as crianças. Não é só mau gosto, é também ingenuidade e palermice.
Para além disso, e isto é pessoal, a mim choca-me, e o mesmo acontecerá a outras pessoas. São ainda coisas demasiado próximas. Ainda não é o tempo. Não se compare com desfile de crianças vestidas de negreiros ou juízes da Inquisição. No entanto, repito, as palavras do deputado do BE parecem-me despropositadas.
Ana Matos Pires 09.06.2010

Irene Pimentel, não Ana
Falorca 09.06.2010

Peço desculpa à Irene e à Ana, pelo lapso.
agent 08.06.2010

Irene, grandes diferenças? O primeiro comissário da MP, fã do III reich, até assumiu que tinha utilizado a juventude hitleriana como inspiração. De onde acha que vem a "devoção à Pátria, no sentimento da ordem, no gosto da disciplina, no culto dos deveres morais, cívicos e militares"?

Quanto ao assunto em causa, só critico a utilização de crianças. De resto querem brincar aos fascistas? Os pais servem muito bem.

António Aleixo 08.06.2010

o fruto proibido é sempre o mais apetecido. Eu acho que tudo deve ser discutido "tim tim por tim tim". O bom e o mau do estado novo devem ser ensinados e reflectidos. Não nos esqueçamos que é por desconhecimento e esquecimento que muitos olham hoje o passado com saudosismo.
Encobrir o passado é dar-lhe uma aura de mistério que cada um preenche fantasiando a seu gosto e esse é um risco que não devemos nem podemos correr.
Embora considere o Estado Novo um período negro da nossa história, não foi o único e nem tudo foi mau. Da mesma forma que não devemos renunciar aos nossos traços culturais pré 1974. Ainda que instigada ou promovida pelo estado, a cultura popular é isso mesmo, popular, do povo.
Sinceramente acho uma seca esta coisa do tabu sobre o estado novo depois de quase 40 anos!

abraço e parabéns pelo blog!
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fernando antolin 08.06.2010

E se o desfile fosse sobre história contemporânea e vestissem as criancinhas de guardas vermelhos,acenando com os respectivos livrinhos, também teríamos indignadas reacções "berloquistas" ??
Falorca 08.06.2010

fernando antolim, o desfile é de "história contemporânea"; não é exactamente um cortejo de figuras medievais. E acho que não interessa tanto o que pensam os "berloquistas" (terá concerteza várias opiniões e poucas se regozijarão com desfiles desses personagens) quanto o que cada um de nós pensa.
Shyznogud 08.06.2010

O desfile é de história contemporânea, exactamente dos últimos 100 anos da dita e, como escrevi antes, faz todo o sentido q se refira a mocidade portuguesa, tal como a Implantação da República e o 25 de Abril, quiçá o Acto Colonial e a Guerra Colonial, a participação portuguesa da primeira guerra ou a entrada de Portugal na CEE, são tudo momentos ou aspectos fundamentais para caracterizar o período tratado.
Falorca 08.06.2010

Shiznogood, a questão é que um desfile sobre isto, é um disparate, uma patetice imbecil. Porque não então, desflilarem crianças vestidas de soldados da guerra colonial com G3 de plástico (em cima da chaimites) e alunos negros a fazer de combatentes dos movimentos de libertação, etc? Isto não é realizado no carnaval, ou por uma sociedade recreativa. É a Escola. Ora, que tem isto de pedagógico, alguém me explica? E é mesmo verdade que eles vão cantar o hino da MP? Para quê? Estará tudo doido?
Shyznogud 08.06.2010

A encenação/recreação de momentos/quadros históricos é uma das mais eficazes estratégias pedagógicas para q crianças mto jovens se interessem pelo passado histórico. E, além disso, só se os professores das várias escolas participantes do projecto fossem imbecis completos é q não teria havido trabalho de investigação/discussão à volta quer do tema geral do projecto quer do tema q cda um dos grupos vai tratar/encarnar.
Anónimo 09.06.2010

Ora nem mais. Os desfiles são também uma forma de envolver a comunidade no trabalho da escola que se quer aberta para o exterior e não fechada sobre si mesma. Se os miúdos estudaram a MP e sobre ela discutiram e fizeram trabalhos, porque haveriam eles de ser excluídos do desfile? Por acaso são menos que os outros que trabalharam o 25 de Abril e por isso já podem desfilar à vontade?
Falorca 09.06.2010

Shiznogood, é preciso saber de que idades estamos a falar, em primeiro lugar. É verdade que se trata de crianças do infantário e do básico. Será do primeiro ciclo? A ser assim, tudo me parece mais absurdo. Quanto ao resto, ainda que estivéssemos a falar de adolescentes, nada disso se justificaria. Ou então, já que se alega que essa é uma forma de interessar as crianças pelo tema, teríamos muitos desfiles para fazer, muitas personagens para desfilar, no que respeita à história contemporânea. E não sei porque limitar a representação à História de Portugal. Ou será que deviamos entrar com juizos de valor com desfiles de pequenos nazis a cantar interessantes hinos (e se os tinham...) e já não devemos fazer juízos de valor sobre a MP? Não estamos então só a falar de pedagogia?
Shyznogud 09.06.2010

Mas é exactamente junto de crianças mto jovens q o contacto com a história deve ser feito de formas criativas. Como já discuti este assunto até à náusea noutros locais deixo-lhe, para fim de conversa, este link a ver se se acabam os ataques histéricos de vez.
Falorca 09.06.2010

Tudo bem, nem sequer lhe vou então perguntar como é que se faz
"trabalho de investigação/discussão à volta quer do tema geral do projecto quer do tema q cda um dos grupos vai tratar/encarnar", com crianças de tão tenra idade.
Falorca 09.06.2010

Só uma última coisa, Shiznogood, já agora. Não são "ataques histéricos". No que me diz respeito, manifestava a minha perplexidade por haver quem ache que colocar crianças a recriar um desfile da MP, com o hino e braço ao alto, teria algum mérito pedagógico. Vá lá, que não vai ser assim. Isto nem sequer tem a ver com pedagogia, mas tão só com bom senso do mais simples. Não é preciso ser professor. Fico sem perceber de onde o deputado do BE recolheu as suas informações. Alguma coisa está aqui muito mal.
fernando antolin 09.06.2010

Falorca, falei de história contemporânea no sentido de a distinguir da história cá do burgo e claro que o berloque não diria nada sobre os eventuais guardinhas vermelhos,ou pioneiros ou outra qualquer agremiação que fosse representada, desde que tivesse o carimbo da dita esquerda. O resto é conversa para distrair...
Falorca 09.06.2010

Fernando Antolin, não entendi a distinção. E não suponha tão rapidamente que todos os simpatizantes do bloco de esquerda gostariam de ver desfiles de guardas vermelhos, seja os soviéticos, seja os da China do Mao. Eu acho incrível como há quem pense ainda que todos os simpatizantes ou militantes do bloco de esquerda gostam de ditaduras sangrentas, sinceramente.

Anónimo 09.06.2010

Pois, Marcelo, esse parece-me o ponto. No entanto há quem, baseado em nada (pelo menos divulgado), especule sobre o que "os miúdos estudaram" e "fizeram trabalhos"...
Anónimo 09.06.2010

Como é que sabe que se trata de especulação?

Está-se mesmo a ver que se não vem da boca e da imaginação criativa de um deputado do BE e se não sai nos jornais é especulação. Haja pachorra.
Anónimo 09.06.2010

Anónimo das 16:03

Leu o meu comentário? Se o leu, viu que digo "há quem, baseado em nada (pelo menos divulgado), especule sobre..."
Não conheço qualquer referência a "estudos" ou "trabalhos" dos miúdos sobre as personagens que irão representar (pode haver, eu não conheço). O que conheço, permita-me, é miúdos da pré-primária e primária, o que dá para minimamente imaginar o cenário em que o desfile (?) foi organizado.
Como alguém aí atrás diz recear, vai tratar-se de um desfile carnavalesco fora de época . Resta saber se com efeitos pedagógicos (humm...) para miúdos da pré e da primária, se para afirmação dos educadores responsáveis ou de quem lhes encomendou o número.
Marcelo do Souto Alves 09.06.2010

É isso. Patético...

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