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« Nem realpolitik, nem irrealpolitik, mas politik, pf.»

Pequena nota introdutória: Nos últimos três meses, a partir do momento em que disse que começaria a participar no Jugular, escrevi para aí uns dez primeiros parágrafos para um primeiro texto, sobre dez temas diferentes sem nunca ter tido tempo para os terminar. Uns eram mais pessoais, outros mais oficiais, uns mais gerais, outros mais circunstanciais… Hoje fartei-me de todos e por isso aqui vai um oficial desabafo pessoal, tão geral quanto circunstancial. Não é sobre cultura. Sobre ela escreverei certamente muito em breve. Também não é sobre o baptismo de fogo que me foi reservado para os meus primeiros passos na política. Dado a gravidade de certas acusações que me foram feitas não é certamente num blog que este tema deve ser avaliado. E aviso que é longo.

 

« Nem realpolitik, nem irrealpolitik , mas politik, pf.»

 

Sim, já sabemos que estamos em crise. E ao contrário do que alguns auto-denominados grandes comentadores e visionários lusos, tanto de esquerda como de direita, afirmam peremptoriamente, esta crise não começou, não se limita e não se resolve em função da realidade do nosso cantinho à beira-mar plantado. Ainda não entendi se esta obstinação em tão simplista análise se deve a um autista sentimento de superioridade ou pelo contrário a um inultrapassável sentimento de inferioridade. Provavelmente aos dois. Se qualquer coisa caracteriza uma certa mentalidade portuguesa (e perdoem este tipo de considerações generalistas que normalmente recuso) é esta estranha certeza de que indiscutivelmente não estamos à altura dos “outros”, entidade indefinida, mas que esse facto se deve apenas ao nosso tradicional e enraizado desleixo. Mais prosaicamente o recorrente :“Ah, se eu quisesse! ...”

 

Se não entendo esta obstinada e irresponsável atitude de negação da realidade internacional é porque, como agora é sobejamente conhecido, partilho a minha vida entre dois países europeus. O que significa que, na prática, vivo duplamente a crise. Que acompanho duplamente o anúncio “das medidas urgentes” e os debates que se seguem. Não vou comentar aqui as escolhas feitas de um lado e de outro, pois seria demasiado longo, apesar de ter as maiores dúvidas sobre as exigências feitas pela Alemanha. Quero apenas relembrar que um desses países, a França, é governado pela direita e o outro, Portugal, pela esquerda. Que o primeiro é incomparavelmente mais rico e poderoso que o segundo e que, no entanto, os números em termos de deficit e de taxa de desemprego não diferem tão substancialmente quando seria de esperar. Curiosamente o que foi radicalmente diferente foi a taxa de crescimento no primeiro trimestre deste ano com vantagem - imagine-se! – para Portugal.

 

Será que podemos reduzir estas duas realidades apenas a estes números? Claro que não. Seria profundamente primário. Mas não podemos também reduzir as realidades nacionais, europeias e mundiais a números. Sejam eles quais forem. Isto também não significa que adira ao extremo oposto: a negação total da importância de um pensamento económico que caracteriza uma certa esquerda que se auto-denomina de verdadeira. Mesmo se, confesso, tenho tendência em concordar com o André Gide quando ele diz com humor: “quando um economista responde a uma pergunta, deixamos de entender o que tínhamos perguntado”. Só não concebo nem aceito mais o domínio absoluto da lógica financeira que esteriliza o próprio pensamento económico. Não aceito a sua falta de visão. Não aceito mais esta permanente gestão do presente, este imediatismo sem projecto nem perspectiva. Sem ideias, sem valores, sem ideal. O permanente diktat de quem não tem qualquer problema em assumir que não é uma ciência exacta mas mesmo assim exige ser tratada como tal. “Não há outra solução” repetem incansavelmente. E sobretudo não aceito, como cidadã portuguesa e europeia esta total e absoluta ausência de pensamento politico no que ele tem de mais nobre.

 

Como muito bem o lembrava, ainda no inicio do ano, Hubert Vedrine, conselheiro de Mitterrand e antigo ministro dos negócios estrangeiros de Lionel Jospin “Esta crise não é apenas mais uma crise económica. São as premissas de uma mutação de uma amplitude e duração imprevisíveis.” Convido-vos a fazer um pequeno exercício de memória e a recordar o muito que se disse e escreveu quando, em 2007, surgiu a crise dos subprimes, quando se deu a falência da Lehman Brothers em 2008, quando os primeiros ventos de pânico atingiram os mercados bolsistas. Muitos foram os que, perante o furacão que se abatera sobre a finança mundial, exigiram uma acção forte dos Estados e o regresso do pensamento político como essencial contraponto ao domínio absoluto da lógica economicista. A tão saudada eleição de Barak Obama também beneficiou dessa brutal tomada de consciência.

 

Três anos depois, contrariamente a tudo o que seria expectável, nunca o mundo foi tão dominado pelas lógicas financeiras. Nunca as duvidosas - e tenho a consciência da gravidade do adjectivo que utilizo - agências de rating foram tão poderosas. Ao ponto de porem em causa o mais belo e mais forte projecto político da segunda metade do século XX, a Europa. Sobre a seriedade dos que dominam a economia mundial, aconselho vivamente a leitura das actas do processo Goldman Sachs. Ou seja, três anos volvidos, não só não se puseram em causa as lógicas que levaram a este desastre ( paradoxalmente até saíram reforçadas) como 2010 arriscava-se a ficar para a história como o ano em que se atingira o grau zero da política. Não fora a radical mudança de atitude que Jean Claude Trichet tomou, sob pressão da França e a contrariada Alemanha. Não tenho qualquer simpatia pelo presidente francês, até sou muito crítica em relação a uma serie de medidas que tomou internamente, mas justiça lhe seja feita quanto à coragem que demonstrou na defesa da Europa. Sem este gesto coordenado, nem que seja apenas um esboço de necessária redefinição das regras europeias, a verdade é que poderíamos estar, de novo, cada um no seu cantinho, com as nossas pobres e decadentes economias a concorrer com gigantes como os EUA, a China, a Índia e agora o Brasil. Haverá sempre ilustres economistas secundados por extremosos comentadores para explicar que esta seria uma solução viável e quiçá desejável…

 

Mas será que podemos culpar os impiedosos financeiros pelo descrédito e impotência em que se encontram os poderes políticos? Claro que não. Eles apenas ocuparam um espaço que foi progressivamente deixado mais vago.

 

Permitam um pequeno desvio nacional, uma espécie de autocrítica geracional. Eu faço parte da geração que cresceu com o fim das ideologias. Em Portugal essa geração tem a particularidade de ter conhecido esse momento precioso que foi o 25 de Abril. Mas a recordação, no meu caso de infância, desse momento excepcional da revolução teve também o efeito perverso de nos termos convencido de que tudo já estava garantido. Depois da liberdade, a paz, a democracia, a igualdade, a Europa, a prosperidade, a modernidade… Tudo seguiria o seu curso natural e inevitável. Fossem quais fossem os sobressaltos ou dificuldades momentâneas. Era a vitória absoluta da geração de 70 do século XX contra o pessimismo da geração de 70 do século XIX. Para quê conhecer em detalhe a sórdida mesquinhez do salazarismo e as suas sequelas? Era uma página virada! Finda a necessária resistência para quê manter combates políticos?

 

Esquecemo-nos ou quisemos esquecer que não foi apenas a opressão, a censura, a guerra que tinham desaparecido. Foi também a figura paternalista do poder absoluto. Evitámos cobarde ou comodamente pensar que a democracia é um processo difícil em permanente construção e que exige rigor, vigilância e uma responsabilização colectiva. Sabíamos… Sabemos o que fizeram alguns dos nossos pais, sabemos o que queremos mas sabemos sobretudo o que queremos que outros façam por nós. Tornámo-nos exímios comentadores. Mérito acrescido a todos os que nestes últimos anos tiveram a coragem e a energia de se implicar politicamente.

 

Mas voltemos a contextos menos localizados. O fim das ideologias. Pessoalmente partilho a convicção várias vezes exprimida por Cohn Bendit que o fim da pretensão de impor a “felicidade” contra a vontade dos que são supostos dela desfrutar, foi uma vitória. Congratulo-me com o fim da visão determinista da história com tudo o que isso implica de maniqueísmo e seus sucedâneos: o Bem versus o Mal, a verdade versus a mentira, o altruísmo versus o despotismo, etc… Por fim adiro sem hesitações e sem complexos à defesa da complexidade do Edgar Morin que não se cansa de repetir que é necessário repor o Homem no centro da política. Tenho dúvidas de que ele alguma vez lá tenha estado, mas agrada-me a ideia de promover o bem viver em vez do bem-estar. Aplaudamos portanto o fim das ideologias, abramos alas para as ideias.

 

Sim, mas… Concretamente em termos de discurso ou proposta política?

 

Concretamente, é absolutamente desolador tudo a que assistimos. A velha direita que abandonou os seus tradicionais valores mais conservadores, sumariamente resumidos a Deus, Pátria e Família, sob aparente adesão a certos valores da social-democracia entregou-se de corpo e alma à lógica do neo-liberalismo. Neo-liberalismo tão prolixo em estimativas económicas goradas quanto despudoradamente amoral. Valores esses que foram minuciosamente recuperados por uma extrema-direita cada vez menos residual e que, mais uma vez, usa as religiões oficiais ou os seus sucedâneos para difundir os seus odiosos propósitos e implantar a sua mais eficaz base de sustentação: o medo. Medo do outro. Medo do futuro. Medo das Ideias. Parece haver unanimidade, e ainda bem, na condenação do radicalismo religioso muçulmano, mas ninguém se quer inquietar com os fundamentalistas judeus ou cristãos.

 

Enquanto isso, no extremo oposto, a nova esquerda, ou esquerda da esquerda, ou esquerda alternativa ou alter esquerda… Toda uma serie de movimentos mais ou menos simpáticos, mais ou menos estruturados mas que estranhamente partilham a mesma total indefinição sobre o projecto político que defendem. Entre o populismo mais primário, o secretismo dos velhos métodos de uma militância que pensávamos para sempre ultrapassada, um multiculturalismo sobre o qual tenho as maiores reservas, a sistemática e inconsequente denúncia pela denúncia – não deixa de ser curioso que o símbolo do NPA , (Nouveau Parti Anti-Capitaliste), o equivalente francês do nosso BE, seja um megafone! – vejo afundarem-se algumas pessoas que estimo e respeito e vejo sobretudo o boicote sistemático a qualquer possibilidade de repensar a esquerda. Algumas das suas reivindicações eu subscrevo, até já assinei muita petição contra muita coisa mas continuo sem conseguir entender o que a maior parte destes movimentos concretamente defendem. São contra ou a favor da Europa? São sociais-democratas “modernos” como já ouvi? Trotskistas, maoístas, anarquistas ou Niilistas? Ecologistas? Que modelos? Que referências? Só Alain Badiou? Work-in-progress?

 

Não posso deixar de pensar que, actualmente, a melhor forma de não ser coisa nenhuma, é ser militante de tão frenéticos mas tão ideologicamente confusos movimentos. Ao menos com os partidos comunistas, sobretudo com o nosso, sabemos com o que podemos contar. Sabemos o que defendem e, por isso mesmo, sabemos com o que é que não concordamos. E de uma coisa os comunistas não podem ser acusados, de falta de experiência política. Mas deixemos os ditos extremos.

 

E os partidos do centro-esquerda ou direita? Os partidos de poder? Face a esta crise, um pouco por toda a Europa, o poder tanto de esquerda como de direita organiza-se para tomar medidas que, mais uma vez, aceito como imprescindíveis e inevitáveis para evitar mal maior. Medidas de contenção para baixar o famigerado deficit que andam a avaliar as pressurosas e “inquestionáveis” agências de rating. Mas essas medidas não se enquadram em nenhuma estratégia a médio, longo prazo. São aliás sistematicamente anunciadas como sendo provisórias. Ora a consequência da não existência de um verdadeiro projecto europeu é que, em nome da defesa da Europa, alimentamos o crescente sentimento anti-europeu. Não é nem o primeiro nem provavelmente o último paradoxo da construção europeia. Mas é tanto mais grave que estamos a pôr em causa a própria retoma no espaço europeu.

 

Escusado será dizer que quanto mais pequena e frágil é a economia de um país mais as exigências são grandes. É difícil conter um sentimento de indignação perante desproporção da severidade das medidas exigidas a uns e a outros. Tanto mais que assistimos, impotentes, a uma escalada dessas exigências, já sob forma de chantagem, de tal forma violenta que só muito dificilmente não a podemos considerar como um assumido ataque ao estado social que fez a riqueza da Europa.

 

Voltemos ao início de 2010, às palavras de Vedrine “Où en sommes nous en 2009-2010? Non pas à l’évènement d’un “monde multipolaire” plus juste, plus harmonieux et forcément stable, mais au début d’une longue redistribution des cartes qui prendra la forme d’une bagarre ou en tout cas, d’une compétition multipolaire à rebondissements multiples et à l’issue incertaine.” Esta não é apenas uma crise económica. É uma crise de fim de sistema. São as premissas de uma nova organização mundial que tem de responder a desafios concretos e urgentes. O desafio da mundialização assim como o desafio ecológico são desafios económicos, sociais e políticos.

 

De tudo isto se falou quando foi preciso salvar o sistema financeiro. Mais nada sobre isto se ouviu quando se trata de salvar a Europa e economias nacionais.

 

O árido, incompreensível, tantas vezes imoral e deprimente discurso financeiro voltou a estar no centro de tudo. Ora perante o medo, a descrença, a crise existencial que agrava substancialmente a crise económica, pouco mais temos tido para dar do que gráficos, tabelas e percentagens. Se qualquer coisa não é mais aceitável é ver a sua vida sistematicamente reduzida a uma percentagem.

 

Em momentos como o que vivemos é necessário ser coerente no que se diz, ser claro no que se valoriza, ser intransigente na defesa do que se considera prioritário. Resumindo: é preciso um discurso político com propostas claras com as quais os cidadãos podem concordar ou não mas que dão confiança. Que mostram que há uma direcção que se quer seguir. Que há um projecto por construir. É preciso ser corajoso para recusar estas fatalidades impostas por quem não quer ninguém a controlar. Mas não isoladamente pois de nada serviria. Aqui e ali vão aparecendo umas vozes a defender o estado social, a social-democracia, o modelo europeu mas, rapidamente, são submergidas pela demagogia mais obscena tanto de esquerda como de direita. Afastam-se os pensadores, promovem-se os pregadores cuja coragem política se limita a exigir “gestos simbólicos” que curiosamente vão sempre todos no sentido de descredibilizar e fragilizar ainda mais a esfera política.

 

Em Portugal a vítima preferencial é o Parlamento e os deputados. Como se não vivêssemos em democracia e o poder ainda fosse uma entidade extra-sociedade, auto-nomeada e completamente desconectada da realidade nacional. A famosa câmara das corporações. Como se o tempo tivesse parado e não tivéssemos tido três eleições livres há menos de um ano. Se qualquer coisa pude constatar quando cheguei ao Parlamento é que a qualidade do parlamento e dos seus parlamentares é absolutamente equivalente à qualidade da sociedade e dos seus cidadãos. E, sejamos honestos, com vantagem percentual para o Parlamento. E quanto maior é o partido mais popular e representativo também é.

 

Face ao chorrilho de insanidades que se dizem sobre políticos e deputados, a recuperação sistemática de velhos fantasmas e medos bafientos, só podemos pedir coerência. Defendem uma democracia ateniense ou preferem mesmo o fim (suspensão…) da democracia?

 

Ou será que tudo isto apenas serve para entreter as massas e assim minimizar a importância de outros poderes que não o político?

 

Todos acabamos por participar voluntária ou involuntariamente neste triste espectáculo. Todos o lamentamos entre portas mas muito poucos o denunciam. Não vá isso valer um sétinha para baixo em qualquer jornal mais ou menos duvidoso.

 

A demagogia não é uma exclusividade lusa, mas o seu campo de aplicação é mais diversificado e, talvez ainda, um pouco mais envergonhada.

Em França, por exemplo, um ministro, sem noção do ridículo, permite-se anunciar com pompa e circunstância como grande gesto político para combater a crise, que vai substituir as flores naturais nos cocktails por flores artificiais. Espera-se que sejam fabricadas na China pois são as mais baratas.

 

Não é com discursos políticos pobres e envergonhados, nem com medidas simbólicas, nem com poupanças que estrangulam ainda mais as economias que se constrói um projecto europeu, que se impõem regras ao sistema financeiro, que se dá esperança e confiança às pessoas. Quanto ao pouco relevo que se dá a tudo o que seja um discurso mais sólido e mais politicamente ambicioso não sejamos paranóicos. Tentemos considerar que é mera coincidência e não recorrer à tão famigerada frase “yo no creo em brujas pêro que las hay, las hay”. Tenhamos esperança que neste violento ataque contra toda a ideia de Estado não haja qualquer intencionalidade mais perversa…E quando digo Estado digo poder politico face a um poder financeiro desabrido. Digo garante das liberdades fundamentais. Digo estado social, serviço público, educação, saúde e justiça. Digo solidariedade e complementaridade. Digo outra via que não seja esta permanente e doentia noção concorrência como regra exclusiva para a construção do bem-estar social. Digo social-democracia, a verdadeira!

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