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Coisas Estranhas

Neste vídeo podemos apreciar o fundador e editor da revista Skeptic Magazine em grande forma na conferência TED2010, que decorreu entre 9 e 13 de Fevereiro em Long Beach, Califórnia. Os videos estão disponíveis online na página da TED ou no canal Youtube da TED. Nesta conferência, o historiador e divulgador de ciência norte-americano abordou um tema que já desenvolvera na TED2006 e num livro traduzido em português e editado pela Replicação “Por que acreditam as pessoas em coisas estranhas?”. A resposta é simples: embora, estranhamente, alguns representantes das humanidades afirmem que a ciência não tem nada a ver com cultura nem com civilização, acredita-se nestes disparates por falta de uma cultura científica enraizada e generalizada.

22 comentários

Francisco 16.06.2010

Claro, muito bem! Não é tanto por aquilo em que as pessoas acreditam. É muito mais: "acredita-se [em] disparates por falta de uma cultura científica enraizada e generalizada". E porque o tempo de pensamento é limitado. É também por isso que alguns argumentos e acções são tomados com estranheza, partem do principio que as crenças são baseadas em lógica correcta quando na verdade são baseadas na lógica de pessoas a quem se tem que fazer chegar "uma cultura científica enraizada e generalizada".
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Marcelo do Souto Alves 16.06.2010

Quem ainda acredita cândidamente que a Ciência nada tem a ver com Cultura, é quem muito se espanta com a divina proximidade entre a Música e a Matemática, ou que se atormenta com a iliteracia, mas nem sequer sabe da existência da inumeracia. Nem sonha...
José Viegas 16.06.2010

divina por quê?
Marcelo do Souto Alves 16.06.2010

"Por quê" porquê? E o que espera de uma resposta a uma pergunta como essa? Num sítio como este? Se gosta um pouco de Música e conhece Matemática a um nível mais do que elementar, comece por ouvir Bach e prepare-se para ir aprendendo (e saboreando) a resposta ao longo do tempo...
José Viegas 16.06.2010

Era para saber se está a usar o termo em sentido literal. Só isso. Pela sua resposta parece que não.
Marcelo do Souto Alves 17.06.2010

Confesso que me tinha parecido isso mesmo, antes de ler esta sua resposta a confirmá-lo, mas já depois de lhe ter, precipitadamente, respondido (sabe que, perante a velocidade "disto", até parece que somos de compreensão lenta...). De facto não era em sentido literal, nem poderia ser nunca, porque sou agnóstico. Mas se quiser interpretar assim, pois também não vou argumentar em contrário, por nada ter como certo nesse domínio...
LM r 16.06.2010

A proliferação dos livros de divulgação científica tem destes efeitos secundários: lê-se um tomo do senhor Hfostadter e julgamo-nos senhores de uma qualquer sapiência transcendente. Já reparou que este seu comentário não encerra qualquer significado? (http://en.wikipedia.org/wiki/Douglas_Hofstadter)

ja sei que nao vale a pena, mas... 16.06.2010

ina, hoje sinto-me importante, a palmira até se deu ao trabalho de me fazer um post :) é que pelo menos só eu é que identifiquei a minha área de trabalho
(mas, pssst, olhe que a história é mais ciências humanas do que humanidades)

vamos lá a ver devagarinho:

1º a palmira associa civilização a respeito pelos direitos humanos e liberdades individuais. até aqui, tudo certo.

2º a palmira associa esse conceito de civilização a avanços tecnológicos, pressupondo que o facto de haver evoluções tecnológicas implica um comportamento mais civilizado nos termos de 1). e ISTO é que é errado.

3º querer fazer transitar uma perspectiva evolucionista para o campo dos comportamentos e atitudes humanas, como se os amanhãs que cantam trouxessem sempre e invariavelmente homens melhores do que os de ontem é falacioso. não somos nem mais nem menos selvagens e capazes de barbárie do que os homens de 3000 antes de cristo.

4º não quer isto dizer que a evolução tecnológica seja nefasta, tal como não é positiva. como todos os objectos criados, tudo depende do uso humano e de como um grupo ou sociedade os quer interpretar e usar.

5º não estou com vontade nenhuma de guerrinhas à moda da queima das fitas entre áreas do saber. simplesmente admito a minha ignorância em química e por isso mesmo não me manifesto sobre o assunto com tiradas pretensamente sapienciais sobre o tema. é curioso que seja tido como "anti-tecnológica" uma pessoa que recorda que a barbárie humana é independente da tecnologia de que se dispõe e do tempo histórico em que se está, mas que não se seja tido como "pró-positivista" se disser que é a tecnologia que faz o homem bom (?).

6º como se concedeu à liberdade de tentar, no último parágrafo, tecer considerações condescendentes sobre a (in)cultura científica de quem se opõe a si, um segredo: eu sei (porque a palmira o diz) que é professora de química. mas também pelo que diz, vejo que é ignorante em praticamente tudo o resto (sobretudo quando toca em ética, história do pensamento e das religiões). por isso, não se preocupe:

acredita-se nestes disparates por falta de uma cultura histórica enraizada e generalizada.
Palmira F. Silva 16.06.2010

Uau! fantástico :) deixa-se uma caixa de comentários ao abandono o dia todo e é no que dá :))

então vamos lá devagarinho embora já saiba que não vale a pena porque o caro comentador está tão certo dos seus pré-conceitos que se recusa a ler sequer o que os outros escrevem.

Repito o que escrevi na outra caixa de comentários depois de o caro ter dito que por acaso civilização, cultura whatever até é completamente distinto de ciência e tecnologia :

«uh? o caro considera que ciência e tecnologia não tem nada a ver com civilização e cultura??!!! Pensava eu na minha ignorãncia que civilização advinha do latim civita que designava cidade e civile (civil) o seu habitante e que designava assim um agrupamento humano caracterizado por determinadas características sociais, científicas, tecnológicas, políticas, económicas, artísticas, etc.. Mas prontus, já percebi que para alguns representantes das humanidades C&T é uma excrescência que não tem nada a ver com civilização ou cultura, sigh»
Palmira F. Silva 16.06.2010

Continuando devagarinho a ver se o caro percebe de uma vez por todas que esta estória já maça, vamos lá aos seus pontos:

1º a palmira associa civilização a respeito pelos direitos humanos e liberdades individuais. até aqui, tudo certo.

Passou-se certamente ou então projectou em mim o que pensa porque nunca me viu dizer nada disso. Aliás, acho muito bizarro que um historiador associe civilização a respeito pelos direitos humanos. Fico na dúvida como se refere à civilização assíria... incivilização assíria?
Palmira F. Silva 16.06.2010

2º a palmira associa esse conceito de civilização a avanços tecnológicos, pressupondo que o facto de haver evoluções tecnológicas implica um comportamento mais civilizado nos termos de 1). e ISTO é que é errado.

Uh? Onde é que foi buscar essa? Há de facto evolução civilizacional/cultural que, como é óbvio, é indissociável da evolução científica/tecnológica porque ciência e tecnologia são parte integrante da nossa civilização e náo, como o caro parece pensar, uma excrescência completamente desintegrada da "civilização".

Olhando para o andamento geral, de facto o respeito pelos direitos humanos tem evoluído de forma paralela à evolução tecnológica/científca mas é óbvio que é apenas a big picture. Penso que seja incontestável que, em média , estamos francamente melhor no século XXI em termos de respeito dos direitos humanos que em algum outro século da História.
Palmira F. Silva 16.06.2010

3º não somos nem mais nem menos selvagens e capazes de barbárie do que os homens de 3000 antes de cristo.

Não sei muito bem o que pretende com esta dos selvagens, se é mesmo "Diz-se do homem ou do povo que vive sem mais noções sociais do que as que o instinto lhe sugere." Porque estes selvagens, os tais instintivos, têm a ver com disfunções biológicas que se traduzem em disfunções comportamentais; o homem é, por questões evolutivas (biológicas) um animal social ou seja, nunca tive dúvidas de que somos tão animais sociais hoje como sempre, mas as sociedades evoluem e nós com elas.

Ou antes, como escrevi há uns meses:

«Claro que, no nosso caso, a evolução cultural pode ser tão importante quanto a genética na evolução do altruísmo/moral. Ou antes, são interdependentes porque o nosso desenvolvimento social e cultural evoluiu a par e passo com o nosso genoma. Por outro lado, muitos dos mecanismos emocionais em que assenta o nosso sistema moral podem ter sido seleccionados ao longo de nossa evolução como primatas sociais. Novas exigências sociais exerceram pressão evolutiva que levou ao aparecimento do que normalmente chamamos moral.»
Palmira F. Silva 16.06.2010

4º não quer isto dizer que a evolução tecnológica seja nefasta, tal como não é positiva. como todos os objectos criados, tudo depende do uso humano e de como um grupo ou sociedade os quer interpretar e usar.

Ufa, deixou-me mais sossegada com essa de a evolução tecnológica não ser nefasta. Já estava a ver que tinha mais um neo-ludita para me entreter :) assim é só um bocadinho para o primitivista assim a tender outro bocadinho para o lapaliciano
Palmira F. Silva 16.06.2010

5º não estou com vontade nenhuma de guerrinhas à moda da queima das fitas entre áreas do saber.

Ah, claro, aqui a má sou eu com esta pretensaõ arrogante de que ciência tb é cultura, sigh...
Palmira F. Silva 16.06.2010

6º como se concedeu à liberdade de tentar, no último parágrafo, tecer considerações condescendentes sobre a (in)cultura científica de quem se opõe a si, um segredo: eu sei (porque a palmira o diz) que é professora de química. mas também pelo que diz, vejo que é ignorante em praticamente tudo o resto (sobretudo quando toca em ética, história do pensamento e das religiões). por isso, não se preocupe:

uau, o seu ego não está certamente a precisar de lustro :) mas vamos lá a ver, eu estava só a dizer que, contrariamente ao que o caro pretende, ciência é parte integrante da nossa civilização, da nossa cultura muito tecnológica, e que a ignorãncia científica que alguns fazem questão de alardear como se fosse uma distinção tem consequências como as que Shermer ilustra na sua palestra.

LM r 16.06.2010

A bem da verdade, não se lê ninguém a escrever que "a ciência não tem nada a ver com a cultura", apenas tentativas suas de pôr essas palavras em teclas alheios. E podemos não acreditar em disparate tendo em vista apenas ferramentas como a navalha de Occam; não me parece obrigatório recorrer à Ciência para ver como ridículas algumas crenças.

(1968716.html) (1968716.html)
nuvens de fumo 16.06.2010

E podemos não acreditar em disparate tendo em vista apenas ferramentas como a navalha de Occam;

A navalha de Occam ajuda a distinguir a treta como ?

é que assim de repente ...
LM r 16.06.2010

Brinca, certo?

Virgem Maria a planar sobre as oliveiras ou embuste/confsão das criancinhas?
Marcianos em visita ou fenómenos meteorológicos mal interpretados?
Cientologia: invenção grotesca ou narração verosímil?

Quais as explicações mais simples?
LM r 16.06.2010

É que a heurística não precisa de aceleradores de partículas para funcionar.
Palmira F. Silva 16.06.2010

De Palmira F. Silva a 15 de Junho de 2010 às 07:47

Meu caro:

Não leu o post que eu linkei, pois não? Ou pelo menos não o percebeu. O que não é de espantar depois destes comentários todos de quem pensa que civilização, cultura whatever é completamente distinto da ciência e tecnologia...

responder a comentário | início da discussão | discussão

De ja sei que nao vale a pena, mas... a 15 de Junho de 2010 às 09:40
Por acaso até é.

Marcelo do Souto Alves 17.06.2010

Para simplificar, com rigor científico e cultural: Cultura não é só nem principalmente Ciência, mas também. Cultura não é Civilização, mas o oposto é verdadeiro. Cultura contém cultura geral, contém cultura popular e erudita, contém até cultura "enciclopédica", mas está contida em Sabedoria. E Saber científico, ou humanístico, ou literário, ou artístico em geral, só por si não é equivalente a Cultura. Digo eu, que me considero a meio caminho entre o culto e o inculto, mas que acima de tudo ambicionaria ser Sábio.
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