beijo-te os pés, daniel
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'no hamlet, há uma parte de que gosto imenso: o hamlet vai ao cemitério e o coveiro está a abrir a cova que vai ser para a ofélia e saem duas ou três caveiras, uma delas do yorick. que é o bobo da corte, que tinha andado com o hamlet às cavalitas. se era só um confronto com alguém de quem o hamlet gostasse muito, aquela caveira poderia ser de uma ama ou de um tio -- já que os pais não lhe ligavam grande coisa, pelos vistos. mas o shakespeare escolhe o bobo da corte e eu acho que não é por acaso. a última coisa que ele diz à caveira é: 'diz as coisas que tu dizias antes, que faziam rir uma mesa inteira. vai ter com a minha senhora e diz-lhe que, por muita maquilhagem que ponha na cara, vai acabar por ficar como tu estás agora. fá-la rir disso.' isso é a minha epígrafe. acho que o nosso trabalho é justamente esse: fazer as pessoas rirem-se da morte. no fundo, cada gargalhada que a gente dá é uma gargalhada contra a morte. isso acho espantoso.' ser ou não ser ricardo araújo pereira. no p2, hoje.
a propósito desta indignação aqui (e de outras gémeas, isto propaga-se como um incêndio num campo de células cinzentas ressequidas), e tendo já dito o que me aprouve dizer na respectiva caixa de comentários, acrescento apenas esta singela notícia. e umas contitazitas: 20 milhões de euros por ano a 650 euros cada aborto (por acaso um bocadinhozito mais que aquilo que eles efectivamente custam -- os preços-referência do sns variam entre 375 e 475 euros, conforme se trate de aborto químico ou cirúrgico -- mas quem é que repara nestas coisas) dá só mais de 30 mil abortos/ano. escuso de lembrar que a estimativa da 'plataforma do não' (que, como o nome indica, era a confederação dos movimentos do não) se situava num intervalo entre 20 e 30 milhões de euros. como dizia o outro, é fazer as contas e concluir que eles esperavam/anunciavam/proclamavam/garantiam mais de 30 mil abortos por ano. assim, se fosse aos 'indignados' (onde estariam eles quando o economista antónio borges fez estas estimativas, que não lhe perguntaram em que se baseava?) metia a violita no saco mais fundo que tiverem lá por casa. mas isto sou eu a achar que isto é gente com vergonha na cara -- silly me.
'Tem o rigor táctico da morte - não se fala, os cheiros são memórias - e serve um ritmo perdido: houve um tempo em que fazíamos coisas com essas pessoas' (odi et amo, de fnv)
passagem: significa, por exemplo, acto ou efeito de passar; ou/e lugar por onde se passa; ou/e preço que paga quem transita por certos lugares; ou/e ponteado que se faz para unir uma peça rasgada ou tapar um buraco; ou/e frase ou trecho de um texto ou obra literária; ou/e lance; ou/e caso; ou/e acontecimento; ou/e conjuntura; ou/e transição de um tom para outro; ou/e lançamento da bola a um companheiro da mesma equipa para a furtar ao ataque do adversário. quando se coloca antes um 'de', como em 'de passagem', significa 'por alto; de leve; sem demora'. é um substantivo feminino. it works both ways, though.
acontecem destas coisas.
esta também é boa: até parece cá, tirando a cena do vinho.
donde menos esperaríamos vem o bom exemplo.
- ele é fraquito, não é um potemkin como nós. - sim, mas fica sabendo, e não é para nos gabar, nós é que somos as anormais.
lugar: hoje, marquês de pombal, quiosque no cimo da rodrigues sampaio. hora: três e tal da tarde. propósito: comprar a time out, essa revista maravilhosa e indispensável feita por pessoas maravilhosas e indispensáveis para pessoas maravilhosas e indispensáveis (over the top, i know, mas tenho algumas das minhas pessoas preferidas naquela redacção, so, humour me). momento maravilhoso e indispensável: o homem já sabe o que quero e estende-me a t.o. enquanto ao meu lado uma senhora segura uma caras/flash/lux-vip-whatever de letizia ortiz na capa e diz, 'estou muito preocupada com esta princesa. ela tem qualquer coisa'. o homem do quiosque responde: 'assim anorexia ou bulimia? se calhar não. sabe, a vida dela não é fácil. as pessoas pensam que sim, mas não deve ser fácil'.
Rogério da Costa Pereira
Rui Herbon
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