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Feismo

Sobre o assunto dos texto abaixos há algo que me mexeu com as vísceras (tenho momentos de esteta, ok?) e, ao ver as construções de que se fala, fazia todo o sentido referir a existência do Feismo, corrente "arquitectónica" devidamente discutida neste site que esmiuça o fenómeno na Galiza: «el "feísmo arquitectónico, urbanístico o paisajístico" se entiende como todas aquellas construcciones o obras humanas que degradan de algún modo su entorno.»

O país dos cobras brancas

Cá vamos nós outra vez. Primeiro a novela do canudo, agora a soap opera dos projectos. O Público acaba de lançar mais uma brilhante, produtiva e inovadora investigação sobre o passado tenebroso do Primeiro Ministro. Agora, esgravatando nos processos da Câmara Municipal da Guarda, fizeram a chocante descoberta de que o engenheiro assinou projectos alegadamente da autoria de outros técnicos. Há lindas casinhas pintadas de verde-alface e moradias de varanda e duas águas. Só na edição em papel estão 8 fotos de outros tantos exemplos de casas de autoria e gosto duvidosos. Agora irá discutir-se devidamente o caso e a prática, se é legal e se deveria ser criminalizada, possivelmente com retroactivos até 1980, porque a justiça neste país tarda mas não falha. Ocupar horas de prime time nos noticiários televisivos e radiofónicos, comentários, piadas, análises e, sobretudo, aquela palavrinha horrenda muito em voga, "leituras". Haverá Marcelos e Vitorinos a fazer as suas leituras da questão. Cá vamos nós outra vez. Quase que me apetece desejar que José Sócrates tenha cometido um crime grave de corrupção, com provas visíveis e inequívocas, algures no seu passado. Que tenha cometido o crime e tenha que falsificado, pressionado e ameaçado toda a gente em seu redor. Era da maneira que se discutia a sério o problema e que se faria algo para acabar com a impunidade endémica.

Cá vamos nós outra vez. Não me recordo de ter assistido a esta sanha persecutória a Cavaco Silva, António Guterres, Durão Barroso ou Santana Lopes. Mas eram outros tempos, os tempos ingratos da promiscuidade entre o público e o privado, da corrupção galopante e da impunidade geral. Hoje, como se sabe, os tempos mudaram, tudo isso acabou e os alertas do bastionário da Ordem dos Advogados são apenas rezingas de um velho chato. A corrupção já nos entrou de tal maneira nas veias que já estamos todos impregnados de anti-corpos que impedem a reacção. Agora o que o PM fez há 20 anos, isso não, isso nunca se esquece. Cá vamos nós outra vez. A bem do anedotário nacional, que é o nosso mais importante património a preservar e a desenvolver. Já antevejo as dezenas de emails com piadas a casas socráticas que me hão-de aterrar na caixa de correio. O país agradece ao Público, uma vez mais, a contribuição para a nossa herança cultural e a convergência, não europeia, mas nacional, com a bitola Correio da Manhã, 24 Horas e outros exemplos de profissionalismo e brio jornalístico. Cá vamos nós outra vez. A nação aguarda, expectante, os próximos capítulos: se o PM passava à frente na bicha da cantina quando era estudante, se se escapuliu alguma vez a uma qualquer multa de trânsito amnistiada por ocasião de uma visita papal, se terá fumado um charro numa festa de finalistas, se pegou uma gripe aos colegas quando, uma vez, espirrou inedvertidamente ou se estacionou a sua viatura em cima de um passeio quando era deputado. Tudo problemas reais, tudo questões prioritárias. O país exige a verdade. O Público não o faz por menos.

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