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Pergunta: "Escreve num jornal onde há uma cruzada declarada contra José Sócrates?" Resposta: "Sim, com que eu na maioria dos casos estou de acordo." As frases entre aspas fazem parte de uma entrevista a José Pacheco Pereira conduzida por João Céu e Silva e publicada esta semana no DN. O entrevistado escreve e opina em muitos meios - e sobre um deles, o seu blogue Abrupto, diz na mesma entrevista que lhe dá "mais poder" que "uma secretaria de Estado" - mas o único jornal da sua carteira pessoal de intervenções é o diário Público. Assim, ficamos a saber que Pacheco Pereira não só admite existir "uma cruzada declarada contra José Sócrates" por parte do Público, como está "na maioria dos casos de acordo". Este, não haja confusões, é o mesmo Pacheco Pereira que escreveu uma inteira e indignada coluna no mesmíssimo Público sobre a forma como a sua candidata à liderança do PSD, Manuela Ferreira Leite, foi enquadrada na entrevista que deu a Judite de Sousa na RTP, sustentando a tese de que ela, ao contrário do que se passou com os outros candidatos, fora sempre filmada em grande plano com o intuito de, subliminarmente, lhe causar dano (para mostrar a idade, as rugas, etc.). É o mesmo Pacheco Pereira que dia sim dia sim se insurge contra "a governamentalização da RTP", o mesmo Pacheco Pereira que está sempre vigilante em relação a qualquer coisa que possa parecer-lhe, em qualquer meio de comunicação social, favorável ao Governo em funções - ou não suficientemente desfavorável? - e que quando o Público lançou dúvidas sobre o currículo académico do primeiro- -ministro vergastou os órgãos de comunicação social que não seguiram logo "a pista" (ou seja, na linguagem de Pacheco Pereira, "a cruzada").
O mesmo Pacheco Pereira que, comentador na SIC Notícias, colunista na Sábado e no Público e de um modo geral ouvido por tudo e todos sobre todos e tudo, fala de "silenciamento das opiniões contrárias", insinuando a existência de uma conspiração para calar os que, como ele, "não se calam", o mesmo Pacheco Pereira que quando o seu blogue foi alvo do ataque de um hacker divisava já no facto uma perseguição política. O mesmo Pacheco Pereira que passa a vida a arremeter contra "o jornalismo de causas" que, não se cansa de repetir, "não é jornalismo". É este Pacheco Pereira, o impoluto defensor do jornalismo "imparcial" e "objectivo", que afinal alinha em "cruzadas declaradas" por jornais - e, fazendo-lhe a justiça de não o considerar néscio nem sequer distraído, não se coloca a hipótese de ele ignorar que "cruzada" equivale, em qualquer dicionário, a guerra santa, assim a modos que o contrário de imparcialidade e busca da verdade. Parece no entanto que a afirmação passou sem grandes comentários ou ondas. No Público, não houve, até ver, desmentidos nem respostas àquele que foi, muito recentemente, seu director por um dia. O Conselho de Redacção do jornal não reagiu nem se ouviram pedidos de apreciação/intervenção por parte da Entidade Reguladora. Deve ser pois pacífico: o Público, cujo director não se coíbe de escrever sobre as "agendas políticas" de outros jornalistas e ministrar pretensas lições de deontologia, faz cruzadas declaradas contra pessoas. E um dos intelectuais mais reputados do regime, o tal que abjura "o jornalismo de causas", aprova. Peço que me perdoem, mas a falta de vergonha às vezes ainda me espanta. Coisas de jornalista. publicado hoje no DN (a Fernanda está com uns problemas técnicos daí este texto aparecer publicado por mim)
Logo pela manhã, alguém me garantia que a anunciada comunicação do nosso PR ao país só podia ser por causa dos Açores. Assunto menor, retorqui, não acredito. Confirmada a profecia, e quando reflecti para além do conteúdo estrito da mesma, não fiquei a achar que a montanha tivesse parido um rato, como logo se apressaram a ditar as esquerdas pensantes - aqui no blog de imediato ilustradas pelo Rainha, cego pela pouca conta em que tem o homem. Tratava-se de um claro aviso à navegação, obviamente. Não se ocupem só de rever as inconstitucionalidades ditadas pelo TC, que, a ser assim, o veto político vem a caminho, avisou Cavaco. De resto, logo um senhor do PS Açores, mas que falava mandatado pelo PS nacional, veio confirmar a minha impressão. Modificariam o que o TC tinha anotado, mas o resto seria naturalmente reiterado. E que viesse o veto político, lia-se nas entrelinhas. Foi, ninguém o duvide, o fim do ciclo da aparente cooperação entre o PR e o PS. O Sócrates que se prepare, que o disco virou mas não vai continuar a tocar a melodia que tão bem lhe soava. Este primeiro mandato do actual PR vai dividir-se entre o antes e o pós 31 de Julho de 2008. E o mesmo é válido para o do Governo. Ano político interessante, o que se avizinha pós-banhos. Em suma, a indesmentível pouca importância do tema é precisamente a revelação da grande importância política da comunicação. Tratou-se, pois, de uma clara viragem, e só um ingénuo pode ficar atido à enfezada árvore, esquecendo a floresta - a forma, o cirúrgico momento escolhido (último dia do ano que interessa) e o decisivo recado político.
Rogério da Costa Pereira
Rui Herbon
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Cara Fernanda Câncio, boa tarde.Poderia ter a gent...
So em Portugal para condenarem um artista por uma ...
Gostava que parasses de ter opinião pública porque...
Inadmissível a mensagem do vídeo. Retrocedeu na hi...