Tropa: quando ouvi Loureiro dos Santos dizer, numa TV, que temia revoltas militares devido à insatisfação no sector, comentei aqui em casa que ele estava a incitar à revolta ao mesmo tempo que dizia não estar a fazê-lo. Tinha razão, e felizmente mais gente se apercebeu do facto. Ter acesso a armas - ou acesso privilegiado a quem tem acesso a armas - é um poder tão grande e tão especial que deve ser usado com extrema responsabilidade. Ninguém faz nada a este Loureiro dos Santos? E ao Vasco Gonçalves (ai, Lourenço) que o secundou? Muito civilizados, mas se for preciso apontar-nos uma arma…
Direita: Ferreira Leite diz que as obras públicas só diminuirão o desemprego de ucranianos e caboverdianos, não de portugueses. Uma líder de um partido do arco do governo diz isto e, neste caso e ao contrário do anterior, ninguém grita?. Pior ainda é ter que explicar a alguém (e desde logo à Sôdonamanela) porque é que são graves estas declarações. Muito civilizad@s, mas se for preciso escolher entre os “nossos” e os “outros"…
Capital: Não sou fanático da suposta pureza da paisagem ribeirinha de Lisboa e até tenho fascínio por guindastes, barcos e contentores (estivadores nem tanto, sorry por desiludir expectativas…). Mas sou fanático da transparência e da honestidade políticas. No caso da expansão do porto de Lisboa, a CML não tugiu nem mugiu, o governo (n)idem, não houve concurso e faltam as explicações sobre a necessidade da obra ou sobre as alternativas. Muito civilizados, mas se o objectivo for o lucro…
Igreja (Católica): Ratzinger está-se nas tintas para aquela história do celibato. Admite sem problemas candidatos a padres que demonstrem uma arreigada heterossexualidade, mas não admite os que demonstrem uma arreigada homossexualidade. Absolutamente omissa é a questão de procurar o que interessa: os candidatos - e os já “admitidos” - que demonstrem ter praticado abuso sexual de menores. Muito civilizados, mas quando se trata da “paneleiragem”…
Lumpen: mas a santa aliança tropa / direita / capital / igreja (católica) nunca fica completa sem os bobos da reaccionária corte que, no caso, costumam navegar no universo lumpen. Nem de propósito, o PNR oferece a figura de um dos seus membros como dono de bordéis (o outro é prof. de colégio da Opus, como se sabe toda uma outra coisa), activo no negócio da imigração clandestina. Deve ter adorado a tropa, é de direita (e certamente não gosta de ucranianos e caboverdianos), faz dinheiro sem olhar a meios e quase apostaria que é da igreja ratzingueriana. (stereo)
É meu privilégio anunciar o regresso de Nuno Costa Santos na pele do alter-rego Melancómico, uma criação condenada às contradições do sucesso - como Cobain, Houellebecq e qualquer gangsta rapper que vingou -, pois em breve a cadeia Lidl perceberá a fatia de mercado que pode explorar ao fazer da silhueta do Melancómico de sacos de plástico Lidl na mão o grande ícone publicitário do século, isto é, uma imagem capaz de preencher o hiato deixado pela decadência do homem da Regisconta.
O Banco Português de Negócios (BPN) fez um aumento de capital de 80 milhões de euros, integralmente subscrito pelo seu accionista Sociedade Lusa de Negócios (SLN). A operação, feita muito recentemente, passou pela emissão de 76 milhões de novas acções, a 5 euros cada. O capital do BPN subiu para os 380 milhões de euros.
Este reforço acontece cerca de um mês depois de Miguel Cadilhe, presidente da SLN, ter anunciado, em conferência de imprensa, a sua intenção de proceder a um reforço do capital do BPN, a fazer ainda este ano.
Contactado o grupo, fonte oficial explicou que esta injecção de capital no banco resultou do encaixe obtido com o aumento de capital, de 300 milhões de euros (Operação Cabaz), feito recentemente pela SLN.
Este reforço de 80 milhões é, por isso, independente da operação de financiamento do BPN e dispersão por accionistas de referência de até 45% do capital anunciada em Setembro por Cadilhe. Esse processo está a ser liderado pelo banco de investimento Morgan Stanley. A operação, a designar por ‘BPN 100%’, será destinada, numa primeira fase, a clientes, colaboradores e accionistas da SLN e, numa segunda, a accionistas de referência, explicou então a equipa de Cadilhe. A operação está prevista para 2008.
O Diário Económico questionou o grupo no sentido de perceber a razão destas duas operações de reforço num tão curto espaço de tempo mas não obteve resposta até ao fecho da edição. “O conselho de administração da SLN decidiu que uma parte substancial da Operação Cabaz seria canalizada para aumentar o capital do BPN”, explicou, no entanto, fonte oficial da SLN.
Uma das recomendações feitas no início deste ano, pelo Banco de Portugal apontava precisamente para a necessidade de serem repostos os rácios de capital e solvabilidade do BPN. Indicadores que se poderão ter entretanto deteriorado ainda mais com o agravar, desde então, da crise financeira."
Na conferência de imprensa com Teixeira dos Santos e Vítor Constâncio, a propósito da nacionalização do BPN, e no mesmo dia em que foram anunciados alguns mecanismos de apoio à solidez financeira da banca, uma jornalista (não apanhei o nome nem o órgão de comunicação social) perguntou ao Ministro das Finanças quando e como é que se vai iniciar o plano de regularização das dívidas do Estado.
* juro que este vai sem ironias - é que tem mesmo tudo a ver, e o Ministro até respondeu. Já agora, alguém me consegue explicar qual a razão de nacionalizar uma coisa que parecia ter o destino traçado há muito? Aliás, um dos jornalistas presentes, este da Visão, fez referência a uma capa alusiva que, ao que parece, data de 2001. Esta vai mesmo ter que ser muito bem explicadinha.
Em tempo: afinal, a conferência de imprensa abarcava ambos os temas, o que, politicamente, faz todo o sentido. Chama-se tapar o sol com a peneira.
Toda a gente contava com uma bomba que alterasse o rumo das eleições norte-americanas - um atentado terrorista, um assassinato, a captura de Osama, o apoio de Osama a Obama. Mas ninguém contava com algo desta magnitude. Acabou-se, ainda não será desta, caramba - esperemos que pelo menos o Hamilton ganhe na Formula 1.
os militares ameaçam golpes de estado, o governo nacionaliza bancos. só falta sair à rua e os homens andarem de plataformas, calças à boca de sino a delinear as ancas e a matéria pudibunda, cabelo comprido, bigode farfalhudo e blusões de golas daqui até à lua (que eu colecciono, by the way). isto anda tudo muito esquisito.
as imagens do jantar dos militares ontem, com declarações de vasco lourenço sobre a hipótese de um golpe de estado (a secundar loureiro dos santos) deixaram-me até agora de boca aberta. temo que o uso continuado da farda em algumas pessoas tenha consequências a nível da patologia cerebral. mas, sobretudo, não consigo imaginar esta conversa a ter lugar, por exemplo, nos eua ou em frança. os militares acham que estão mal pagos ou lá o que é, e ameaçam com golpes de estado? mas esta gente acha que está onde, nas honduras? alguém que diga a estes heróis do 25 de abril que este tipo de declarações, além do mais, nos faz suspeitar que os motivos do dito podem ter tido afinal, para muitos dos que o fizeram, mais a ver com os seus interesses pessoais e corporativos que com uma abnegada vontade de libertar o país.
acordei a ouvir a entrevista de manuela ferreira leite na tsf. ainda estou deprimida. ao fim de quatro meses e tal à frente do psd, a líder não consegue responder a uma pergunta sem hesitar e meter os pés pelas mãos. está em desacordo com o seu vice-presidente rui rio em relação ao tgv entre o porto e vigo? resposta: 'não sei se estou em desacordo'. pergunta: mas não falou com ele? 'claro que falei com ele'. as vezes que manuela ferreira leite iniciou respostas com 'não sei' -- não sei se sou a favor do tgv lisboa-madrid' (vindo de uma ministra das finanças de um governo que aprovou essa linha e mais umas tantas) não sei isto, não sei aquilo, é todo um tratado psicanalítico. e nem é preciso entrar nos casos patéticos da entrevista, como a alusão aos ucranianos e cabo-verdianos, ou a justificação da oposição à nova lei do divórcio ('porque desestrutura a família e isso tem consequências sociais a nível da criminalidade, toxicodependência', e mais não sei o quê) para concluir que estamos perante alguém não só sem pensamento político estruturado como sem capacidade discursiva básica -- a capacidade discursiva, por exemplo, de um pedro santana lopes, que é o que é mas tem pelo menos a esperteza de conseguir dizer uma frase seguida. começa a dar dó.