A ideia de que as empresas que têm lucro não deveriam poder despedir é mais um daqueles absurdos em que o Bloco de Esquerda é pródigo.
De modo que à pergunta do José Castro Caldas: "Quem é capaz de discordar?", respondo sem hesitação que discordo eu.
Pensem primeiro, se estiverem para aí virados, o que entendem exactamente por uma empresa ter lucro? Que teve lucro no ano passado? Que teve lucro no trimestre passado? Que teve lucro no mês passado?
«Entre Portugal e Espanha:
a luta em prol da memória histórica»
Com a participação das historiadoras
Irene Pimentel Joana Lopes
Associação O Bacalhoeiro (R. dos Bacalhoeiros, 125, junto à Casa dos Bicos - Lisboa)
25 de Fevereiro | 22h
Em torno do artigo «A luta em prol da memória republicana espanhola»,
de Jean Ortiz, publicado no número de Fevereiro
do Le Monde diplomatique - edição portuguesa (ver excerto abaixo).
Ontem ouvi Maria José Nogueira Pinto dizer que a crise económica e social, nomeadamente o desemprego, é a maior preocupação dos portugueses. O seu oponente no programa televisivo, um socialista cujo nome esqueci, concordava com ela. Como concorda grande parte da esquerda e da classe política em geral.E como concordo eu. Se há causa fracturante e sempre prioritária neste país é essa - a fractura de classe, a fractura da desigualdade. Agora agravada. Bem diferente é saltar dessa constatação para a conclusão de que as outras questões (you know what I mean…) não são prioritárias e vêm introduzir uma fractura no supostamente desejável consenso para ultrapassar a crise. Desde logo porque esse “consenso” escamoteia as verdadeiras contradições na base da crise e da desigualdade (antes e para lá da crise). E porque todos os dias são tomadas dezenas de medidas legislativas, nunca acusadas de fracturantes ou de pouco prioritárias. O problema está, é óbvio, no horror que causa a certas mentes a questão do casamento. Para o exorcizar, tudo vale. Até a obscenidade de manipular a desigualdade económica e social a que nunca ligaram peva e da qual os seus privilégios dependem.
PS: quando eu estava no Bloco, havia na Mesa Nacional dois sindicalistas, António Chora (Auto Europa) e Manuel Graça (da indústria dos calçados), que faziam sempre questão de apoiar as minhas posições sobre questões LGBT, nomeadamente o casamento. Eles sabiam do que falavam, enquanto operários, e não deliravam sobre prioridades e fracturas. Pessoas decentes, em suma.
Corria o ano de 2004 quando uns zelosos agentes da PSP de Viseu resolveram dar ouvidos a várias queixas e se dirigiram a uma livraria da cidade que exibia na sua montra o livro supra e "Com a maior correcção, explicaram-me que Viseu é uma cidade muito especial e que aquele livro não ficava bem na montra". Não ficar bem é um argumento de peso a ser usado por agentes da autoridade e abre um sem número de possibilidades para qualquer um de nós pôr em prática os seus direitos de cidadania. Não ficam bem calças de cintura descaída a quem tem uma barriguinha proeminente, ou meias brancas com quase nada, ou camisas abertas mostrando peitorais peludos... e podia continuar mas parece-me que já perceberam quão fácil se torna entupir as esquadras de polícia que, juntamente com o Ministério Público, parecem andar tão carecidas de bom senso.
Ah! que Alvarez Rabo tenha escolhido como sub-título "Um ensaio sexual" entendo, já que a carga irónica do pequeno livro é evidente, que o autor da peça do Público que refere o caso use a mesma expressão é que me faz alguma confusão.
P.S. - Façam a vós mesmos o favor de passar os olhos no DL de 1976 que o Jaime Roriz deixou na caixa de comentários de um post mais abaixo a propósito deste tema. Linguagens fortemente datadas são um colírio para a boa disposição.
1) "O casamento" é um tema relevante para a democracia.
2) Sou uma voz, não um porta-voz.
3) Por que carga de água se pensa que uma coisa exclui a outra? E é assim tão difícil perceber como a primeira pode ajudar a combater a segunda, sendo ainda mais fácil de implementar?
uma jovem vai uma bela noite a casa de dois homens que, aparentemente, não conhecia. a dada altura, mata-os com 57 facadas e tenta pegar fogo à casa, saindo com os pertences mais valiosos dos dois dentro de uma mala. passados 2 anos, um júri absolve-a com base na sua defesa: medo de ser violada.
está-se mesmo a ver, não está? pois, mas espreitem isto.
Lemos há duas semanas nos jornais que a Teixeira Duarte se encontra tecnicamente falida. Por outras palavras, os seus activos não são suficientes para saldar as dívidas contraídas.
O valor de uma empresa nesta situação é zero, para não dizer que é negativo.
Como se justifica então que a Teixeira Duarte continue cotada em Bolsa? Que alto critério justifica que a CMVM autorize esta situação altamente irregular? Quem decidiu fazer este frete à Teixeira Duarte, e por quê?
E, a finalizar, por que é que, mais uma vez, os media não fazem perguntas sobre este estranho caso?
"A PSP de Braga apreendeu hoje numa feira de livros de saldo alguns exemplares de um livro sobre pintura. A polícia considerou que o quadro do pintor Gustave Courbet, reproduzido nas capas dos exemplares, era pornográfico, adiantou uma fonte da empresa livreira." Público
As estatísticas do INE asseguram-nos que o desemprego estagnou no último trimestre de 2008, mas quem escuta as notícias do encerramento de fábricas e vê nas ruas a quantidade de lojas que já fechou não duvida de que a meta do desemprego para o corrente ano (8,5%) estará prestes a ser ultrapassada.
A contínua e acelerada degradação da conjuntura não pára de corrigir para pior as mais negras previsões. Impávidos e serenos, os responsáveis formulam a política económica em função do que observam no espelho retrovisor.
Os líderes mundiais (chamemos-lhes assim, apesar de não liderarem nada) preferem não entender o que está a passar-se, de modo que, quando agem, é sempre demasiado tarde.