Quando é que a famosa "peça sobre o Freeport, com dados novos e, como sempre, documentados” vai para o ar? Ou aquilo era um exclusivo do telejornal da Manuela Moura Guedes, em relação ao espaço de informação da TVI extra-telejornal da Manuela Moura Guedes? Será possível que "a peça" não seja emitida amanhã? Será possível que tenham a ousadia de permitir que a suspeita se mantenha? Será possível? (esta da repetição aprendi num debate que vi ontem ) Haja decoro!
Completamente de acordo com o Rogério. Hoje mesmo, antes do cancelamento do seu programa, Moura Guedes dizia, e com razão, que «só se fossem muito estúpidos é que me tiravam do ar». É esperar para ver. Porque qualquer suspeita de interferência política na liberdade de informação é obviamente gravíssima; e não o é menos a histeria de denúncia da mesma antes de se saber os factos.
(Declaração - necessária? - de interesses: sou candidato independente nas listas do PS e, defendendo que a liberdade de informação é sagrada em democracia, acho mesmo assim o programa de MGM péssimo.)
Ainda a notícia mal tinha aterrado e já os do costume diziam "o óbvio". Que, face ao enfado já manifestado por Sócrates em relação ao tipo de “informação” veiculada pelo Jornal de Sexta, a decisão de o cancelar reveste carácter político. Daí a pensar que Sócrates tem alguma coisa a ver com isto é um saltinho.
No entanto, mesmo os mais fanáticos concederão que esta é uma péssima notícia para o Partido Socialista, uma vez que, sendo aparentemente tão do seu agrado, não se livrará das suspeitas atrás enunciadas – de que esteve por trás do cancelamento.
Ora, o que raio levaria Sócrates a dar tamanho tiro no pé, levantando agora esta imensa poeirada? Nada, como é óbvio. A não ser que tivesse ensandecido. Provocar a troca de duas ou três edições do Jornal de Sexta, com mais do mesmo – ali trabalha-se em exclusividade temática –, por três semanas de “asfixia democrática” e de “ai Jesus que nos amordaçam” seria digno de um perfeito idiota.
Ouvi hoje, na TSF, que a TVI estava a passar um spot alusivo ao Jornal de Sexta, em que começava por se ver a famosa tirada de Sócrates em relação àquele tipo de telejornal – apelidando-o de "travestido" –, e se terminava (no spot) com a declaração de princípios de que a linha editorial do dito jornal não seria alterada – cito de memória e do que ouvi na rádio, posto que não vi o dito spot. Acordo com a Manuela Moura Guedes a dizer que "Só se fossem muito estúpidos é que me tiravam do ar!". Oiço agora a oportuna declaração de que haveria mais uma peça sobre o Freeport na forja. Há aqui muita coisa – demasiada! –, muitas contas a fazer e raciocínios a desenvolver.
Mas a questão fulcral é a de saber quais as razões que levaram a administração da TVI a tomar esta decisão a três semanas das eleições – exactamente agora, quando essa decisão só pode penalizar o PS e Sócrates.
Estes pequenos debates, como toda a gente reconhecerá, não esclarecem praticamente nada. 45 minutos são manifestamente insuficientes para qualquer coisa que pretenda ir além da mera tentativa de produzir um ou outro sound bite que fique no ouvido dos indecisos. Partindo deste pressuposto, parece-me que o resultado do "debate" de hoje se saldou por uma vitória tangencial de Sócrates, com Paulo Portas a marcar um golo na própria baliza.
O "debate" começou com Sócrates a não conseguir esconder alguma irritação com a entrada demagógica de Portas - à Portas. Como ambas as coisas eram naturalmente expectáveis - a sensibilidade à demagogia e a demagogia -, está visto que o "debate" começou com Sócrates a dançar a música de Portas. Também não percebi que raio pretendeu Sócrates quando repescou, naquele contexto, a estória do Iraque. Podia ter falado em tripas à moda do Porto que o efeito era o mesmo.
No entanto, Portas - sobrestimando-se e fazendo o inverso a Sócrates - teve a infeliz ideia de se atrever a entrar na política dos factos tal e qual. E aí deu-se o sketch do "Votou ou não votou?". Sócrates, percebendo o que o adversário lhe tinha dado de bandeja, não largou mais o osso. Visto de fora, passou claramente a ideia de que Portas foi apanhado em falso. E como Sócrates - rato - pisou algumas vezes a ferida (com a ajuda - ainda - das mal sucedidas tentativas de Portas em explicar-se), acabou por se verificar um muito ligeiro desequilíbrio final.
Como debate, e colocando-me na pele do indeciso que precisa de ser esclarecido - "esclarecido" -, a coisa valeu pouco mais que nada. Esclareceu nada, valeu zero. Para quem goste da peleja pela peleja, e vote por aí - por estes arremedos de disputa de ideias, impostos pelos tempos e por outros fenómenos -, Sócrates ganhou à tangente. De resto, nem precisava. Um mero empate bastaria.
O que hoje se passou é a prova de que dois debates, de 90 minutos cada, entre os dois candidatos a Primeiro-Ministro, teria sido a solução ideal. Mas Manuela Ferreira Leite - no lugar dela faria o mesmo - parece que não quis. Restam-nos estas coisitas de fundo negro.
A páginas tantas do programa do PSD para a Justiça (são só duas), fiquei na dúvida se estavam a falar de política legislativa ou de um papa-reformas. Hoje, ao ler o mote do Manuel Pinheiro, fiquei esclarecido. Mais estável, mais pequena, melhor. A ideia é mesmo transformar a política legislativa numa espécie de último modelo de um papa-reformas. Ainda assim, mantém-se as características habituais: pode conduzir-se sem carta, empata o trânsito, só tem duas velocidades - devagarinho e parado, não implica grandes investimentos, é poupadinho, não pode entrar em auto-estradas e anda muitas vezes em contramão.
É útil, dá para actualizar a contabilidade do número de comentários e, de bónus, ler o próprio d'O comentário. Ora diga lá se não sou amiguinha, Filipe?
num debate na sic not que terminou há pouco, josé manuel fernandes afirmou que 'o casamento dos homossexuais não está no programa do partido socialista, o que está é as uniões de facto'. um dos presentes -- não percebi se adelino maltez se daniel oliveira, creio que o primeiro --, corroborou: 'não, pois não'. nem o moderador, o jornalista josé antónio teixeira, nem o outro membro do painel, a politóloga marina costa lobo, contrariaram esta versão.
será possível que nenhum dos presentes, que estavam ali para discutir as perspectivas para as eleições legislativas e ponderar a importância das diferentes propostas, e que relevavam o facto de as 'mundividências', ou seja, o contraste entre o conservadorismo de ferreira leite e a modernidade de sócrates, serem determinantes, não fizessem ideia do que está no programa do ps em relação a esta matéria, que tem sido tão debatida e é por alguns, entre os quais se conta josé manuel fernandes, até apelidada de 'fracturante'?
é certo que o jornal que josé manuel fernandes dirige publicou uma notícia em que afirmava que o casamento das pessoas do mesmo sexo estava fora do programa do partido. fica bem a josé manuel fernandes fazer fé no seu projecto, até porque o público não desmentiu a notícia, mas qual é a desculpa dos outros quatro?
recordemos, pois, pela enésima vez, o que está no programa:
Mais igualdade, combater as discriminações
(...)
Propor a aprovação de uma Lei da Igualdade; Remover as barreiras jurídicas à realização do casamento civil entre pessoas do mesmo sexo;
Aperfeiçoar os mecanismos de apoio a vítimas de discriminação em função da orientação sexual e identidade de género;