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jugular

Ça bouge

Foi através do Expresso, e com atraso, que cheguei à notícia da "improvável" capa do Femmes du Maroc. A foto é  semelhante (ligeiramente mais casta) à que Annie Leibovitz tirou a Demi Moore - e fez capa da Vanity Fair - em 1991, provocando uma escandaleira. Obviamente que esta, de Nadia Larguet, está a fazer o mesmo, afinal estamos a falar de uma marroquina que exibe o corpo nu na capa de uma revista de um país muçulmano. Mas há mais corpos a abanarem o mundo muçulmano.

Bzz, bzz, bzz

Bzz, bzz, bzz. Alguns seres foram imaginados para serem enxotados (enxotar e esmagar são aqui sinónimos). Zotes bzudos, têm como destino um encontro imediato forçado e sangrento e de asas partidas com o vidro da janela que não percebem. Não percebem que o varejento disforme que os encara é o reflexo do filho da mãezinha que os desovou (são filhos únicos). Tentam desviar-se, uma e outra vez, até que alguém lhes ponha fim ao anseio. Um pano de cozinha basta. É um favor que lhes fazem, que as moscas domésticas querem-se higienizadas em casa ‒ e depois pela sanita abaixo. O horizonte que se vê de cá da janela, por mais cinzento que apareça, é um azul em potência que eles não podem impedir. O Campo Pequeno é prós touros.

Toda a gente a dormir

A British Airways está entre as maiores transportadoras aéreas nas ligações entre a Europa e a América do Norte e Central. A Ibéria domina o tráfego aéreo no Atlântico Sul. Foi anunciada a fusão das duas.

Um porta-voz da TAP assegura que a transportadora nacional não será afectada pela operação. O Expresso de hoje concorda: "Fusão anglo-ibérica não afecta Portugal". (Será isto uma notícia?)

Portugal sempre foi historicamente o aliado ibérico preferencial do Reino-Unido em tudo o que respeita ao Atlântico Sul. Neste caso, porém, foi posto de parte.

A localização geográfica do país só não será irremediavelmente periférica se funcionar como plataforma de articulação com outros espaços. No caso do transporte aéreo, esses espaços só podem ser a África e a América do Sul.

Como pode alguém pretender que, isoladamente (ou melhor, desintegrada de uma aliança que reforça a sua posição no espaço atlântico), a TAP tem condições para competir com êxito contra a Ibéria e a British Airways associadas?

O problema da orientação estratégica da TAP arrasta-se há anos sem que o assunto mereça a atenção devida da opinião pública, dos partidos ou do governo. Não resta muito tempo nem muita margem de manobra.

Os fora da lei

Os últimos tempos revelaram que não só as classes dirigentes nacionais no seu todo, como uma boa parte dos advogados e juízes, está-se nas tintas para o primado da lei e o Estado de Direito. Felizmente, nem toda a gente pensa assim. Eis o que hoje escreve no Diário Ecomómico Daniel Proença de Carvalho:

"Tarde e a más horas, as escutas chegaram ao PGR e ao presidente do Supremo; ambos consideraram que não existem indícios de crime e o segundo considerou-as nulas e ordenou a sua destruição. Ao que diz a comunicação social, a ordem do presidente do Supremo continua por cumprir. Não é isto a subversão do Estado de Direito? Polícias, agentes do M.P. e um juiz que actuam contra a lei e não cumprem uma decisão do presidente do Supremo?

"É claro que a prática destas ilegalidades conduziu a outro crime que diariamente é praticado na mais absoluta impunidade: o crime de violação do segredo de justiça. Os jornalistas cúmplices neste tipo de criminalidade já divulgaram alegados tópicos das conversas criminosamente guardadas e não tardará que apareçam as suas transcrições, obviamente por motivos de ordem política. O sistema de justiça afunda-se neste lamaçal arrastando na enxurrada a já pouca credibilidade do regime.

"Isto foi possível em resultado da opacidade do sistema de justiça. Todos nós conhecemos os actores políticos, os seus percursos, as ideias que professam, os seus comportamentos políticos; e, muito importante, exercem o poder com base no voto popular, que é a regra da democracia. Que sabemos nós dos detentores do poder judiciário? Por onde andaram, que ideias políticas professam? E a pergunta fatal: qual a raiz do seu poder soberano? Com que legitimidade o exercem? Esta é a questão crucial com que, mais dia, menos dia, teremos de confrontar-nos."
 

listas

ontem, antes de adormecer, comecei a ler um artigo da vanity fair sobre o crash dos bancos americanos (é para aí o décimo que a vf publica in a row). às tantas, um dos banqueiros liga a um investidor que resolveu levantar a massa toda -- e era muita massa -- a tentar convencê-lo a não o fazer. o outro diz 'o dinheiro é meu'. o banqueiro responde: 'sim, mas quero que saibas que estou a fazer listas. listas dos meus amigos e dos meus inimigos'.

 

suspeito com o que se pareceria, ao fim das contas, a lista do banqueiro. uma canseira, e para concluir o que já se sabe: estamos sempre sós, mesmo que só demos por isso quando justamente precisávamos de não estar. milagre é poder alinhar meia dúzia de nomes na lista dos amigos, que alguém se atravesse. ou não o sabíamos?

Climategate

Um dos principais centros de estudo das alterações climáticas, a Unidade de Estudos Climáticos  (Climate Research Unit, CRU) da Universidade de East Anglia em Norwich, foi hackado ontem tendo sido copiados mais de mil ficheiros, onde se incluem 1079 emails e 72 documentos trocados ao longo dos últimos 18 anos. Cientistas da CRU tiveram um papel decisivo no Intergovernmental Panel on Climate Change's (IPCC) Fourth Assessment Report, que por sua vez terá (ou teria) um papel decisivo na cimeira da ONU sobre alterações climáticas que se realiza já no próximo mês em Copenhaga.

 

Pelo que se sabe, foi um blogue céptico-ambientalista, chamado “The Air Vent”, que ontem divulgou o material, através de um ficheiro zippado com 61 megabites. O blogue, que opera a partir de um servidor russo, foi encerrado algumas horas depois, mas nessa altura já a informação estava a ser distribuída por toda a Internet, refere a Nature News. O conteúdo de alguns ficheiros, cuja veracidade ainda não foi contestada, está a fazer as delícias dos cépticos do aquecimento global antropogénico. Na realidade, há alguns emails de cientistas proeminentes no campo que lançam suspeitas sobre os métodos que utilizaram para validar os seus modelos e invalidar os alheios.
 

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