Que frase tão jeitosa para provar o que não se pode fazer e dizer. É o que faz César das Neves no DN de hoje, no mesmo texto em que escreve a frase que titula este post diz "E omitem-se factos incómodos, como «80% dos pedófilos são homossexuais»". Errado, falso aliás, escrito sem qualquer sustentação científica, ora leiam, "There is no legitimate scientific research connecting homosexuality and pedophilia. Sexual orientation (homosexual or heterosexual) is defined as an adult attraction to other adults. Pedophilia is defined as an adult sexual attraction or perversion to children.7 In a study of 269 cases of child sex abuse, only two offenders where found to be gay or lesbian. More relevant was the finding that of the cases involving molestation of a boy by a man, seventy-four percent of the men were or had been in a heterosexual relationship with the boys mother or another female relative. The conclusion was found that «a child's risk of being molested by his or her relative's heterosexual partner is over one hundred times greater than by someone who might be identifiable as being homosexual.»8." - retirado daqui com as respectivas referências bibliográficas; os sublinhados são meus. Há mesmo quem pense e escreva o mais abstruso, de facto, tão mais nojento quando o abstruso é usado para atacar o abstruso.
Acabei de tomar conhecimento, de forma perfeitamente ocasional, da morte de alguém que nunca conheci mas que esperava vir um dia a conhecer. Trata-se de Dagoberto Markl, historiador de arte, pai do Nuno Markl, em cujo site aterrei há minutos e onde tomei conhecimento do evento. Foi para mim um choque. E passo a explicar porquê. Não sendo eu especialmente ligado ao seu campo de estudo (sempre fui, aliás, especialmente desconfiado em relação a essa tribo de historiadores) e nunca o tendo conhecido, fui, no entanto, marcado por uma das suas obras, daquelas que se lêem quando se é novo e que ficam sempre como referência ou, pelo menos, que perduram pelos anos fora. A obra em causa é O Retábulo de S. Vicente da Sé de Lisboa e os Documentos (Lisboa, Caminho, 1988). Comprei-a na Feira do Livro, no dia 25 de Maio de 1989, e nesse dia aguardei pacientemente pela sessão de autógrafos que estava marcada mas que não se chegou a realizar. Nunca soube porquê. No pavilhão da Caminho disseram-me apenas que o autor não tinha comparecido. Fui para casa com um livro novo, no meio de outros. Nesse Verão li-o e fiquei fascinado. Tinha acabado o curso e havia opções a tomar. A que tomei não se ficou a dever a essa leitura. Mas ajudou.
Continuo sem ter acesso ao estudo epidemiológico sobre a patologia mental em Portugal cujos resultados gerais foram noticiados pela imprensa há já alguns dias. O facto de não ter muito mais informação para além de uns dados da estatística descritiva limita a interpretação dos resultados e, em particular, as inferências que deles poderei tirar. Vem isto a propósito da entrevista a Carlos Amaral Dias que acabei de ler no i.
Amaral Dias é um homem com responsabilidades nestas coisas, com espaço mediático para opinar e com um estatuto de figura pública que torna relevante o eco do que diz. Deixo-lhe, por isso, esta carta aberta, na esperança de que alguém lha faça chegar.
Eugène Terre'Blanche foi assassinado. O famoso líder da extrema direita sul-africana. Parece que o seu partido tinha, hoje, 70 mil membros. Quem alegadamente o matou foi preso, e bem. É assim que deve funcionar um Estado que se que quer de direito. Um Estado que não permite que o ódio, a sede de vingança, a visão num rosto de anos de desprezo, o que seja, sirvam de justificação para um crime.
Esse não era o Estado que o crente na supremacia branca defendia. Se o Estado que ele defendia tivesse vingado, e um preto tivese sido espancado até à morte, nada seria feito.
Este homem, anos antes de Mandela chegar ao poder, praticou actos criminosos perante qualquer ameça de suavização do regime de apartheid. Causou mortos com a sua acção e beneficiou da grandeza inexplicável de Mandela que se traduziu, para ele, numa amnistia concedida pela chamada Truth and Reconciliation Comission.
Isto foi para o ar na SIC Radical...As imagens reproduzidas são acompanhadas no programa, do seguinte texto em voz off feminina «Não tivemos tempo de mostrar neste episódio - [e por isso... digo eu claro] - Rui deixa a sua homenagem na casa de Antonio Variações» (minuto 26:23).São estes os "modernaços" da SIC, imagino os "conservadores"...