Lilli Dujourie
Kley
2007
50x50x15 cm
foto Kristien Daem
Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]
Kley
2007
50x50x15 cm
foto Kristien Daem
E o melhor comentário blogosférico ao texto de ontem de César das Neves é, sem dúvida, do João Morgado Fernandes!
Depois do inominável ataque Israelita à flotilla de Gaza, o sempre inovador jornal i, através da sapientíssima lapiseira do Paulo Pinto Mascarenhas, resolveu destacar, pela negativa, o primeiro-ministro ministro dos negócios estrangeiros turco*, Ahmet Davutoglu. Segundo PPM, apesar de Netanyuahu não estar totalmente isento de responsabilidades, o apoio turco a Gaza é mesmo a grande ameaça à paz mundial. Isso mesmo: os culpados são os Turcos, que, assim como do nada, resolveram perturbar a pacatez do nosso mundo, juntando-se aos maluquinhos que acham que o bloqueio a Gaza é inaceitável e que Israel se comporta como um estado pária, sem qualquer respeito pelos valores que diz defender.
Mas os delírios do i não terminam aqui. A cereja em cima do bolo vem de um cavalheiro semi-alucinado, chamado Nuno Whanon Martins (European Affairs Officer do European Friends of Israel junto do Parlamento Europeu), que escreve esta coisa extraordinária:
'se é óbvio que a existência de vítimas é sempre de lamentar, a verdade é que, para além das dúvidas em relação a quem começou, a frota queria furar um embargo imposto pelo Estado de Israel a Gaza que se encontra de acordo com as normas do direito internacional...É este o verdadeiro resultado de furar o embargo a Gaza: provocar um novo ataque a Israel. A comunidade internacional deve assim esperar um possível conflito na região, sendo certo que Ancara não estará do lado Ocidental'
É um facto: i num instante tudo muda
*Errata: O Paulo Pinto Mascarenhas, um jornalista que é pago para escrever estas coisas, tinha-se enganado: Ahmet Davutoglu é ministro, não primeiro-ministro. Eu, que não sou pago para escrever nada, estranhei, mas repeti o que o PPM tinha escrito, pois o meu objectivo não era o de escrever sobre a Turquia - ao contrário daquilo que penso ter sido o objectivo do jornalista do i - mas sobre o PPM. No entanto, e como um erro é um erro, fica a correcção.
Só uma correcção: sessão legislativa e não legislatura. A sessão acaba em 22 de Julho, a legislatura daqui a 3 anos. Submetidas antes do verão ou logo a seguir, com certeza as iniciativas legislativas poderão ser discutidas nesta legislatura, a partir do começo da próxima sessão legislativa a 15 de setembro.
(E, sim, publicada em DR a alteração ao código civil que permite o acesso ao casamento civil a casais de pessoas do mesmo sexo, as prioridades de quem se preocupa com a melhoria da vida de mais gente e o mais rápido possível continuam a incluir,mais que nunca, os vários aspectos da parentalidade - com especial enfoque para a garantia dos direitos das crianças que jáexistem e que têm dois pais ou duas mães mas sem que um/a deles/as seja reconhecid@ -, uma lei de identidade de género, e uma alteração da lei da PMA. Para além, naturalmente, de todo o trabalho constante e persistente contra a homofobia e a transfobia, em todas as instâncias da sociedade. São lutas de tod@s, cada um/a travando-as à sua maneira, com os respectivos constrangimentos e as respectivas potencialidades).
Os direitos nunca são para amanhã, são sempre para ontem :-)
Só um cheirinho para começar, o resto e os outros ali ao lado.
Para além de ser um Ian McEwan puro, o que é o mesmo que dizer que é um livro tão bom que até dói, Solar tem o final mais fabuloso da história da literatura (ok, posso estar a exagerar um bocadinho). Não me refiro ao final-substância, apenas, mas à forma como este está enredado no final-forma, obrigando-nos a ler a coisa uns pares de vezes. Não conto mais para não estragar nada, não tenho jeito para falar de coisas sem me referir à substância das ditas. Acrescento apenas que no livro temos o episódio "ai-que-vontade-de-mijar" mais hilariante de sempre. É Ian McEwan no seu melhor.
*Solar, no original.
* Louise Bourgeois in Destruição do pai Reconstrução do pai, escritos e entrevistas - edição Cosacnaify
(lenço bordado, criado para loja da Tate Modern)
...e desta caixa de comentários em torno da citação de valupi: não me chega, certamente, que um homem seja democrata para votar nele. Tenho por risível que em 2010 o critério de escolha de alguns esteja situado num pressuposto que deveria ser igual a estar-se vivo. Já passou o tempo em que bato a palmas a alguém apenas por esse alguém ser - imagine-se - crente no sistema que lhe permite ser ou não ser candidato. Sei que há gente pouco ou nada democrática por aí, mas o ponto é que ser-se o básico dos básicos, portanto democrata, não me chega.
Depois, como qualquer pessoa, sei quem são os inimigos daquilo em que acredito, daquilo por que me bato. Isso não me chega para votar cegamente em quem se apresente contra esses cidadãos. Porque quem se apresente assim, se não for digno da minha adesão convicta, não tem o meu voto. Não sei fechar os olhos, como recomendava Cunhal, e pôr uma cruz no mal menor. E não sei fazer isso por uma razão simples: o meu voto é isso mesmo: meu. Custou a muita gente conquistar essa coisa de me dirigir a uma urna e votar com convicção, de forma pessoal e intransmissível, em quem ou em que Partido entender. Não concebo o voto, o meu voto, funcionalizado a uma estratégia, desligado de qualquer emocionalidade, cego a convicções políticas e ideológicas. Não vendo, não trespasso e não prostituo o meu voto. É assim mesmo: é meu. Não voto útil, portanto, ninguém escraviza o meu voto, pois ainda hoje me ecoa a frase que ouvi quando era pequena e que decidi manter pela vida fora, concretamente nestes momentos de escolha: o voto útil só é útil para quem o recebe. Não votarei em Manuel Alegre.
"Certain classes of investment are governed by the average expectation of those who deal on the Stock Exchange as revealed in the price of shares, rather than by the genuine expectations of the professional entrepreneur"
"Most of these persons are, in fact, largely concerned, not with making superior long term forecasts of the probable yield of an investment over its whole life, but with foreseeing changes in the conventional basis of valuation a short time ahead of the general public. They are concerned, not with what an investment is really worth to a man who buys it 'for keeps', but with what the market will value it at, under the influence of mass psychology, three months or a year hence"
"Of the maxims of orthodox finance none, surely, is more anti-social than the fetish of liquidity...It forgets that there is no thing as liquidity of investment for the community as a whole"
"This battle of wits to anticipate the basis of conventional valuation a few months hence, rather than the prospective yield of an investment over a long term of years, does not even require gulls amongst the public to feed the maws of the professional; it can be played by professionals amongst themselves"
"There is no clear evidence from experience that the investment policy which is socially advantageous coincides with that which is more profitable. It needs more intelligence to defeat the forces of time and our ignorance of the future than to beat the gun"
No fundo, um esquerdista empedernido é toda e qualquer pessoa que não alinhe no discurso de grande parte da direita blogosférica em relação a Israel. É urgente começar a estudar o extraordinário, ridículo, estapafúrdio e incompreensível fenómeno que consiste no total e absoluto alinhamento acrítico por parte de alguns cidadãos portugueses em relação a todas as acções Israelitas, por mais estúpidas, contraproducentes, sanguinárias e ilegais que estas possam ser.
O Sérgio Lavos avança com uma tese: "Esta direita não age em função de uma amizade ou afinidade cultural, como tanto gosta de apregoar. Os verdadeiros amigos apontam os defeitos, dizem as verdades, denunciam quando é caso disso. Esta direita age de acordo com algo muito mais primitivo: o preconceito anti-islâmico". Não nego que o preconceito anti-islâmico ajude a compreender a coisa, mas parece-me que a razão é outra e tem sobretudo ver com aquilo que alguma direita portuguesa considera dever ser o comportamento adequado a alguém que pretende mostrar-se de direita. É um bocado como as regras de etiqueta: estamos perante uma convenção que alguns inventaram para se distinguirem daquilo que consideram ser a esquerda portuguesa. Ou seja, a justificação é inteiramente funcional.
Rogério da Costa Pereira
Rui Herbon
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.
The times they are a-changin’. Como sempre …
De facto vivemos tempos curiosos, onde supostament...
De acordo, muito bem escrito.
Temos de perguntar porque as autocracias estão ...
aaaaaaaaaaaaAcho que para o bem ou para o mal o po...