Espero que seja o calor o responsável pelo quase absoluto silêncio com que foram recebidas as inacreditáveis palavras de Vieira Matias - um senhor que, cerejinha no bolo, tem um cargo de nomeação presidencial - ao i anteontem (se o calor tem efeitos nefastos em mim tenho que admitir que faça o mesmo aos outros) sobre Manuel Alegre. As afirmações do dito senhor foram um verdadeiro atentado à nossa memória colectiva, denegrindo aqueles que tiveram uma atitude de resistência durante o Estado Novo. Dou a palavra à Joana Lopes que, ainda por cima, tem sobre mim a enorme vantagem de "ter estado lá".
Ontem teve lugar em Roma, na Piazza Montecitorio, uma enorme manifestação contra a lei da rolha discutida nesse momento no Parlamento. A aprovação da lei, fortemente criticada pela ONU, por Bruxelas e por todas as organizações representantes de jornalistas, incluindo os Repórteres sem Fronteiras, acabou por ser adiada para Setembro.
De acordo com a proposta de lei, todos os bloggers e utilizadores de redes sociais italianos seriam obrigados a postar correcções, num prazo de 48 horas, a qualquer coisa que escrevessem sobre a qual incidissem reclamações. Se não o fizessem, incorreriam numa multa até 25 mil euros. Para além disso, todos os video-bloggers ter-se-iam de registar na Autoridade para a Comunicação e pagar 3 000 euros que serviriam para uma eventual investigação dos vídeos que postassem. As novidades sobre a lei que mataria a blogosfera e as redes sociais italianas podem ser seguidas no Twitter (hashtag #nobavaglio), no Facebook ou na comunidade web Valigia Blu.
Comentários como este ou este dizem tudo sobre quem os aprova (e também sobre quem, tendo "autoridade" para tal – imagino como funcionam os intestinos do blogue em causa –, não os apaga assim que os vê). Do post (claramente feito ao espelho), retrato fiel de quem o mandou à parede, nem vale a pena falar (por motivos óbvios, não digo ao tipo para ir ler Saramago – ou Paulo Coelho ou bulas de aspirina).
"Essa simulação de justiça, que é a sua própria negação, que nunca condena nem absolve, vai acabar por cair de podre. É a própria justiça que está a desbaratar a sagrada separação de poderes que a protege. Sem responsabilidade, a liberdade perde-se. É isso que a Justiça está a fazer, a entregar-se às mãos daqueles que a vão violentar: os políticos, quando empossados de legisladores. Fá-lo-ão pelas melhores e pelas piores razões, mas só o farão porque a justiça, que devia ser o Estado, se tornou um Estado dentro do Estado. Feche num quarto escuro um polícia, um procurador e um juiz e veja o que de lá sai: sai sangue, sangue que ensopa nos jornais aos pés dos advogados que ficaram à porta." (Pedro Santos Guerreiro, num dos melhores artigos de sempre sobre estas temáticas)
Hoje, tivemos mais um exemplo disto. Já é altura dos senhores procuradores descerem do estrado em que os puseram e de aceitarem, com ou sem amuos, o seu papel de advogados de acusação. Ao lado dos outros advogados. À porta ou lá dentro, mas ao meu lado. A entrar e a sair pelo mesmo sítio.
"Seis horas en posición de firmes delante del Palacio de la Cultura Popular de Pyongyang (Corea del Norte) ha sido el castigo impuesto a los jugadores de la selección de fútbol tras su eliminación en el Mundial. Peor destino ha sufrido su entrenador, que ha sido castigado a trabajos forzados. Así lo recoge el diario italiano La Repubblica, según una información de Radio Free Asia."
Carta Aberta Ao Director-Geral e Administrador da TVI Ao Director-Geral da Plural Portugal À Administração da Média Capital
Assunto: Cancelamento, pela TVI, de uma cena de afectividade entre casal de namorados, na série "Morangos com Açúcar" 28 de Julho de 2010
Exmo. Sr. Bernardo Bairrão, Exmo. Sr. André Cerqueira Exma. Sr.ª Ana Esteves,
Tomámos conhecimento, através de notícia publicada no Jornal de Notícias a 19 de Julho de 2010, da decisão de cancelar a emissão de uma cena de afectividade protagonizada por um casal de rapazes na série "Morangos com Açúcar". Segundo informa a mesma fonte, a cena, que inclui um beijo entre os dois rapazes, foi gravada pelos autores da série e rejeitada pela direcção de programas da TVI. Procuramos com a presente carta obter um esclarecimento quanto ao porquê desta decisão e alertar para o impacto extremamente negativo da mesma.