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Quem achar que isto é claro deve considerar-se desde já contratado pela Fundação Sá Carneiro:
O presidente do PSD reafirmou, esta quinta-feira, que é contra a existência de uma “golden share” na Portugal Telecom, muito embora tenha reconhecido que teria vetado a venda da participação da PT na Vivo à Telefónica se tivesse um posição favorável na empresa. «Se defendesse o uso da 'golden share' evidentemente que achava que ela devia ser usada neste caso, mas como tenho repetidamente afirmado o Governo devia alienar a 'golden share' na PT e de resto em outras empresas», frisou Pedro Passos Coelho. Na sua opinião o que «pareceria improcedente» era se o líder dos sociais-democratas tivesse uma posição de «sendo contra o uso da 'golden share' viesse reclamar do Governo que utilizasse a 'golden share' para intervir». «Tenho toda a competência para me pronunciar sobre os negócios dos outros, mas não posso substituir-me aos outros nas decisões que lhes competem», acrescentou. Após uma reunião com o grupo parlamentar do seu partido, Passos Coelho disse ainda que «compete à Caixa Geral de Depósitos veicular a posição do Estado e foi isso o que ela fez e essa era a posição que tomaria também se fosse primeiro-ministro». Na opinião do líder social-democrata, a utilização desta “golden share” poderá ser «a prazo» pouco positivo para Portugal dado que esta «cria desconfiança nos mercados e nos investidores externos» Passos Coelho entende mesmo que, de certa forma, isto já está a acontecer na reacção externa aos acontecimentos da assembleia-geral de quarta-feira, onde o negócio foi rejeitado. «Há ainda condições para que a própria PT encontre uma alternativa que ajude a sair desta situação e que permita nesta área das telecomunicações uma presença importante portuguesa no Brasil», acrescentou Passos Coelho, que espera que não venha a ser lançada uma OPA da Telefonica sobre a PT.
Tudo muito interessante, particularmente cerca dos dois minutos e vinte segundos.
está, parece, muita gente excitadíssima por miguel oliveira da silva, actual presidente do conselho de ética para as ciências da vida, ter dado uma entrevista ao público em que se diz alarmado com a subida do número dos abortos desde a legalização (ou seja, desde julho de 2007) e em que defende que as mulheres que abortam mais do que uma vez deveriam ser obrigadas a pagar os abortos. 'nós bem diziamos', diz gente como maria josé nogueira pinto (hoje no dn). como se miguel oliveira da silva, que defendeu o sim no referendo de 2007 e foi um dos médicos obstetras a mais pugnar pela alteração da lei anterior àquele referendo, tivesse mudado de ideias perante os acontecimentos. sucede que oliveira da silva diz o mesmo há muito -- como esta entrevista de 2005 ao dn, justamente intitulada 'deve haver um número limite de abortos por mulher', comprova (para não falar do seu livro que a suscitou, 'sete teses sobre o aborto').
mas na entrevista ao dn, ao contrário do que sucede na do público, coloca-se a questão de quantos abortos seriam permitidos -- e por quem, naturalmente (e com que critérios). e, já agora, o que deverá suceder a uma mulher que faça os tais três abortos por ano: ser obrigada a ter as crianças? ser empurrada para o circuito clandestino com o qual se quis acabar? presa? outra coisa qualquer? miguel oliveira da silva, pessoa que aliás muito aprecio, sai-se com esta resposta extraordinária: hipótese de laqueação de trompas compulsiva.
ora aqui está:
'se uma mulher for quatro vezes por ano a quatro consultas porque engravida quatro vezes involuntariamente, aí ou a mando para uma consulta psiquiátrica ou tenho de saber o que se passa.
Alguém que engravida quatro vezes num ano é uma maluca?
É pelo menos ignorante e irresponsável...
De acordo com a lei vigente, a decisão de aborto está inteiramente na mão dos médicos. Defende que, mesmo no quadro de uma nova lei, continuem a ser os médicos a decidir?
Tenho sérias questões a esse respeito para as quais não tenho respostas definitivas. E uma dessas questões é quantas interrupções de gravidez deve o Serviço Nacional de Saúde (SNS) custear a uma mesma mulher. É uma questão muito desagradável, mas acho que alguém tem de falar sobre ela.
Como se faria tal controlo e quantas IG seriam aceitáveis?
Teria de haver um cartão de utente - que não existe -, em que todos os actos médicos custeados pelo SNS ficariam registados... Quanto ao número de IG limite, não tenho resposta para isso.
Essa mulher que engravida xis vezes é para si uma louca/irresponsável. Será boa ideia obrigá-la a ter filhos?
Não, não. Mas, ginecologicamente falando, não sei se uma mulher que três anos consecutivos faz um aborto não deve ser obrigada a fazer uma laqueação de trompas.
Isso lembra a Alemanha nazi.
Não, não é a Alemanha nazi. Mas então ela que faça o aborto e não peça ao Serviço Nacional de Saúde que lho pague.'
vamos pois discutir este assunto à séria, bóra? e, já agora, de caminho, discutamos também laquear os testículos (ou lá como se diz) aos gajos co-responsáveis pelos abortos repetidos.
...não para muito longe, em termos de geografia, mas para longe, se pensarmos em meios de comunicação. Nada saberei deste mundo. Se acontecer alguma tragédia ou alguma glória inusitada alguém tente telefonar-me, sim? Pode ser que o telefone funcione. São quinze dias.
Ninguém liga ao que eu digo – pensam “a gaja não percebe peva disto” e outras estultícias do género – e depois, claro, dá nisto. Ora eu não tinha já estabelecido que com aquele equipamento branquelas não íamos a lado algum (a não ser para casa mais cedo)? Pronto: espero que estejam satisfeitos. Eu pelo meu lado estou: gosto de ter razão, mesmo que isso implique passar pela humilhação de assistir a um Espanha-Portugal no meio de espanhóis quando desde o primeiro segundo, ao ver os rapazes alinhados a cantar “os teus egrégios avós/ que há-de guiar-te à vitória”, soube como a coisa ia acabar.
A primeira parte ainda me deu algumas preocupações: a equipa omo começou logo por rematar à baliza dos meus vizinhos de mesa, criando grande perturbação no serviço da esplanada mas na segunda parte o meu pronunciamento oracular provou toda a sua iluminada adequação. Foi ver os miúdos a desorientar-se como quem tivesse perdido os poderes (excepção para o Eduardo – sim, por acaso pensam que não sei que há um Eduardo? E que é grande guarda-redes? E que sozinho quase ganhou aquilo, até porque era o único decentemente vestido?), a falhar todas as concretizações ofensivas (eheheh, este linguajar é de génio), o árbitro a desconsiderar com método as faltas cometidas contra eles e, depois do golo dos outros – com toda a malta à minha volta numa alegria doida, a cuspir jamon ibérico nos olés –, num desvario de desorientação.
Sim, tudo isto – até aquela miserável simulação de falta a minutitos do fim que valeu um encarnado ao Ricardo Costa (perguntei o nome, pronto, uma pessoa, mesmo omnisciente como eu, não pode saber tudo) – poderia ter sido tão, tão diferente. Vestiram os gajos de pijama, por favor. Só faltou rezarem e deitarem-se a dormir.
Coisas boas nisto, além das supracitadas? Não ter de apanhar mais com o patriotismo peganhento daquelas pessoas que as redacções das TV enviam para estes certames; não ter de suportar o nacionalismo uivante dos comentadores; e ter agora de arranjar outro tique para estes textos: o da indumentária tuga já ardeu.
(publicado ontem no dn, com alguns problemas, a começar pela atribuição do texto a outra pessoa e a acabar na substituição de 'omo' por 'como'. como, indeed. mas, mea culpa -- e de ter escrito isto no carro a caminho da ditosa pátria minha amada --, também havia umas gralhitas da minha autoria, pois que havia)
Rogério da Costa Pereira
Rui Herbon
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