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jugular

iman da mesquita de lisboa diz que 'se tivesse sabido' teria ido à manif por sakineh

'Gostava que tivesse estado alguém da comunidade islâmica no protesto contra a lapidação. Se eu desconheço, se não fui, não significa que não concorde. Não fui informado, não soube. Se me disser que para a semana há uma manifestação dessas...'

 

'No caso do adultério o que conta não é os tribunais. É aquilo que se passou no tempo do profeta. Para acusar um adulto ou uma adulta de adultério o Alcorão diz que tem de haver 4 testemunhas oculares que têm de dizer exactamente o mesmo e de ter visto a penetração. E isso é impossível... Em todo o caso, mesmo que haja 4 testemunhas a pena de morte não é a pena adequada. Eu condeno a lapidação.'

 

'Se um homossexual da minha comunidade vier ter comigo eu não o vou condenar e mandá-lo para o inferno, não. Vou tentar saber um pouco mais, e se ele disser que é mesmo aquilo que ele quer, eu vou-lhe abençoar e dizer para ir em paz. E pode continuar a ser muçulmano e a ir à mesquita, claro. Um muçulmano só deixa de ser muçulmano quando decide assim, ele próprio.'

 

'O Alcorão não obriga as muçulmanas a usar o niqab e a burqa. Com o niqab, com o véu integral, a pessoa praticamente não tem identidade, há um problema de segurança, pelo que não sou contra a proibição. Mas também digo: até que ponto é que sendo eu livre, se eu posso vestir o q m apetece, se me estão a proibir não me estão a retirar uma certa liberdade?'

 

'Tenho 2 filhas e deixo ao critério delas. Uma acabou a licenciatura numa universidade de Lx, a outra está no 12º ano. Não andam de lenço, não andam de véu.'

 

'Se há integristas em Portugal? Há perguntas que me está a fazer para as quais não tenho resposta. Como é que eu posso saber? O que lhe posso dizer é que a comunidade islâmica é integrada, não é um gueto, são pessoas normais, que trabalham, que convivem normalmente com os outros, portugueses como nós.'

 

'Centro Islâmico em NY: Se é uma coisa privada, que se pode comprar e construir, se qualquer pessoa pode lá ir, por que não? E se não me engano quem está à frente é um iman que conheço pessoalmente e que considero um muçulmano equilibrado – é uma pessoa com quem já falei e aprendi imenso. Acho que se trata de algo que beneficia a humanidade.'

 

 

hoje, no programa agora a sério do canal q (15ª posição do meo), o sheik david munir, iman da mesquita de lisboa, fala sobre lapidação, julgamentos por adultério, mulheres, homossexuais e islão, a proibição do véu e da construção de minaretes e a polémica em nova iorque sobre a construção do centro islâmico junto ao ground zero.

A "justa" justificação de um assassinato

Já cá faltava a ofensa das ofensas. É como dizes, Shyz, na senda da velha tradição, de lá e de cá, quando queres denegrir uma mulher chamas-lhe puta e está tudo dito: “A análise dos antecedentes de Carla Bruni mostra claramente porque esta mulher imoral apoia uma mulher iraniana condenada à morte por adultério e por ter participado na morte do seu marido, facto que faz dela também merecedora da sua própria morte”.

E continua a total falta de vergonha na cara...

O dignitário mor da Igreja belga entre 1979 e 2009, o cardeal Godfried Danneels, cuja residência foi alvo de uma mui contestada busca há cerca de dois meses, tentou convencer o sobrinho do ex-bispo de Bruges Roger Vangheluwe, abusado sexualmente pelo tio entre os 5 e os 18 anos, a abafar o caso pelo menos até à resignação do bispo.

 

Os jornais "De Standaard" e "Het Nieuwsblad" publicaram o conteúdo de gravações divulgadas pela vítima, acusada de tentar chantagear a Igreja que, como se lê na Reuters, é triste de ler. É especialmente triste ler a parte em que o cardeal, cheio de comiseração pelo seu correligionário, recomenda à vítima que admita as suas culpas (!!!) e peça perdão... ao agressor, que, coitadinho, veria o seu nome na lama se o caso fosse tornado público - como acabou por o ser pela mão de amigos da vítima. Assim como é triste ler a reacção do cardeal à divulgação da gravação, divulgada pela Zenit. Não deixa de me espantar o contraste entre a compaixão e capacidade de perdão que a Igreja reserva ao seu clero e a forma como (mal)trata as vítimas, que, como neste caso, considera os maus desta fita. Tanto quanto sei, ainda não houve desculpas do Vaticano em relação à forma como reagiu às buscas, fundamentadas como se vê, de Junho.

Vã(n)glória

«We’ve been attacked by the intelligent, educated segment of our culture». Reverendo Ray Mummert

«We face an aggressive secular attack*». Beato Tony Blair

 

Tony Blair, em refúgio nos Estados Unidos para evitar os protestos anunciados para o lançamento do seu livro de memórias, «A Journey», tem mostrado claramente que Tom Lehrer exagerou quando afirmou  «a sátira política tornou-se obsoleta quando Henry Kissinger foi galardoado com o prémio Nobel».

 

coisas nada relativas

quando alguém, para se justificar do facto de ter postado um texto execrável (para dizer o mínimo), mete pelo meio uma historieta sobre hitchens comparando-lhe a posição à do autor do post citado (qualquer pessoa, e é o meu caso, que seja admiradora e conhecedora de hitchens fica varada) e lhe acrescenta, para colorido, o relevantíssimo pormenor do que leu num papel numa cadeira, percebemos que se trata de arrependimento.

 

caro francisco, já percebeu que aquele texto que reproduziu sem um comentário, como quem o subscreve na totalidade e que agora diz que não teria escrito, é muito mau. óptimo. lamento que para tergiversar conte a historieta do papel na cadeira -- que a mim também me pareceu muito ridícula quando ma contaram mas que só pode ser assacada a quem lá o colocou. de uma coisa, porém, pode estar certo: eu não teria qualquer problema em sentar-me ao seu lado. para ouvir o hitchens ou para protestar contra a lapidação. é capaz de ser essa, na matéria em apreço, a mais fundamental diferença entre nós. a mesma que em 2006 me levou a ir à porta da embaixada da dinamarca manifestar-me pela liberdade de expressão. não perguntei quem ia estar ao meu lado. fui.

 

em adenda, um relato da 'manif' frente à embaixada da dinamarca. incrível, diz-se quem lá estava.

é feio porquê

Nunca li um daqueles livros de boas maneiras dondocos. Se calhar devia. Dizem que são muito divertidos e se descobrem umas coisas. A única coisa do género que folheei foi em pré-adolescente e devia ser para aí dos anos 40 do século passado. Era tudo sobre banquetes e como apresentar embaixadores, que cor e comprimento de luvas e que tipo de chapéu escolher para cada ocasião e tal. Também havia uns livros “para meninas”: como sentar e andar e sorrir, do que falar, o que fazer quando um rapaz “mostra interesse”, o que desejar na vida e como lá chegar. Deliciosos.

 

Tal décalage temporal, porém, impede-me de poder certificar se algumas normas que me acompanham desde miúda no que respeita ao que “é bonito” e ao que “é feio” ainda constam dos tais códigos de bem conviver em toda a sala. Coisas, por exemplo, como “uma mulher honesta não tem ouvidos”. Uma mulher, desde logo: de um homem espera-se reacção, resposta, lavagem da honra (com sangue ou, pronto, umas pêras). Honesta: leia-se “séria”, “educada”, que “conhece o seu lugar” – humilde, reservada, aprimorada, adequada. Uma mulher que queira adequar-se espera que alguém fale por ela, a proteja, lhe guarde a dignidade – não se defende e muito menos ataca. Cala-se. Faz de conta que não ouviu. Se não quiser ser isso que se só se diz das mulheres: vulgar.

 

Vulgar é uma palavra interessante. Quer dizer normal, comum, mas também sem interesse nem apelo – ordinário. Ou seja, baixo, rasca, desprezível. Uma mulher que mostre ter ouvido algo de que não gostou e a quem passe pela cabeça responder; uma mulher que tente fazer valer a sua dignidade e ideias; uma mulher que, impensável, se lembre de discutir e levantar a voz é portanto uma mulher sem qualidade: medíocre, reles, em distinção – menos mulher, então.

 

Se não sei se ainda se dizem estas coisas às meninas assim desta forma, não tenho dúvidas de que ainda se dizem às mulheres – todos os dias, em todo o lado, e muitas vezes dito por mulheres. Qualquer uma, por exemplo, que se apresente publicamente a defender as suas ideias será sempre “histérica” e “arrogante”, ou, claro, “peixeira”, isto descontando tudo o que se dirá sobre o penteado, a largura das ancas, as rugas ou falta delas, a escassez ou excesso da sua vida sentimental, etc. Que as mulheres sejam as principais fautoras deste controle do género, esforçando-se, em manada, por manter o “decoro” das que tresmalham, não é pequeno milagre. É como se estivessem, o tempo todo, a assegurar-se de que não vão ter de se portar “como homens”, ou seja, a reagir e a defender-se e a atacar sempre que tal seja necessário, mas que podem continuar a pedir e esperar protecção (o que é o mesmo, talvez não se tenham dado conta, de pedir e esperar agressão). E que quem fura o esquema levará a etiqueta que merece, a do ridículo e do opróbrio.

 

Como as regras sobre colocação de pernas – sempre cruzadas, nunca “abertas” -- que só fariam sentido (esteticamente) no tempo em que as mulheres não usavam calças e funcionam como mais uma conformação à ideia de reserva e decoro e não ocupação de espaço, a maioria das normas chamadas “de boa educação” que se recomendam/impõem às mulheres são uma demonstração eloquente do quanto há a fazer em termos de desconstrução dos adquiridos e dos estereótipos. Podemos começar até por coisas aparentemente anódinas e simpáticas, como a regra de que os homens deixam sempre passar as senhoras ou lhes devem dar o lugar. Que fragilidade especial ou deferência específica distingue as mulheres dos homens, que os deverá levar a tratá-las com tal paternalismo? Todo um programa, então, a “boa educação” – e tanto a apontar-lhe. Com o dedo, sim, e bem espetado (e alguém, de caminho, que explique também esse aparvalhado interdito).

 

(publicado na coluna 'sermões impossíveis' da notícias magazine de 22 de agosto)

é bom que deputados do partido do governo tomem posição contra a lapidação

é óptimo.  mas não chega. espera-se do governo que faça o mesmo. ou mais, acompanhando o apelo de sarkosy para que a ue se mexa.

 

nesta matéria, e por muito que custe aos que se entretêm a ver pidices e censuras e policiamentos no normal e até obrigatório registo de posições -- tudo o que sirva para distrair do essencial e para fazer exactamente aquilo de que acusam quem se limita a fazer o óbvio --, o silêncio não é aceitável. a distracção não é admissível. nada menos que a mais absoluta recusa, nada menos que a mais veemente condenação.

 

em momentos como este, ou se está contra os lapidadores, ou se está com eles. (sim, é uma adaptação do célebre discurso de bush pós-11 de setembro. sim, eu estou a citar george w bush. figure that).

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