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jugular

Bem prega frei Tomás...

Na sua alocucação à cúria romana, Bento XVI referiu-se ao assunto católico do ano: o escândalo do abuso sexual de menores que não poupou nem cónegos considerados tão bons que para um deles até decorria uma campanha para o candidatar ao Nobel da Paz 2011. A estratégia da alocução foi distribuir a grosso da culpa da coisa a todos menos aos culpados, nomeadamente à sociedade que considera tão normal a pedofilia que os padres abusadores não conseguiram resistir aos ares dos tempos. Mais concretamente, Bento XVI usou as alucinações de Hildegard von Bingen para explicar que o pó que mancha a face da Igreja deve ser encarado no «contexto do nosso tempo que é testemunha destes acontecimentos», um tempo em que, segundo Bento XVI, «existe um mercado da pornografia que envolve as crianças, e que de algum modo parece ser considerado cada vez mais pela sociedade como algo normal».

 

Claro que sociedades em que isto acontece só existem na cabecinha «delusional» de Bento XVI, não há nenhuma sociedade que considere a pornografia infantil normal, aliás, consideram-na tão anormal que por acaso até já relatámos alguns excessos de zelo provocados pelo repúdio que merece. Cada vez mais recursos e leis cada vez mais restritivas são dedicadas a combater a pornografia infantil e no entanto Bento XVI, querendo limpar o pó da face da sua Igreja, acha por bem lançar lama sobre a sociedade em geral.

put your money where your mouth is

a indignação contra a ensitel e a solidariedade a favor da jonas fez já correr muita tinta -- na verdade, sobretudo bytes. chegou a altura e mostrar que somos capazes de mais que bocas.

 

a jonas, como já escrevi aqui, tem grandes hipóteses de ganhar a causa, mas mesmo que ganhe sai a perder pelo que vai ter de gastar em advogado. sugeri no twitter que a ajudássemos a pagar a conta. e finalmente, com a ajuda de várias pessoas, ela convenceu-se a abrir uma conta no paypal para esse efeito. por mais irrisório que pareça o donativo, se formos muitos a dar 5 euros podemos não só ajudar a jonas como provar que estas 'ondas' não são só o balão de ar quente que parecem. e, quem sabe, podemos estar a começar qualquer coisa.

 

vamos acabar -- ou começar -- o ano da melhor forma, putting our money where our mouth is.

 

é no blogue da jonas, no campo superior direito.

Adiantando serviço*

 

É geracional, eu sei, ainda há poucas semanas me diverti pondo umas quantas tiras da Mafalda no FB e a conversa fluíu entre quarentões (e cinquentões, vá), aproveito-a para celebrar o novo ano (não sei se estas imagens não seriam melhor homenagem à figurinha, decidam vossas mercês).

 

* o tempo tem andado muito escasso por estas bandas

o caso ensitel/jonas, a liberdade e a estupidez (que também é livre)

já muito se escreveu e vociferou sobre o conflito entre a ensitel e a maria joão nogueira, mais conhecida por jonas. a alda telles, por exemplo, falou do assunto na perspectiva das relações públicas e da assessoria de comunicação, a área em que trabalha; o paulo querido quis reflectir sobre os motivos que subjazem à 'onda' de solidariedade internética de que a jonas está a ser alvo. há quem aponte o caso como evidência de que a 'liberdade na net' está em risco e quem tenha acordado de repente para o facto de que o que se escreve na net está, como qualquer outro acto ou afirmação públicos, sujeito ao cotejamento com as leis da república.

 

houve mesmo quem pretendesse encontrar entre os 'defensores' da jonas contradições em relação a posições anteriormente tomadas noutros casos em que estariam também em causa processos judiciais tendentes a limitar a liberdade de expressão.

 

essa suposta contradição, não explicitada mas insinuada através daquilo que o paulo chama 'frases desgarradas' é relevada a partir de uma perspectiva que decreta que não só a liberdade de expressão só pode ser um valor absoluto como que toda a liberdade de expressão, ou toda a expressão a coberto dessa liberdade, vale o mesmo. assim, se eu num caso defendo que a liberdade de expressão é o valor mais forte, terei de o fazer em todos; se num caso defendo a razoabilidade (ou até a justeza) de um processo judicial tendente a comprimir a liberdade de expressão, terei de o fazer em todos.

 

é óbvio que quem assim raciocina (?) esquece que a existência dos crimes tipificados como difamação e injúrias nega o absolutismo da liberdade de expressão -- isto se o mero bom senso não chega para perceber que a liberdade de expressão não pode ser licença para toda e qualquer afirmação ou imputação. traduzindo: é caso a caso que a lei (os tribunais) decidem qual é o valor que deve preponderar, e é caso a caso que a generalidade das pessoas tomará um ou outro partido.

 

tomar partido por uma das partes, coisa que fiz no caso da jonas, tomando-o por ela por considerar que aquilo que escreveu não configura difamação pelo simples facto de ser um relato verídico e consubstanciado de um sucedido e não atentar dolosamente contra qualquer direito da empresa em causa, como faço (naturalmente por mim, eheh) no caso em que sou arguida num processo colocado por uma entidade que se manifestou ofendida por um post publicado neste blogue (do qual não falei até hoje não só por a decisão de arquivamento não ter transitado em julgado mas também porque estou saturada de mártires da liberdade de expressão), não significa nem pode significar que considero que a ensitel (ou a entidade que me processou) não tem o direito de se considerar ofendida e de colocar o processo. não: significa que acho que não tem razão. e continuarei a achar que não tem razão mesmo se -- o que acho impossível, mas nunca se sabe -- um juiz decidir a favor da ensitel nessa matéria.

 

isto apesar de saber que há uma desproporção de poder entre a empresa, que com um departamento jurídico ao dispor, pode dar-se ao luxo de litigar por litigar, e a jonas, que vai ter de pagar a defesa do seu bolso -- e estou em boas condições de assegurar que não é barato -- e portanto, mesmo ganhando a causa, sairá sempre a perder. mas a diferença de peso entre os litigantes não é um argumento para nada nem me leva, à partida, a decidir por um ou por outro. e se, como já sugeri no twitter, os que acham que a jonas tem razão estão genuinamente preocupados com o efeito muito real do processo na vida dela, que se juntem para ajudar a financiar o seu apoio jurídico (já foi até, por um tuiteiro, sugerida a criação de uma conta na paypal). isso sim, é tornar a indignação frutífera e dar expressão material e eficaz às nossas posições comunitárias.

 

para resumir: a existência da garantia constitucional da liberdade de expressão não pressupõe que se possa dizer tudo sem consequências, e mesmo quando fazemos uso dessa liberdade com responsabilidade (ou seja, não imputando acções ou acusando sem provas, por exemplo) podemos sempre ver-nos forçados a provar a justeza da nossa posição em tribunal. chama-se viver em sociedade, e é bom que toda a gente esteja disso consciente. é tão legítima a minha liberdade de expressão como a liberdade da entidade de me processar pelo que livremente exprimi. não tenho qualquer dúvida disso, nem mesmo quando pago, a resmungar, a conta do advogado ou quando passo uma manhã no tribunal. é o risco que assumo pela minha liberdade, o de lutar por ela. e, sorte a minha, porque vivo num país democrático e num estado de direito, só corro o risco de ir à falência.

O candidato

Antes de Cavaco chegar a Belém, ser Presidente da República em Portugal não parecia uma tarefa excessivamente complicada.
A triste figura que ele fez na República Checa, consentindo no enxovalho público do país, revelou-nos que essa ilusão se devia ao facto de todos os anteriores titulares do cargo terem algo de que o actual carece em absoluto: espinha vertebral e sentido de lealdade ao país.
A falta de sentido patriótico do actual inquilino do Palácio de Belém exprime-se de resto continuamente na sua preocupação de explicar aos portugueses os problemas e as preocupações de Angela Merkel, do BCE e dos credores externos, como se a sua responsabilidade fosse para com eles e não para connosco.
Chegou agora ao ponto de qualificar de "insultos" todas e quaisquer opiniões distintas das patrocinadas pelos distintos "mercados". O "bom aluno", já se sabe, distingue-se por ser especialista em dar manteiga aos mestres; quando os lixa, há-de ser sempre às escondidas.
Nunca o país esteve tão desprotegido como agora, quando o seu Presidente, em vez de falar em sua defesa, antes faz coro com as agências de rating que invocam ser a nossa situação económica "insustentável". Se é o próprio Presidente da República de Portugal quem o afirma, quem são os investidores estrangeiros, o BCE e o FMI para o contrariarem?
Chegamos finalmente ao tema da seriedade. Como qualquer bom filisteu, Cavaco Silva interpreta a expressão "seriedade" da forma que melhor se adequa à defesa das suas acções e omissões.
A seriedade, para ele, é um estado de espírito perfeitamente compatível com a agitação à sua volta de toda a casta de malandros que fazem e desfazem bancos, planeiam negócios obscuros e conspiram para plantar nos jornais notícias programadas para socavar a confiança no governo e influenciar eleições.
Ele não sabe de nada, no mesmo sentido em que o bom povo alemão não sabia de nada apenas porque não se perguntava para onde teriam ido os seus vizinhos judeus desaparecidos ou que relação teriam com esses desaparecimentos os comboios atulhados de gente que todos viam rumar a leste.
Mas se não sabe nem quer saber, se é possível rodear-se de gente imprópria para consumo durante duas décadas sem suspeitar do quer que seja, se inclusive chegou a acreditar que o Conselho de Estado era um lugar apropriado para lá enfiar um deles, cabe perguntar que discernimento tem esta criatura de Deus?
Estaremos condenados a manter em Belém uma pessoa assim?

Costa do Marfim à beira da guerra civil

Continua o crescendo de violência na Costa do Marfim com os partidários de Laurent Gbagbo a ameaçarem não só as forças da ONU como Alassane Ouattara, protegido pela Missão da ONU. Blé Gudé, o líder dos Jovens Patriotas, organização que apoia o presidente derrotado, ameaçou tomar de assalto o hotel que alberga Ouattara: «A partir de 01 de Janeiro, eu, Charles Blé Gudé, e os jovens da Costa do Marfim vamos libertar o Golf Hotel com as mãos nuas», disse Blé Gudé,ministro da Juventude de Gbagbo, aos milhares de militantes que o ouviam em Yopugon, um bairro de Abidjan.

 

Acontece

"O sistema irlandês, portanto, amante da vida e da igualdade, diz às mulheres que pecaram o seguinte: se te atreveres a fazer uma IVG entre nós, levas com cadeia para o resto da vida; se fores a um país maldito que tenha esse horror legalizado, podes voltar, pois não temos nada a ver com isso. E assim vivem as mulheres: quando pecam e engravidam (de extraterrestres) e não está em causa a sua morte – razão atendível -, se, no seu juízo pessoal e intransmissível, quiserem fazer uma IVG, ou têm dinheiro (ou juntam o que têm) para atravessar a fronteira ou vão onde for, e deus trate do seu destino."

 

Isabel Moreira, a mostrar, à gente que defende a vida, o que é a vida

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