Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]
Mira Amaral declara hoje ao DN:
"O Estado Social foi construído no tempo das vacas gordas, tem que ser reajustado."
Concordo. Estamos agora numa época de engordar porcos, as vacas terão que ter paciência.
Ricardo Reis, um economista que disse que "o efeito na economia real dos problemas nos empréstimos ‘subprime’ deve ser pequeno" e que acredita na tese da austeridade expansionista, decidiu escrever um artigo no Dinheiro Vivo sobre narrativas qualquer ligação à realidade.
Ricardo Reis insurge-se contra os que, em 2008, defenderam (e ainda defendem) a necessidade de investimento e despesa públicos para sair da crise e combater o desemprego, quando é evidente que isto nada resolve porque os défices aumentam as taxas de juro e matam o crédito a privados (o famoso crowding-out). Admito que na realidade postulada pela teoria económica de Ricardo Reis estas coisas aconteçam. Mas na realidade onde os outros, incluindo os 'pseudo-entendidos', vivem o que justifica os juros elevados em alguns países europeus, como por exemplo Portugal, não pode ser os défices elevados. Se assim fosse, a realidade de países como os EUA, inglaterra e Japão - que têm défices e dívidas elevados sem que isso tenha qualquer impacto nos juros - seria uma impossibilidade. Antes de se assumir como entendido, Ricardo Reis devia pensar nesta bizarra anomalia.
Para Ricardo Reis não é correcto dizer que 'o Fed salvou a economia americana enquanto a timidez do BCE enterra a Europa'. Ricardo Reis diz que 'os números mostram que se imprimiram mais euros do que dólares nos últimos dois anos' e que 'o BCE tem assumido mais riscos do que a Fed alguma vez assumiu'. Isto não só não corresponde inteiramente à verdade, como as duas realidades não são remotamente comparáveis. Primeiro, o aumento do balanço do BCE só passou a ser superior ao do FED en Janeiro de 2012, antes disso esteve sempre abaixo, muito abaixo. Segundo, o FED agiu muito mais cedo do que o BCE. Terceiro, em termos de risco de balanço, o Quantitative Easing (QE) do FED é diferente do LTRO do BCE: no QE a compra de títulos retira risco dos activos do balanço dos bancos americanos; no LTRO isso não acontece, porque os bancos mantêm a titularidade dos activos, sendo estes apenas utilizados como garantia para financiamento junto do BCE. Quarto, e o mais importante, ainda que o BCE tivesse feito exactamente o mesmo que fez o FED, o facto da Zona Euro não ter um Tesouro que emita eurobonds torna as duas realidades, em termos operacionais, radicalmente distintas: na zona euro, ao contrário do que acontece nos EUA, a dívida soberana é-o apenas no nome. Na ausência de um tesouro europeu e de eurobonds, mimetizar os efeitos da arquitectura monetária do dolar implicaria que a política monetária do BCE tivesse como um dos seus objectivos fixar os custos de financiamento dos diferentes Estados Membros - o que não acontece. Já agora, o FED não 'salvou' a economia americana. Os EUA tem problemas graves. O desemprego, por exemplo. Só não têm uma crise da dívida soberana.
Ricardo Reis é aquilo que alguns chamam de economista zombie, alguém cujas ideias pressupõem que a crise actual é uma impossibilidade e que, por isso mesmo, está condenado a viver numa realidade que não aquela em que nós, de facto, vivemos. Nessa realidade onde vive Ricardo Reis, os défices públicos levam sempre a um aumento de juros e o crowding-out é uma verdade axiomática; a economia ou está em pleno emprego ou para lá caminha, e o desemprego deve-se apenas a 'fricções' de curto prazo e à impossibiidade, momentânea, dos mercados funcionarem como mandam alguns os livros; os bancos centrais controlam a oferta de moeda e não apenas o preço a que os bancos se financiam; o crédito está limitado por um stock prévio de poupança e não apenas por rácios de capital e liquidez definidos pelo regulador; a austeridade gera confiança nos agentes privados; etc. Em suma: Ricardo Reis vive num mundo inteiramente criado pelas suas teorias, que, por defeito académico, definiu como sendo a realidade. Neste mundo, não é a teoria que se tem de adaptar à realidade; é ao contrário. Perante isto não é fácil levar a sério alguém que se julga um entendido e que se propõe destruir fantasmas.
De um artigo assinado por Paulo Azevedo (Sonae) e Leif Johansson (Ericsson) hoje inserido no Público:
"Todos os dias, empresas internacionais como as nossas constatam a importância da moeda única no Mercado Único, que trouxe crescimento económico e criação de emprego à Europa."
Importam-se de repetir?
O resto é um relambório digno da senhora Merkel.
A fotomontagem da 1ª página do i de hoje é uma bela metáfora visual do documento divulgado pelo Financial Times na sexta (e que levou a esta reacção grega).
E como já a tinha tido há uns dias no meu FB faço um printscreen do que disse na altura (a linguagem é muito informal porque lá estou num espaço com restrições de acesso mas não me apetece passar a coisa para "linguagem bonitinha" agora).
«O nosso desejo é que estas canções sejam para toda a gente e toda a gente as possa tocar, cantar e bailar. [...] Assim como são para toda a gente, toda a gente pode utilizá-las como mais convenha: cantá-las a solo ou em côro, adaptá-las para orfeão, arranjá-las para os mais diversos conjuntos instrumentais, introduzir-lhes quaisquer modificações que se julguem convenientes, sem curar por demais em respeitar ou desrespeitar as intenções dos autores, porque as intenções dos autores são, pode dizer-se, as de fornecer apenas um esquema poético-musical, que se desenvolverá ou completará consoante as necessidades ou os meios de quem das canções se servir».
Por muito estranho que pareça, uma larga maioria de pessoas acredita mesmo que o SNS é grátis. Sempre que num dos múltiplos focus groups sobre serviços de saúde a que assisti algum participante lembrava que todos o pagamos com os nossos impostos, os outros ficavam visivelmente surpreendidos com a ideia e, como tal, relutavam em aceitá-la.
Devemos por isso compreender que a proposta da direita de pôr as pessoas de mais rendimentos a pagarem os atos clínicos de que são beneficiárias tem junto dos pobres mais recetividade do que habitualmente se supõe.
E, no entanto, os cidadãos que disfrutam de rendimentos elevados já pagam, pela via fiscal, muito mais do que os pobres.
Quanto mais? Tendo em conta que quem aufere o rendimento mínimo ou algo similar não paga IRS e, devido ao seu reduzido consumo, paga pouco IVA, parece-me provável que uma pessoa como eu pague entre vinte a trinta vezes mais que alguém nessa situação.
Aposto que muito pouca gente faz estes cálculos.
Achei por isso curiosíssimo ler hoje no Público uma entrevista à historiadora Maria de Fátima Bonifácio onde ela se manifesta favorável à ideia de as pessoas de posses pagarem mais do que a sua empregada quando recorrem ao SNS.
Apreciei especialmente a parte em que diz: "A desculpa de que já descontam no IRS é uma desculpa de mau pagador. Não faz sentido."
Este argumento é muito bom, quase inultrapassável. Mas não quereria a senhora professora ter a bondade de desenvolver um pouco mais a ideia para as pessoas lá em casa, incluindo a sua empregada, conseguirem percebê-la?
Rogério da Costa Pereira
Rui Herbon
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.
olá. pode usar o endereço fernandacanciodn@gmail.c...
Cara Fernanda Câncio, boa tarde.Poderia ter a gent...
So em Portugal para condenarem um artista por uma ...
Gostava que parasses de ter opinião pública porque...
Inadmissível a mensagem do vídeo. Retrocedeu na hi...