"A destruição do SNS: a experiência de um hematologista de um hospital distrital" por Carlos Seabra
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Leio no Negócios de hoje um interessante artigo sobre as vantagens relativas da eventual criação de uma sobretaxa sobre as PPP versus a sua renegociação.
Uma pesso fica a saber o que acham o Banco de Portugal, Marques Mendes e Marcelo Rebelo de Sousa. Mencionam-se rumores sobre o estado das renegociações. Recorda-se os pareceres do Tribunal de Contas.
O que eu gostaria de saber, porém, é quanto pensa o governo conseguir recuperar com as suas altas manobras, sobretudo tendo em conta as expectativas recentemente criadas pelo PM em relação à possibilidade de evitar mais sofrimentos aos portugueses reduzindo os encargos com as PPP. De quantos milhares de milhões estamos a falar? Números, quero números!
Persistente como sou, fui lendo até ao fim, até encontrar na ultimíssima linha do artigo a seguinte revelação: "Segundo dados do Tesouro, em 2014 os encargos líquidos com as PPP rodoviárias vão ultrapassar os mil milhões de euros".
Note-se que 1º se fala de 2014, não de 2013 e 2º o número adiantado é deliberadamente vago (qualquer coisa como mil milhões de euros).
Ora bem, o PIB nominal português terá rondado em 2011 os 180 mil milhões de euros. Logo, as PPP rodoviárias (a parte substancial das PPP) equivalem a um nadinha mais do que 0,6% do PIB.
A primeira coisa a notar é a dimensão insignificante do encargo em termos relativos, o que deveria tornar ridícula a mera suposição de que a sua renegociação possa ter alguma importância para a redução do défice do sector público.
A segunda... bem a segunda é que, trabalhando muito muito muito bem, talvez o governo concretize o glorioso feito de poupar o equivalente a 0,02% do PIB, sabe-se lá com que custos escondidos.
A frase do dia (de ontem), do primeiro-ministro ("Se algum dia tiver de perder umas eleições em Portugal para salvar o país, como se diz, que se lixem as eleições, o que interessa é Portugal"), é todo um compêndio de inabilidade e desorientação política. Um governante que vai a banhos no fim da sessão legislativa revela, em contraste com o habitual discurso de segurança e firmeza, uma inquietante dúvida: afinal, se calhar, os interesses de Portugal não têm nada a ver com este governo, porque a hipótese de perder eleições já está em cima da mesa. Embora Passos Coelho possa achar que lhe fica bem fazer tiradas destas, sabendo que a imprensa irá reproduzi-la, está enganado, porque funciona bem só à superfície e para alguns leitores do Correio da Manhã (como se diz agora? soundbyte?). Na realidade, ratando um bocadinho o verniz, percebe-se o que está por baixo. Aqui ficam algumas observações, uma espécie de cartilha elementar para o nosso primeiro-ministro salva-vidas.
Eram tempos difíceis para Qansawh (ou Qansuh) al-Ghuri. Estava realmente num beco sem saída e o próprio adivinhava, talvez, que seria o último sultão mameluco do Egito. Apanhado no fogo cruzado entre os turcos otomanos em expansão e o jovem e impetuoso Ismail do Irão, o sultão vira-se subitamente confrontado com uma nova e terrível ameaça que lhe minava os rendimentos e a sobrevivência do seu estado: os cristãos haviam chegado ao Mar Arábico e não só abasteciam-se diretamente das mercadorias que tradicionalmente passavam pelo seu reino (e que ele taxava) rumo à Europa, fazendo um bypass a todos os títulos perigoso, como atacavam impiedosamente toda a navegação que se dirigia ao Mar Vermelho. O volume de mercadorias que dava entrada nos seus portos caiu a pique e, com ele, os respetivos impostos. Os seus parceiros de Veneza, tão alarmados quanto ele, instavam-no a resolver rapidamente o problema, pela via diplomática ou militar, ou seria a ruína total para ambos. Qansawh al-Ghuri escreveu ao Papa ameaçando destruir os lugares santos da Cristandade se os portugueses não cessassem a sua ofensiva e tentou, mediante a construção apressada de uma frota, expulsar os intrusos. Tudo isto falhou e o sultão encontrou a morte no campo de batalha, ao tentar suster a ofensiva turca. O Egito foi então incorporado no Império Otomano, ocupação que durou quase quatro séculos.
Quando me ensinaram estas matérias - evidentemente não sob o ponto de vista egípcio, mas português - , uma das explicações dadas para o rápido declínio mameluco foi a de que o sultão e os seus conselheiros, para além de politicamente inábeis e militarmente enfraquecidos, teriam lançado uma ruinosa política fiscal para enfrentar a crise: perante a quebra dos fluxos de mercadorias, aumentaram brutalmente as taxas alfandegárias para tentar suprir as baixas, imaginando assim que deste modo conseguiriam obter receitas para fazer frente ao aflitivo aumento das despesas: um exército mal pago, uma administração paralisada, uma sociedade à beira do motim. Evidentemente, quanto mais esta cura era aplicada, pior o efeito.
"Ce crime a été commis en France par la France", hoje sobre Vel d'Hiv.
(Partilhar computadores às vezes dá asneira, o post é meu e não da Ana. ass. Shyznogud)
17.42
"Mãe, diz à polícia para vir depressa. Há gente a morrer aqui
Estou a tratar disso. Eles vão a caminho
Diz à polícia que há um louco a correr e a disparar sobre as pessoas
A polícia já sabe. Já recebeu muitas chamadas. Vai dando notícias de cinco em cinco minutos, ok?
OK. Tememos pelas nossas vidas
Eu percebo, querida. Fica escondida, não te mexas. A polícia já está a caminho, se não tiver chegado já. Vês alguém morto ou ferido?
Estamos escondidos nas rochas, junto à costa...
Óptimo!"
18.30
"Não sabemos (o q está a acontecer)
Podes falar agora?
Não, ele ainda está aos tiros!
O Joergen nadou até à costa. Acabei de falar com o pai dele. Está em todas as televisões agora, todos a olhar para Utoya. Tem cuidado! Quando puderes vem para terra e fica com o avô do Hamar
Ainda estou viva
Graças a Deus!
Estamos à espera que a polícia chegue para nos levar. Acabámos de ouvir tiros, por isso não nos atrevemos a levantar
Muito bem. Boa escolha. A ilha está a ser evacuada, estão a dizer na TV"
in DN 27.7.2011
Se não me engano, foi em 1997. Não havia crise à vista. Fui a uma entrevista de emprego e, apesar de ter corrido muito bem, com testes e tudo, não fui selecionado. Motivo? aparentemente, pela conversa que escutei, tinha "habilitações a mais": uma licenciatura e um mestrado. Não queriam alguém com conhecimentos que extravasassem o âmbito estrito do objeto de trabalho: manuais escolares. E garantiram-me logo que, caso fosse escolhido, eu que não contasse com qualquer atribuição preferencial de obras na minha área de trabalho, história; muito possivelmente ser-me-iam entregues manuais de matemática ou de biologia. Achei bizarro (para não dizer estúpido), mas percebi que só queriam um executor de tarefas e a última coisa que desejavam era alguém que, sabe-se lá, questionasse as matérias dos manuais ou detetasse erros e mazelas.
Anteontem saiu no Público uma peça sobre licenciados que ocultam - ou não expõem abertamente - as suas habilitações, por assim lhes ser mais fácil conseguirem emprego. Hoje - ironicamente, no mesmo dia em que desaparece Helena Cidade Moura, nome maior da alfabetização em Portugal - Maria Filomena Mónica, no Expresso ("Educação e Desenvolvimento Económico"), aproveita para zurzir uma vez mais na "proverbial tese de esquerda" que alegadamente faz depender o sucesso económico de um país do aumento da sua escolaridade.
Um terrorista americano entra num teatro no Colorado e dispara indiscriminadamente sobre os espectadores presentes, fazendo 12 mortos e mais de 50 feridos.
O Presidente Obama dirige-se à nação em choque e declara o seu firme empenho em perseguir e capturar os terroristas, onde quer que se acoitem.
Interpela directamente os EUA, afirmando que os considera responsáveis por permitirem a livre compra de armas de fogo a qualquer criminoso que pretenda utilizá-las contra os indefesos cidadãos americanos.
No Conselho de Segurança da ONU, os EUA conseguem aprovar, com os votos contra da China e da Rússia, uma moção condenando os EUA pelas facilidades que concede aos terroristas para operarem a partir do seu território. A moção apela à imediata revogação da venda livre de armas de fogo que tantas vítimas causou já.
Em resposta, os EUA repudiam qualquer ingerência nos seus assuntos internos, ainda por cima quando pretende ela visa condicionar a liberdade dos seus cidadãos.
Obama considera esta resposta uma ameaça aos valores e ao estilo de vida ocidental e apela aos seus aliados a que se unam para enfrentá-la.
Um força invasora liderada pelos EUA reforçada com contingentes britânicos e cazaques ataca Washington e ocupa a Casa Branca e o Capitólio, forçando os membros da Casa dos Representantes a revogar a venda livre de armamento.
Correm rumores de que estará iminente um assalto de pára-quedistas cazaques ao Bronx para iniciar o desarmamento forçado dos gangues.
Rogério da Costa Pereira
Rui Herbon
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The times they are a-changin’. Como sempre …
De facto vivemos tempos curiosos, onde supostament...
De acordo, muito bem escrito.
Temos de perguntar porque as autocracias estão ...
aaaaaaaaaaaaAcho que para o bem ou para o mal o po...