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Sou de uma geração que, ideologicamente, agia segundo vários motes, ou princípios, dos quais escolho aqui dois, para este argumento:
- Definir o inimigo principal para lutar contra ele, fazendo alianças com os inimigos secundários
- Os fins justificam os meios
Continuo a achar interessante o primeiro, como táctica política, mas rejeito totalmente o segundo, considerando até que serviu de mote a todos os crimes, não só contra os seres humanos individualmente, como contra a humanidade. Prefiro a frase de Camus: então se o fim justifica os meios, o que é que justificará o fim? («La fin justifie les moyens. Mais qu'est-ce qui justifiera la la fin?»). Além do mais, mas não só, porque os meios também acabam por definir os fins, ou estragá-los.
Isto a propósito de um post que está abaixo publicado, do meu co-blogger Paulo Pinto. Pelo que acabo de dizer acima, compreendo-te Paulo: certa argumentação pode prejudicar os objectivos desejáveis.
Não estive ontem na Reitoria da Cidade Universitária, mas acompanho com interesse mais esta iniciativa mobilizadora contra o actual estado de coisas. E digo: o inimigo principal neste momento é o governo e a sua política de austeridade. E esta tem de ser travada, através da conjugação de todos os esforços, incluindo os dos "inimigos secundários".
No entanto, considero que não se pode dizer que estamos pior do que no tempo de Salazar, para retratar a tremenda situação actual. É historicamente errado – e anacrónico - dizê-lo e não serve para nada, muito menos para caracterizar o que se passava então e o que se passa hoje.
Dito isto, não querendo parecer estar "a dar uma no cravo e outra na ferradura", penso, no entanto, que, se é melhor não compararmos situações actuais com as do passado, para propósitos políticos actuais - além do mais porque são totalmente diferentes -, também é verdade que no discurso político, podemos por vezes utilizar a História para não cairmos numa situação que sabemos onde poderá ir dar (mesmo de forma diferente do que aconteceu). E o meu inimigo principal, neste momento – longe disso – não é Mário Soares, mas o objectivo contra o qual ele se propõe lutar.
A imagem supra é tirada da 1ª página do Diário Económico de hoje e a afirmação que é feita está longe, muito longe, de corresponder à verdade. E é triste ter de dizer a jornalistas económicos que só haveria triplicação de benefícios se a dedução máxima conseguida com a apresentação de faturas passasse dos 250 para os 750€, o que não aconteceu, certo? Ser mais fácil atingir - ou melhor, menos difícil - o benefício máximo não é igual a triplicar o dito, ó senhores jornalistas.
... e para não acharem que martelo sempre nas mesmas, aqui vai outra favorita, na melhor interpretação que encontrei até ao momento (e olhem que ouvi muitas):
(reprise: ataque saudosista destas coisas, que não escolhem dia nem hora)
Acabo, há segundos, de ouvir Mário Soares dizer, na RTP-1 (foi logo uma das suas frases iniciais), que nem no tempo de Salazar estivemos tão mal, e que não se lembra, mesmo nessa época, de ver gente a catar caixotes do lixo. Das duas, uma: ou Soares está a perder a memória ou não tinha, enquanto jovem, a sensibilidade social de que se reclama agora. Eu não vivi no tempo de Salazar. Mas basta não ser originário de uma família abastada (como Soares é) para saber que há comparações que não se fazem, por serem ofensivas a tanta gente que sofreu a miséria, o analfabetismo e a injustiça desses tempos.
(clicar na imagem para aumentar)
O David, que tem muito mais paciência que o comum dos mortais, resolveu ilustrar devidamente o meu post sobre porcos que andam de bicicleta. Recomento vivamente a leitura para se apreciar a dimensão do topete de ontem.
Só acrescento mais uma citação, de um texto menos acessível porque não foi publicado no DN mas numa coletânea de textos, coordenada por José Manuel dos Santos, sob o título O que é o povo?, publicada pela Fundação EDP em 2010.
Vou roubar-te descaradamente este naco para aqui
resta registar com agrado a intervenção de Abel Matos Santos, que passo a citar:
"acho que o debate deve ser centrado numa questão essencial que é: perceber primeiro, antes de legislar e de decidir, se, isto que está a ser proposto, é bom, é pior ou é igual para as crianças. se for bom ou igual, muito bem. se os estudos mostrarem que é mau, que é pior, então temos que repensar. isto é que é importante. isto é que é o superior interesse da criança"
Tão simples! Basta seguir as recomendações das associações profissionais que estudam e produzem ciência nesta matéria e das instituições que todos os dias trabalham na defesa do interesse das crianças:
- Instituto de Apoio à Criança:
"O Instituto de Apoio à Criança entende que a aprovação hoje no Parlamento, da Lei que permite a co-adoção pelo cônjuge ou unido de facto do mesmo sexo se traduz numa vantagem para as crianças na medida em que protege relações afetivas relevantes."
( Ver mais... )
E há mais, Rui, muitas mais - tudo, tudinho, vendido ao lobby gay. Pela enésima vez deixo o que já postei sobre este particular.
"Confesso que já ando a ficar marreca com o tema, mas como quero acreditar que é o bem estar físico, psíquico e social - a saúde, portanto - das crianças o que verdadeiramente a todos interessa salvaguardar talvez valha a pena conhecer as posições institucionais de diversas organizações com "alguma" responsabilidade neste assunto", nomeadamente a American Academy of Child and Adolescent Psychiatry, a American Academy of Pediatrics, a American Academy of Family Physicians, a American Medical Association, a American Psychiatric Association, a American Psychological Association, a American Psychoanalytic Association, a Child Welfare League of America, a National Association of Social Workers e o North American Council on Adoptable Children
Rogério da Costa Pereira
Rui Herbon
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