Uma semana, 2 mortas.
Dia 12 em Santarém e hoje em Soure.
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Dia 12 em Santarém e hoje em Soure.
Luxemburgo aprova casamento entre pessoas do mesmo sexo. A adopção também já ficou decidida.
P.S. - Poiares Maduro foi para o governo para ser o bobo da corte?
(ficam a faltar a Valsa Brasileira e o Sem Fantasia, não tive tempo para as encontrar)
O Tribunal Constitucional fez esta sugestão de leitura ao governo, em suma
Por que não ouvimos e lemos outros «intelectuais de esquerda» como José Medeiros Ferreira, nos media, antes? Mas podemos ler agora. Continuo a leitura do último livro de José Medeiros Ferreira. Cito-o de novo, a propósito de quem lucrou, e quem não lucrou, com a EUM:
«A União Económica e Monetária (UEM) foi um objectivo necessário no contexto de reunificação alemã e do alargamento a Leste. Tinha de se lançar uma âncora. A Zona monetária é que foi mal concebida, quiçá com reserva mental. A zona euro prejudicou o crescimento da economia portuguesa e nunca mais fomos os mesmos.
Estas negociações para a entrada na serpente cambial e no euro foram das piores da nossa história desde o estabelecimento do padrão-ouro.
Deste modo, a economia portuguesa não só perdeu o volante da política cambial como teve de enfrentar a conversão de um escudo sobrevalorizado que lhe fez perder competitividade externa automaticamente» (p. 144).
E a emigração? Acerca da qual intuímos, quando Passos Coelho disse que era preciso emigrar, que havia uma política nesse sentido:
«Por exemplo, a Economia Social patente no “Memorando de Entendimento” é muito claro no seu objectivo de criar condições favoráveis à mobilidade do factor trabalho a fim de se dirigir para os centros de crescimento económico onde exista capital, e abandonar os sectores e as regiões em depressão à míngua de investimento. É uma velha lei das zonas monetárias obrigar o factor humano a seguir a moeda onde ele se encontra (…)
Assim, no ponto que versa o “Mercado do Trabalho e Educação”, as medidas tendem a “facilitar a transição dos trabalhadores em todas as profissões, empresas e factores”, fragilizando deliberadamente o vínculo dos contractos de trabalho, reduzindo os períodos do subsídio de desemprego, e as indemnizações de despedimento. (…).
Os países receptores de mão-de-obra querem receber recursos humanos formados nos países de origem à custa dos orçamentos dos Estados periféricos . Deste modo o “combate ao défice educativo e ao abandono escolar precoce” fica a cargo da República Portuguesa.
Também a rúbrica “Mercado Habitacional” está cheia de boas intenções, pois é preciso libertar “as famílias” dos pesadelos das prestações mensais (….). “Promover a mobilidade dos trabalhadores” implica , assim, eliminar a compra de casa própria (…). Com as novas leis tudo será mais rápido e feito para fazer circular as pessoas.»
Para avivar a memória e o conhecimento da História da integração europeia, apelo a que se leia Não há Mapa Cor-de-Rosa. A História (Mal)Dita da Integração Europeia, magnífico ensaio de José Medeiros Ferreira, brilhante intelectual de esquerda, recentemente falecido, que, infelizmente, não «hegemonizou os media».
Trata-se da última obra deste historiador, que, em 1977, enquanto ministro dos Negócios Estrangeiros do I Governo Constitucional, foi o responsável pela rapidez do pedido de adesão plena à então CEE. Eu, pessoalmente, aprendi muito e aproveito para referir dois episódios relatados no livro. Um deles é o conteúdo do discurso de Pierre Mendès-France, proferido na Assembleia Nacional francesa, em Janeiro de 1957, numa crítica ao Mercado Comum projectado por Jean Monnet. Além de desmentir o argumento de que o alargamento do mercado interno seria por si só sinónimo de aumento do bem-estar geral, este brilhante governante francês disse, de forma profética:
«A abdicação de uma democracia pode ser conseguida de duas formas, ou pelo recurso a uma ditadura interna concentrando todos os poderes num único homem providencial, ou por delegação desses poderes numa autoridade externa, a qual, em nome da técnica, exercerá na realidade o poder político, que em nome de uma economia saudável facilmente irá impor uma política orçamental, social (e) finalmente uma política…» (p. 97).
Aconselhando a ler mais Mendès-France que jean Monnet, Medeiros Ferreira conclui, no final do seu livro:
«O erro inicial foi o da fuga à vontade dos povos e ao escrutínio democrático a nível europeu. Disse-o Mendès-France com clareza (…). O chamado “método Jean Monnet” acabaria por criar um hiato entre a Europa dos oligarcas e dos burocratas e a Europa dos Cidadãos para surgir agora a Europa das Chancelarias. Ora, a Europa das Chancelarias não é um passo em frente em relação à história do continente (…)» (p. 155).
Pelo meio deste excelente ensaio, fica-se também a saber de algo que não é dito nos media, em particular que Cavaco Silva confessou, no II volume da sua Autobiografia, ter sido responsável, na reunião dos governadores dos bancos centrais, de 4 de Abril de 1992, que «fixou a taxa de câmbio do escudo e a consequente entrada no Sistema Monetário Europeu com um valor que prejudicou a competitividade das empresas exportadoras portuguesas». Ele próprio conta que, para ultrapassar um impasse, deu «indicações para que fosse aceite a proposta de compromisso apresentada pelo governador do Banco da Alemanha, Hans Tietmayer de uma taxa de câmbio de 178,753 escudos por ECU» (p. 118)
A SIC Notícias emitiu uma importante entrevista dada ao jornalista Henrique Cymerman, pelo Papa Francisco, onde questionado pelo entrevistador sobre o papel de Pio XII relativamente ao Holocausto, ou Shoah, este desvia a atenção – mal ou bem – para o papel dos Aliados durante a II Guerra Mundial, criticando o facto de estes não terem bombardeado as vias férreas conduzindo ao campo do extermínio de Auschwitz-Birkenau, não impedindo assim a continuação dos massacres e do extermínio nazi. Duas pessoas diferentes falaram-me dessa afirmação, elogiando o Papa por apresentar um argumento, sobre o qual que nunca tinham pensado. Ora, não se trata de uma questão nova, pois desde o final da guerra e a descoberta dos campos do extermínio nazis foi frequentemente colocada e discutida, nomeadamente no seio da historiografia sobre o Holocausto. Num livro editado no ano passado, Portugal, Salazar e o Holocausto, da autoria de Cláudia Ninhos e de eu própria, essa questão é abordada, pelo que publico alguns excertos sobre o tema.
A chamada «solução final do problema judaico»
Com o triunfo da posição da SS e da RSHA sobre as outras facções, através da conferência de Wannsee, de Janeiro de 1942, foi posta em marcha a «solução final», em Chelmno e Maidanek. Os motores diesel ali utilizados viriam a ser substituídos pelo Zyklon B, também usados nos outros campos da «operação Reinhardt» de Belzec, Sobibor, Treblinka e Auschwitz-Birkenau, erguido partir de Novembro de 1941 A partir de Wannsee e não mais viriam a ser tomadas decisões sobre matar ou não os judeus, mas, sim, sobre quando e por qual ordem estes deveriam ser assassinados. Dessa forma, não tendo sido o momento da decisão de levar a cabo o Holocausto, a conferência de Wannsee marcou o ponto da decisiva transição entre as deportações quase genocidas e um claro programa político oficial de extermínio.
O certo é que a 25 desse mês de Março, se iniciaram, em toda a Europa ocupada pela Alemanha, as operações genocidas e no Verão a terrível máquina de extermínio já estava plenamente em marcha. Na Polónia, os guetos foram dissolvidos e os seus ocupantes, tal como os judeus de França, Bélgica e da Holanda, começaram a ser deportados para os campos de extermínio. Nas semanas seguintes, cerca de 90.000 judeus, primeiro, homens jovens programados para o trabalho, e, depois, mulheres e crianças, foram enviados do Estado-fantoche da Croácia para guetos no distrito de Lublin e para os campos a Leste. Em 22 de Julho, iniciaram-se as deportações dos judeus de Varsóvia para Treblinka e, em 5 de Outubro, Himmler ordenou a deportação de todos os judeus dos territórios ocupados para Auschwitz. Com o início do funcionamento das câmaras de gás no campo de extermínio de Auschwitz-Birkenau, em Junho de 1942, os nazis tinham passado à fase aberta do genocídio planificado e sistemático, cujo ponto culminante e derradeiro viria a ser o massacre de meio milhão de judeus húngaros, executados ao ritmo de 10.000 por dia, no Verão de 1944.
Em Dezembro de 1942, cerca de 75% das vítimas do Holocausto já tinham sido mortas e apenas nesse ano foram assassinados 2.700.000 judeus, mais do que em todos os outros anos de vigência do Terceiro Reich. O historiador Raul Hillberg observou o facto de os nazis terem assassinado cerca de 100.000 judeus, no período entre a tomada do poder e o fim de 1940, mas que, no ano seguinte, já tinham morto 1.100.000 judeus, em resultado da guetização, dos massacres periódicos na Polónia e dos assassinatos perpetrados pelos Einsatzgruppen e outras unidades alemãs a leste. Até Março de 1942, contudo, menos de 10% das vítimas do nacional-socialismo tinha morrido, ocorrendo os massacres, sobretudo de judeus e prisioneiros de guerra soviéticos, em Chelmno e na URSS. No entanto, no período entre o começo das mortes em Belzec, em meados de Março 1942, e meados de Fevereiro de 1943, mais de metade de todos os judeus e outras vítimas do nazismo já tinham sido mortos, podendo-se dizer assim que a conferência de Wannsee terá certamente tido um papel galvanizador relativamente aos crimes e aos seus perpetradores.
Posso também ingenuamente fazer esta pergunta: o que há de novo?
O que há de novo, não é que os intelectuais de direita, embora sejam poucos, existam, mesmo se não são provavelmente aqueles - ou todos aqueles - que surgem neste artigo. O que há de novo é que, pelos vistos, tentem passar pelos pingos da chuva, aparentando não terem responsabilidades nenhumas - nem no empobrecimento do País, nem, já agora, na situação do Iraque.
O artigo do Público de hoje não deixa de ter uma pérola: «O Expresso contratou-me porque eu sou bom» (Henrique Raposo, o tal que veio "de baixo").
Mas - pergunto de novo - não tem sido evidente que a partir do 25 de Abril houve uma democratização social? Foi mesmo, com o Estado social e a democrqacia - sim a democracia política e social, o que de melhor houve nestes últimos 40 anos. Claro que assiste-se ao facto de alguns dos que lucraram, e bem, com essa democratização, agora não quererem que isso continue para futuras gerações (a não ser para as pessoas da sua família)
Rogério da Costa Pereira
Rui Herbon
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aaaaaaaaaaaaAcho que para o bem ou para o mal o po...