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jugular

E ela cedeu

"O apoio manifesto ao casamento gay no programa da coligação Unidos pelo Brasil motivou a reacção irada dos evangélicos. Em mensagens publicadas no Twitter, o pastor Silas Malafaia chegou a ameaçar a candidata, apresentando-lhe um ultimato para a situação ser corrigida, sob ameaça de uma reacção “dura e contundente” contra Marina. “Até segunda-feira espero um posicionamento de Marina sobre o lixo moral do programa do PSB para favorecer a causa gay”, escreveu." Nem comento para não inundar isto de asneiras, daquelas mesmo gordas.

Ai Gonçalinho Gonçalinho, o menino leva tau-tau (bem, pode sempre encarar a coisa como sevícia...) Então foi “chamado” para exercer a profissão de padre? Profissão? Vocação já era?

 

As madres durante 15 anitos enfiaram-me na moleirinha que se era chamado para exercer... a vocação! | (e fiquemos por aqui, nem vale a pena falar no chorrilho de asneiras que o Gonçalinho escreve sempre que aborda o tema mulheres)

obstipação

É isso mesmo. foi o que tive nas últimas 24 horas. Cinco coisas - cinco - sobre as quais queria escrever um post mas não consegui. Nem uma palavra. Deviam ter saído uma de cada vez, fluidas, ligeiras e inspiradas, por ordem cronológica, assim no meio de um alívio generalizado. Em vez disso, atabalhoaram-se todas a quererem sair ao mesmo tempo e pronto, nada feito. Nem uma linha viu a luz do dia. Para memória futura (minha), ficam os temas: 1º o ISIS e o califado,  a propósito de um recente artigo do Paulo Rangel no Público; 2º um post mais ou menos íntimo sobre o 4º aniversário de uma inesquecível (para mim) direta, em que acabei uma certa e determinada tese; 3º os 15 anos do referendo em Timor; 4º a suprema irritação que me causou a fala de Marinho e Pinto, ontem na TVI e hoje no Expresso; 5º uma crónica que saiu no mesmo Expresso, da autoria de um prof. de Economia, chamada "Redescobrindo os Descobrimentos". Obstipação. Virtual, felizmente.

tão simples como isso

Acabei de ouvir, no "frente a frente" do Jornal da Noite da Sic Notícias, o deputado Luís Menezes dizer que Portugal é um "pequeno paraíso" no que respeita a certos "problemas". Que problemas? Ora aí é está o busílis. Aproveitando o seu minuto inicial para falar dos incidentes de Ferguson, referiu que se trata de uma cidade com 20 mil habitantes, 80% dos quais negros e que a polícia local é constituída, na sua quase totalidade, por brancos. E depois adiantou que por cá não se verificam tais situações, tanto mais que "os portugueses partiram à descoberta do mundo há 600 anos" (já cá faltava a lição de luso-tropicalismo). Bom. Seria boa ocasião para confrontar o deputado com dados sobre a componente "%-de-cor-de-pele" dos contigentes policiais que atuam na Amadora ou noutras localidades e da respetiva população, mas é melhor nem ir por aí. Basta constatar o incrível grau de ignorância que revela, daquela básica-nhurra-truz-truz-bate-na-madeira, quando menciona o facto de "Portugal não ter problemas com os seus imigrantes" que, aliás e segundo o mesmo, "recebe muito bem". Em bom português dir-se-ia que é parvo ou faz-se: como é que um deputado eleito da nação não percebe que nem os habitantes de Ferguson (e o jovem baleado que deu origem aos tumultos) são "imigrantes", nem os "alguns" problemas que diz existirem em Portugal envolvem "imigrantes". Numa palavra,  são todos naturais, cá e lá. O que ele não quis dizer é que o problema, em Portugal (como nos EUA, neste caso) é de origem rácica (ou étnica, para ser mais politicamente correto). A paranóia mediática sobre meets arrastões não acirra e alimenta o medo e instiga o ódio a imigrantes ou estrangeiros, mas a negros, por serem negros. Portugueses. Mas para o deputado, português tem que ser branquinho como ele; se é preto, então é imigrante. Tão simples como isso.

prolegómenos da misantropia

consideramos, e bem, que o maior mal é o que se faz de propósito e gratuitamente. porque, se formos minimamente sinceros, ou capazes de nos vermos, achar-nos-emos, todos, capazes de fazer mal. por reacção, por defesa, por distracção.

 

mas fazer mal por fazer, por nada, é outra coisa -- pensamos.

 

o problema é que muito raramente alguém achará que fez mal sem razão, ou sem provocação ou agressão prévia. é tudo uma questão de perspectiva: aquilo que consideramos razoável não é universal, longe disso. muito menos a capacidade de empatia.

 

no limite, cada um de nós é uma espécie. o único, primeiro e último exemplar, em extinção, sem nenhum outro ser no mundo que considere seu igual, e um único fito: olhar por si, sobreviver e prosperar até poder.

 

somos todos fair game uns dos outros. todos. e, nessa perspectiva, não há mal gratuito ou sem ser gratuito, há necessidades. ou negócios, como dizem os mafiosos: o mal nunca é por mal, é porque tem de ser.

esticar a corda

Lê-se nos Padrões da Comunidade do facebook: "O Facebook não permite discursos que incentivem ao ódio mas distingue o discurso sério do humorístico. Embora incentivemos o debate de ideias, instituições, eventos e práticas, não permitimos que indivíduos ou grupos ataquem pessoas baseados na sua raça, etnia, nacionalidade, religião, sexo, orientação sexual, deficiência ou doença."

A Shyznogud deu com uma página chamada "Base de dados nacional das mulheres brancas que se misturam com pretos" e que divulga fotos de tais atrocidades abomináveis (já homens brancos que se misturam com pretas não tem nada de mal, antes pelo contrário, né sinhô?). Aparentemente, para expor e denunciar tais poucas vergonhas; em concreto, as mulheres, sempre as mulheres.

Já fiz duas denúncias - eu e mais sabe-se lá quantos - mas o Facebook repete que "Revimos a página que denunciaste por conter discurso ou símbolos que incentivam o ódio e considerámos que não desrespeitava os nossos Padrões da Comunidade". Portanto, das duas, uma: ou o FB tem um estranho sentido de humor ou acha que "preto" não é referência a "raça" nem "etnia" (a cor dos sapatos, talvez?) nem é um "ataque". Há uma terceira via: está-se a borrifar, desde que não haja impacto visual (como nudez), que importa lá isso, não é?

 

 

brevíssima arenga ao compatriota utente de seguros

Sabei, pois, ó gentes, que em boa verdade vos digo: se tiverdes contrato com uma seguradora, lede bem os seus termos e confirmai, exigindo clareza cartesiana, o que está coberto e o que não está coberto. Por exemplo, no seguro de uma habitação, e antes que venha aí o inverno, exigi informações sobre se o murinho, o jardim, o portão ou outros elementos que considerais como "fazendo parte da casa" estão seguros. Se não, não vos admireis se, depois do vendaval, o agente vier dizer que "não contempla espaços exteriores". E se tiverdes contas a pedir por acidente de trabalho ou outro, daqueles que obrigam a tratamento hospitalar, fisioterapias, apoio domiciliário, transporte, vigiai de perto tudo, mas mesmo tudo, confirmai duas vezes os valores, observai tudo com canina devoção e ateia descrença. Sabei que tentarão enganar-vos por todos os meios, esquecer-se-ão de prescrições e de tratamentos, cometerão erros elementares que não se admitem a uma criança de 8 anos - e curiosamente sempre "para baixo" e nunca "para cima", desculpar-se-ão com atrasos, esperas, confirmações e desconhecimentos e sacudirão sempre a água para cima de terceiros, os atrasos do hospital, o hospital que não mandou, não comunicou, não informou. Sabede que tudo é feito para vos cansar, para vos exasperar, para vos fazer perder a concentração e, em última análise, para vos roubar. E preparai-vos para ligar para o número da companhia as vezes que forem necessárias, em caso da mínima dúvida, e pedir e informar, e lembrar, e relembrar, e saber porque é que a fisioterapia foi prescrita há uma semana e ainda não há sessões marcadas, e porque é que o valor não corresponde, e porque é que aquilo e aqueloutro foi anulado sem explicação, e porque é que, e porque é que, e porque é que. E não vos fieis nas desculpas sobre o sistema informático, o técnico que ainda não averiguou e o colega que ainda não confirmou, pois tudo isso são igualmente formas para vos cansar e fazer desistir.

E, por fim, se receberdes em casa um perito, sede corteses mas sucintos e firmes e recusai-vos a emitir opiniões sugeridas e dirigidas e a dizer "o que achais" sobre assuntos que não são de vossa responsabilidade, resisti a criar empatia excessiva com o agente, pois é certo e seguro que tentará lançar-vos contra outros cidadãos, promovendo a dúvida, a incerteza e a discórdia: certamente que um colega estará a essa hora, em casa deles, a tentar convencê-los a fazer o mesmo. E se for preciso, reclamai, protestai, denunciai, porque o silêncio faz ganhar milhões. Tudo isto que acabo de escrever aplica-se, por experiência própria, à Bonança, depois Império Bonança, agora, em plena merging apoteótica, à Fidelidade. Há quem grite com os funcionários e quem chame "filhos da puta" e beba mais um copo. Eu, depois de ver o Chatoné a descer a montanha de cajado na mão, ensaio um sermão, prontos.

sejamos sinceros

'Há de facto uma animosidade política e ideológica com IM, mas sobretudo uma animosidade dos modos de actuar em sociedade. Ninguém esperaria ver alguém tatuar no seu braço uma data «histórica», qualquer que fosse, sejamos sinceros! Por outro lado, há a agressividade dos textos nos jornais, e a obsessão da defesa de género que é todo um programa psicanalítico e psiquiátrico que, ao lado, deve dar boa renda à sra AMP. Uma mulher magricelas em poses ousadas na praia que se exibe num facebook aberto a públicos é outra forma de exibicionismo pessoal que precisaria de algum recato, sobretudo quando essa pessoa desempenha funções de estado que não são de somenos. O recato não é de direita nem de esquerda, é uma atitude de defesa da privacidade, que essa sim é um direito e um dever universais.'

 

eu percebo que as pessoas não gostem umas das outras -- oh se percebo -- e que tenham até ferniquoques perante aparições dos objectos do seu desgosto. percebo que se amofine alguém com a estética e ética alheias, que se amarinhem paredes por causa de um par de sapatos ou um corte de cabelo, uma maneira de pontuar ou maiúsculas em profusão. percebo tudo, juro, e até simpatizo, sou muito dada a repulsas desse jaez. percebo pois que a pessoa que escreve o excerto acima se torça toda perante imagens, escritos, voz e até nome da isabel moreira, como eventualmente de outras 'mulheres magricelas' que escrevem 'textos agressivos nos jornais' com 'obsessão da defesa de género' e outras cenas que a pessoa discerne à sua volta e a deixam enervadíssima até à psoríase.

 

bom.

 

o que me parece um pouco estranho é que esta pessoa sinta que tem de expressar este incómodo que lhe é tão particular e subjectivo tão publicamente e de forma tão assertivamente odienta. é que, concordo, se o recato não é de direita nem de esquerda -- é de bom gosto, direi eu --, nada nos revela melhor e de forma mais cruel que as obsessões que não conseguimos controlar, as raivas e ódios que nos assolam em ímpetos tresloucados. e tresloucado porquê, perguntar-se-á. por um motivo simples: a pessoa não consegue disfarçar que não é o acto que o deixa desvairado, é a 'im' -- ou, se quisermos ser compreensivos, o 'tipo im'.

 

repare-se que a pessoa, se receita recato, fá-lo apenas a 'mulheres magricelas'. se a mulher for pulposa ou mesmo badocha já pode, supõe-se, exibir-se em 'poses ousadas na praia' (quer dizer, de bikini, pouca-vergonha) e colocar as fotos no fb para esta pessoa, entre outras, apreciarem. mais: afinal o recato é sobretudo para quem desempenha 'funções de estado que não de somenos'. donde se retirará que, se a mulher, voluptuosa de preferência, não desempenhar funções de estado ou desempenhando-as forem de somenos, já pode ousar o que entender na praia e no fb. é isto, não é? 

 

portanto a questão em apreço parece ser que a pessoa não quer ver mulheres magricelas de bikini na praia, só gorduchas. (eu compreendo; também gostava de só ver pessoas bonitas e inteligentes e com sentido de humor, bom gosto musical e bem vestidas e calçadas -- e todas a acharem-me o máximo, faz favor -- por todo o lado, mas tenho a sorte que se sabe (excepto naquilo de me acharem o máximo, vá lá)). e também acha que pessoas com função de estado, se magricelas, não deviam ir à praia ou ter conta no fb (estou tentada a concordar, quase, derivados, mas no meu caso incluía também os gordinhos e os assim-assim). 

 

a grande diferença entre mim e esta pessoa, no fundo, é que apesar das minhas ilusões de grandeza e pancas variadíssimas consigo perceber que não vale a pena escrever textos a exigir que as pessoas de quem não gosto não sejam magras, não saiam à rua, não usem bikini, não vão à praia, não escrevam nos jornais, não defendam lá o que entendem defender (com limites, claro) e não sejam, se lhes apetece, exibicionistas. nem me passa pela cabeça achar que a defesa da privacidade é um dever. se a pessoa não quiser defender a privacidade dela é problema dela; o que me chateia é que haja quem ache seu dever impedir-me de defender a minha, e em nome da liberdade ainda por cima. 

 

no fundo (e mesmo à superfície) é tudo uma questão de, precisamente, privacidade. se eu fosse a esta pessoa guardar-me-ia de exibir de forma tão despudorada e descontrolada as minhas obsessões, nomeadamente a minha obsessão com a isabel moreira e com o que ela decide ou não tatuar no corpo dela, e em geral o que decide ou não fazer com o corpo e a vida dela. porque isso é a exibição muito pouco recatada de um ímpeto persecutório e de um desejo totalitário (e muito pouco cristão, já agora) de aniquilamento. esta pessoa, na verdade, queria que a isabel desaparecesse do espaço público (se até a tatuagem dela o deixa desvairado -- queria o quê, 'amor de mãe'?), que a isabel não tivesse 'funções de estado', que a isabel não fosse a isabel, que a isabel não existisse. 

 

sejamos sinceros: esta pessoa tem, além de problemas graves com o português e com os conceitos -- 'animosidade de'???, 'uma forma de exibicionismo que precisaria de recato???? --, problemas ainda mais graves com a liberdade, e nomeadamente com a liberdade das mulheres em geral e com a da isabel em particular. o que me parece, devo confessar, todo um programa psicanalítico (psiquiátrico não sei). não vou tão longe que queira que esta pessoa se feche em casa ou num mosteiro e cesse todo o discurso público; mas confesso que preferia, até por ela, que a pessoa guardasse estas ousadias de ódio para si. é que é feio como tudo e quiçá com o andamento pode tornar-se perigoso -- o que não é de direita nem de esquerda, é só mesmo o que é. 

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