Mais BN, uma farpa para o Rui Tavares
É a terceira vez que volto ao assunto BN - porque é, de facto, importante - mas, desta vez, não é directamente sobre o encerramento da Biblioteca que venho falar. O assunto é tema da crónica de hoje do Rui Tavares, o que louvo mas, por isso mesmo, custou-me muito ver o Rui começar o seu texto de forma pouco honesta. O primeiro parágrafo do texto do Rui (que estará, como de costume, online amanhã no blog dele) diz o seguinte, "A história da Biblioteca Nacional começa por aquilo que ela não é. Portugal deve ter das bibliotecas nacionais menos democráticas do mundo. Uma pessoa distraída poderia imaginar que a Biblioteca Nacional fosse um lugar aberto e disponível para qualquer cidadão. Não, não, não. Mariquices dessas são para a Biblioteca do Congresso dos EUA, onde qualquer um pode entrar, ou para o velho edifício da Biblioteca Britânica, onde os anónimos se podem sentar nas cadeiras de Darwin ou Marx e mexer nos livros à vontade. Por contraste, se o cidadão tentar inscrever-se como leitor da Biblioteca Nacional portuguesa, o primeiro obstáculo que terá de superar é um interrogatório bastante chato no qual tem de provar que precisa mesmo de consultar os fundos da Biblioteca Nacional. Onde noutros países basta querer, em Portugal é preciso ser autorizado.".
Não precisei sequer de ir consultar o regulamento da BN (disponível aqui) para saber que o acesso é universal a qualquer pessoa maior de 18 anos, bastou-me lembrar que a minha filha mais velha tinha feito o cartão de leitor há poucos meses, tendo apenas que mostrar o BI e o cartão de contribuinte (e pagar, se não estou em erro, 8 €), não tendo que responder a nenhum questionário. No preciso momento em que preencheu os documentos com a identificação ficou com acesso imediato à BN.
Estará o Rui a confundir acesso à BN com acesso aos Reservados? Mesmo a esses, e que eu saiba, não há nenhum questionário para responder (apesar de haver condicionamento de leitura). Era escusado carregar de cores negras não verdadeiras um texto que, pelo resto, vale muito a pena e que assim se vê maculado por uma nódoa dispensável. E ainda estou para perceber onde foi ele buscar a história do "questionário chato".
p.s. - relembro o endereço da petição que anda a correr por aí.