O maravilhoso mundo dos liberais
Isto é absolutamente fascinante. James Galbraith, interpretando os sinais que os mercados de facto vão dando, diz que o financiamento do défice dos EUA não está em causa e que, por isso, no contexto actual, a redução da despesa não deve ser uma prioridade da política económica. Peter Schiff, um especialista em mercados financeiros e apoiante do hiper-liberal Ron Paul, diz que, independentemente do que o mercado vai dizendo, é óbvio que o défice tem se ser insustentável, que o mercado está errado e que, independentemente do que ele possa estar a dizer agora, é certo e seguro que dentro em breve vai dizer aquilo-que-eles-sempre-dizem-mas-estranhamente-não-estão-a-dizer-neste-momento. Schiff até pode ter muitos argumentos em defesa das suas políticas, mas, depois de ele próprio reconhecer a irracionalidade dos mercados, não pode invocar o 'mercado' como um aliado da sua causa, pois não faz qualquer sentido ajustar a nossa política em função de um comportamento que nada deve à racionalidade. Galbraith diz isto a Schiff; e este, com a certeza de um fanático religioso que sabe que tem sempre razão, e sem que se perceba muito bem porquê, desata a rir à gargalhada. Nunca respondendo ou sequer reconhecendo pertinência às objecções de Galbraith, Schiff vai reiterarndo a validade da sua posição. Num registo profético-apocalíptico, Schiff diz mesmo: os EUA serão a próxima Grécia! Porquê? Porque sim; tem de ser. Quando Galbraith lhe recorda que os EUA não podem ser comparados com a Grécia porque controlam a sua própria moeda, Schiff insiste na sua posição. No fundo, Schiff sabe que os défices têm de ser insustentáveis. É um dogma de fé, um pilar essencial do seu credo religioso, cego e irracional.