Puro deleite
A verdadeiro liberal é na realidade um esteta que se deleita com a beleza do Mercado e da Mão Invisível. Ou melhor, o liberal é um ser humano dividido em dois. Por um lado, participa no mercado como toda a gente—comprando, vendendo...enfim, fazendo aquilo que a ciência económica diz que as pessoas fazem. Por outro, é um Liberal e contempla a ordem verdeira do Ser em toda a sua harmonia. Há quem fale da especulação e das subidas de preços com preocupação e alarmismo; mas nada disso importa ao verdadeiro Liberal, pois a especulação é a virtude do homem enquanto investidor—ela não é mais do que a procura racional do lucro que antecipa um aumento de preços. E essa coisa do aumento de preços, é na realidade uma relação entre a oferta e a procura que reflecte a escassez de recursos; pode tornar a vida mais cara, mas é sobretudo uma oportunidade para exercitarmos a imaginação e a criatividade humanas. A racionalidade disto tudo vem nos livros, e o liberal já a conhece. Por isso, ele olha para a desorientação dos outros com a altivez dos sábios. Os liberais conseguiram aquilo que Platão julgava impossível: afinal o sol está na caverna. Basta saber olhar, e imitar o João Miranda.