Reducionista, mantenho
Apenas li o que escreveu, Pedro Correia, e reparei, aliás, que não deu conta de algumas opiniões de gente que faz da escrita de notícias a sua profissão.
A possibilidade de escrutínio em praça pública é sempre uma mais valia, sobretudo para com actividades tão corporativistas como são a medicina e o jornalismo. Em ambos os casos, parece-me, têm existido mudanças evidentes e ganhos objectivos.
Não se trata, do meu ponto de vista, de ter ou não idade para o que quer que seja (não há idade para a ingenuidade, deixe-me avisá-lo ) mas antes de fazer esta discussão partindo de um monte de juízos prévios e de opiniões barricadas. Assim de repente lembro-me de duas situações relativamente recentes onde as questões deontológicas dos jornalistas foram trazidas à tona sem que o PM estivesse implicado, as escutas do Fernando Lima e os documentários da Fernanda Câncio. Esta visão tubular, com a subsequente diminuição da amplitude dos campos visuais e as generalizações pouco sustentadas, são, insisto, reducionistas e um bocadinho persecutórias e auto-referenciais.
As temáticas deontológicas - jornalísticas, no presente caso - não se esgotam no direito a informar - e ser informado - com rigor e no dever de o fazer de modo verdadeiro (esses aspectos, também passíveis de discussão, não são o fulcro da conversa neste momento e não vou desviar-me). Mantendo o paralelo com a medicina, as boas práticas clínicas e deontológicas são questionáveis se, para garantir o direito a tratar - e ser tratado - com eficácia e o dever de o fazer depois de um diagnóstico correcto, o médico desancou o doente durante o processo de recolha de dados anamnésticos, por exemplo.
Ps: De novo para não me desviar do assunto deixo, na forma de nota, uma opinião ao final do seu post. Chamar para aqui o Watergate é um bocadinho ao lado e pretensioso, eu acho, e o João já respondeu ao seu "façamos um assupônhamos" - acrescento, contudo, que se alguém nesta casa negar a quem quer que seja e em qualquer circunstância a presunção de inocência eu discordarei. Já a falta de oportunidade dos procuradores para questionarem quem entendessem é, no mínimo, bizarra e ridícula, tal como a maneira como decidiram "dar despacho" à coisa. Se o fizeram após negociação com a directora do DCIAP a bizarria e o ridículo estende-se também a ela. Recordo que a discussão "técnica" sobre o assunto anda por aí e as opiniões não são consensuais. Do teor e da relevância para o processo de algumas das ditas nem falo mais.
Pss: Faltam-me links porque o pc está a marar e não os consigo colocar agora, logo tento.
Adenda: a bem do rigor e da verdade faço notar que do despacho a que o Pedro alude não fazem parte "perguntas sem resposta" mas antes perguntas não feitas.