negrume
não gosto de -- nem acho que deva -- falar de casos judiciários intrincados dos quais nada sei, e mais ainda quando metem mortes. mas neste romance negro em que duarte lima foi erigido em suspeito número um pelos media nacionais parece haver, para além do já habitual atirar às urtigas da presunção de inocência e do dever de não fazer acusações sem provas (de que o rui já falou e muito bem aqui), um problema básico de racionalidade.
um advogado que recebeu, alegadamente, cinco milhões de euros de uma cliente, dinheiro que outros afiançam não pertencer à cliente para dele dispor, e que teria nesse dinheiro, seguindo a trama do romance, o seu móbil, iria colocar-se, no dia da morte (supostamente 'encomendada') da cliente, com ela, e levá-la no seu carro ao encontro do assassino/assassina? ou iria, ele mesmo, com as suas mãos, matá-la?
tudo é possível, responder-me-ão. é, admito: tudo é possível. mas há coisas bastante mais possíveis que outras. e por mais que a ideia de um advogado de alta cilindrada, ex-dirigente do psd, estar implicado numa morte seja de molde a fazer babar os autores das manchetes, usar as sinapses (e não as pedras) talvez não seja má ideia -- vá, de vez em quando.