A ameaça da ética
Em Abril, contei que, em resposta às queixas de pais que não queriam os seus filhos sem nada para fazer enquanto os colegas memorizam versículos das escrituras, o ministro da educação Nova Gales do Sul aprovou uma actividade alternativa para os estudantes que não querem ser doutrinados em «educação religiosa especial» (SRE). Nesta cadeira de ética, os alunos praticam pensamento crítico (sempre uma actividade subversiva), discutem questões do que é certo e do que é errado, enfim iniciam-se em filosofia. Devido à torrente de críticas de todas confissões cristãs do país, a disciplina foi oferecida, numa primeira fase, em apenas dez escolas, uma delas aquela em que este vídeo foi filmado.
Não me parece que algo de errado se passe com estas aulas mas essa não é a opinião de um consórcio de igrejas cristãs, incluindo anglicanos, católicos e baptistas, que parecem furiosos com o facto de em 10 míseras escolas alguns miúdos escaparem às aulas de doutrinação cristã. Pelo menos é o que parece do documento de 12 páginas que publicaram, que explica porque é que estas aulas são uma ameaça e porque é que o governo deveria envidar todos os esforços para que todos os alunos australianos sejam devidamente proselitados. Para além do disparate sobre Darwin na página 11 e das pretensas preocupações com as crianças que «don’t get the advantage an educationally sound SRE programme delivers», esta justificação para abolir a coisa arrumou-me:
The lessons in ethical thinking (...) are antithetical to both the Christian faith and all faiths that have a “higher court of appeal.”
Claro que as verdadeiras razões da oposição cristã à ética são outras e podem ser devidamente apreciadas neste vídeo, que infelizmente o Youtube não deixa embeber. Ide ver e aprender :)