Cumprindo promessas,
Jacinto, aqui vai.
A tua simpatia pela posição dos senhores entristece-me (e irrita-me, vamos lá deixar de fitas), sobretudo por te ter na conta de um homem sensato. Para além disso o teu texto fez-me lembrar, por culpa da associação livre de ideias, a cena dos soutiens queimados pelas feministas portuguesas nos anos setenta, facto nunca ocorrido mas que continua a ser dado como real. A que diabo te referes quando falas nos "toques impróprios" e nos "kits de bondage"? Se alguma vez isso acontecer será, como bem refere o Filipe, um caso de polícia. E essa dos meninos a brincar com bonecos da playmobil podia fazer parte do encantador discurso da Ministra da Educação.
Estou em absoluta sintonia contigo quando perguntas "Qual é, afinal, a relação da porcaria que tem vindo a lume com a educação para a saúde" e a resposta parece-me óbvia: nenhuma, só pode mesmo ser fruto de cabeças emporcalhotadas e a mal com a sua própria sexualidade, insisto. Entretanto fiquei sem perceber o queres dizer com "orientação alternativa", sendo que, seja lá isso o que for, mais que "libertar a criançada de preconceitos" uma educação sexual competente tem (também) por objectivo prevenir o preconceito. Não te parece que gente mais informada e mais liberta de preconceitos tem mais possibilidades de ter um aparelho emocional funcionante e traços de carácter mais adaptativos? Mais que os interesses dos jovens à informação está, do meu ponto de vista, o seu direito à dita.
Em suma, parece-me bastante teatralizada a realidade que descreves. Onde estão as formalizações das (justas) queixas a denunciar e a pedir responsabilidades a quem promoveu cenas de sarapitolas colectivas, por exemplo? Como bem sabes, porque és um homem do Direito, o ónus da prova está do lado de quem acusa, razão pela qual julgo despropositado imputares ao Ministério a obrigação do desmentido. Recordo-te que o ano lectivo agora iniciado é o primeiro pós regulamentação da lei, a portaria é de Abril deste ano. Realço ainda que o próprio articulado legal prevê, de um modo muito claro, a participação dos encarregados de educação no processo.
Como já escrevi, não estamos a falar de como ensinar e aprender a berlaitar em poucas lições, e, repetindo-me de novo, a (in)formação recebida em casa e na escola, qualquer que seja a temática, não é mutuamente exclusiva, antes se acrescenta. Não percebo, portanto, todo este sururu.
Nota: Deixo link para alguns dos inúmeros posts já aqui escritos sobre a temática em discussão.