Este grande ódio*/ de onde é que ele vem?
(com a devida vénia ao Sr. Malick)
Sempre houve comentadores políticos que utilizaram uma linguagem despojada de argumentos racionais, objectivos, verificáveis, para atacar os Governos, preferindo a retórica emocional, as evidências (por natureza carentes de qualquer comprovação) e o diz que disse.
Aliás, uma parte da cultura de irresponsabilidade e de falta de avaliação, por indicadores e métricas, do labor político, é culpa do perpeturar deste tipo de discurso, bom para iletrados, uma vez que emoções todos temos.
É um modo de passar uma mensagem, sobretudo se houver uma combinação de verdadeiro ódio motivador e de procura de influência instantânea da opinião pública (o futebol vem à mente, claro). O que me anda a interessar desde há alguns meses é o número de pessoas que sei inteligentes que se têm juntado a este grupo de comentadores. Pessoas que não teriam dificuldade em apresentar argumentos racionais para fundamentar as suas críticas mas que, ao invés, preferem e proferem um discurso de ódio contra o Governo com todas as suas características clássicas:a linguagem agressiva e hiperbólica, a ausência de fundamentanção, o excesso descredibilizante, a confiança cega nos aliados, a demonização total dos inimigos, a divisão do mundo entre aliados e inimigos. No entanto, nas sondagens (que já sei que valem o que valem) esta polarização emocional não transparece: Governo e principal partido da oposição aparecem próximos, denotando um centramento político.
É evidente que é um discurso que galvaniza quem já está contra o Governo, além de permitir aos próprios sublimar as tensões internas, mas tem como consequência nefasta o extremar do discurso político e afastar a moderação, tão necessária. É que é muito complicado, em política, dar a outra face. E, já se sabe, o ódio gera ódio.
* eu sei, eu sei.

