Arte, imaginação, democracia e tempo
By collapsing the historical dimensions of time—recollection of time past and projection of time future—into an empty play of euphoric instances, postmodernism runs the risk eclipsing the potential of human exprience for liberation. It risks cultivating the ecstasy of self-annihilation by precluding the possibility for self-expression. And it risks a abandoning the emancipatory practice of imagining alternative horizons of existence (remembered or anticipated) by renouncing the legitimacy of narrative coherence and identity —even as practiced here in our own telling of imagination
Regardless of whether reality is taken as the original and imagination as the copy (Platonism) or vice versa (romantic idealism) the old origin imitation prevails. Both in its role as a production of truth (as original presence) and as a reproduction of it (as the re-presentation of original presence), art is still considered to the 'presence of the present' as its norm, order and law. In both cases, it is in the name of truth that 'mimesis is judged, proscribed or prescribed' The voluntary imagination is thus denounced by Becket as the 'inevitable gangrene of romanticism'. It is nothing more than the 'dream of a mad man', a fiction which can never escape from the closed circle of its own representations. As Becket puts it: 'Reality...remains a surface, hermetic. Imagination, applied a priori to what is absent, is exercised in vacuo and cannot tolerate the limits of the real
Em The Wake of the Imagination, Richard Kearney ensaia uma interpretação da história da arte desde os inicíos da religião judaica e dos gregos até aos nossos tempos. Kearney oferece-nos uma geneologia em que a arte é abordada através do conceito de imaginação, algo que depende dem uma 'oposição' entre o real e o imaginário ou possível. Ou seja, para Kearney, só existe arte enquanto os seres humanos forem capazes de imaginar modos de existência alternativos (passados ou futuros), o que remete para formas particulares de vivenciar o tempo. Para Kearney, e de forma algo diferente daquela que o Pedro Picoito sugere, não é tanto a democratização do gosto que é responsável pela vulgaridade vazia e repetitiva da arte (imaginação) contemporânea mas uma espécie de fim da história; ou seja, algo que nivela o tempo e que reduz tudo a um eterno agora. Enquanto que o Pedro parece defender que a sacralização do instante se deve sobretudo ao declínio do poder das elites, causado pela democratização do gosto, Kearney rejeita esta 'acusação' (conservadora) da democracia e centra-se no desaparecimento de um horizonte utópico da experiência humana (religiosa, política), que, ao colapsar a distinção entre real e possível, esvazia a dimensão imaginativa de qualquer conteúdo, condenando-a a um pastiche repetitivo e tendencialmente vazio. Simplificando, a posição de Kearney pretende ser uma alternativa de esquerda ao conservadorismo aristocrático do Pedro Picoito, que se recusa a olhar para a democracia como uma simples transferência de poder e consequente transformação igualitária do gosto. No final do seu livro, Kearney escreve "the historical imagination seeks to transfigure the postmodern present by refiguring lost narratives and prefiguring future ones" (p. 393) e que "the ethical imagination demands such an 'antecipatory memory'—in order to reread history as a seed-bed of prefigured possibilities now erased from our contemporary consciousness". Pode ser mera ingenuidade esquerdista (uma possibilidade real), mas o que Kearney defende é que o povo não é necessariamente a ralé e que a ascensão da democracia não nos remete para uma visão melancólica de um passado perdido. Acreditar na democracia como um ideal assim o exige. Pode ser uma infantilidade, mas talve seja uma infantilidade necessária.

