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Eu é que sou o Presidente da Junta - II

Há uns tempos escrevi que iria esperar para ver as reacções à mui necessária reforma administrativa de Lisboa. Estas já começaram: «O líder da bancada social democrata na Assembleia Municipal de Lisboa manifestou hoje alguma 'desconfiança' quanto ao novo mapa das freguesias proposto no estudo encomendado pela câmara, alegando que o PSD sai 'largamente prejudicado'».

Ou seja, para António Proa a reorganização administrativa da cidade deve ser regida por interesses partidários e não pelo interesse público. Estamos conversados no que toca a motivações de governação...

14 comentários

António Parente 15.10.2010

Por acaso, o PS é beneficiado na nova divisão administrativa. Deve ser coincidência.
Palmira F. Silva 15.10.2010

ah, claro e o que interessa não é se a proposta é a melhor para a cidade mas se é a melhor para o PSD, sigh...
António Parente 15.10.2010

Ah, a Palmira acha que uma proposta de divisão administrativa onde o PCP passa de 5 freguesias para zero e o PSD de 26 para 9 é sem dúvida a melhor para a cidade. Ah, desculpe! Não tinha percebido! Esta noite estou mesmo desatento! Acho que vou dormir! Tenha uma excelente noite! (volto amanhã para o assunto da carta)
Palmira F. Silva 15.10.2010

Mas o porque carga de águas é que a reorganização administrativa deve ser regida por interesses partidários? A cor das freguesias deveria ser irrelevante, o que deveria ser relevante é a racionalização da administração da cidade. Mais nada.
António Parente 15.10.2010

A Palmira precisa demonstrar que uma reorganização administrativa que faz passar o PSD de 26 freguesias para 9 e o PS de 22 para 17 é feita no interessa da cidade. Falta-lhe esse pequeno detalhe. Se o conseguir, dou-lhe razão.
Tou a ver 15.10.2010

Claro, e a questão vem ao de cima pq foi o PSD a fazer queixa porque se fosse o contrário com Santana a reorganizar o mapa a preocupação seria com a manipulação que este estaria a fazer no mapa de Lisboa com vista a liquidar o PS...

E ainda toma por adquirido que o novo mapa tenha sido reorganizado em critérios objetivos e não partidários por parte do PS.

Filipe 15.10.2010

Prof. Palmira, trata-se de uma reforma tímida e um pouco atabalhoada, para não levantar muita polémica. Penso que Lisboa não deveria ter mais de 10 freguesias (dentro dos actuais limites do concelho). Para além disso, dever-se-ia aumentar o tamanho do concelho, fundindo algumas áreas urbanas adjacentes com Lisboa, tendo assim em vista uma melhor gestão financeira e um melhor ordenamento do território da capital. Eu sou a favor de uma cidade unida a Odivelas, Loures ou Amadora. As novas freguesias chamar-se-iam distritos urbanos e teriam novas competências. Assim, além de uma gestão mais eficaz, poder-se-ia poupar muito dinheiro, por exemplo, através da redução do número de funcionários públicos.
Palmira F. Silva 15.10.2010

Pois, as críticas à proposta deveriam ser assim, não contabilidade de merceeiro sobre quantos presidentes da junta cada partido perde. Ainda não consegui ter acesso ao mapa, só sei que a proposta reduz as actuais 53 freguesias para 27 o que embora tímido é um excelente sinal :)
Marcelo do Souto Alves 15.10.2010

Se passar de um valor para a sua "exacta" metade (arredondada, por defeito, às unidades...) é uma redução "tímida", bem, então não sei o que dizer da saúde dessa tão útil e válida noção de ordem de grandeza...
Marcelo do Souto Alves 15.10.2010

"Distritos" urbanos porquê?! O nome Freguesia tem algum mal??! Acaso não sabe que o termo "distrito" já é empregue, e com um significado completamente diverso, na organização administrativa portuguesa?!!!

morcego 15.10.2010

Essa é a questão que verdadeiramente interessa, não só em Lx mas em todo o país: a racionalização dos recursos decorrentes da reorganização administrativa. E aí devemos ter obrigatoriamente fusão de câmaras, freguesias, empresas municipais e como corolário, menos funcionários e melhor serviço. Com as clientelas rosas e laranjas instaladas, quem tem coragem?
Marcelo do Souto Alves 15.10.2010

Muito bem, mas não são apenas as clientelas rosa e laranja que estão instaladas (há mais clientelas a nível autárquico...), nem é só para enfrentá-las que falta coragem. O problema maior da modernização administrativa é a desqualificação técnica dos quadros do Estado, que não têm autoridade suficiente para se impôr à "autoridade" partidária e apresentar propostas bem fundamentadas. E o segundo maior problema é que toda essa redução de que fala (e que também considero útil e necessária) só faz sentido com a simultânea criação de um novo nível de Poder intermédio, entre as Autarquias locais e o Estado central: as Regiões (que, embora já existam no Portugal insular, ainda não abrangem o território continental...)!
morcego 15.10.2010

Pois claro que existem outras clientelas com outros interesses, mas se olharmos para o panorama da administração púlbica em portugal, julgo que a partidarização é o maior cancro. Desde há muitos anos que dificilmente alguém entra na adm publica sem cunha, na maioria das vezes de alguém de um partido. Tantos dirigentes que, por serem da cor contrária, vão hibernando ao sabor do ciclo político, passando anos na prateleira sem nada fazer (para as suas competências) e recebendo o seu salário. E, meu caro, Marcelo, não temos dúvidas que os rosas e laranjas são os grandes responsáveis por este estado de coisas. Os boys são muitos e precisam de alimentar as suas influencias.

mister p 15.10.2010

É comum falar no poder local como aproximação do estado aos cidadãos. Há no entanto grande relutância em explicar aos cidadãos quanto custa a cada um deles manter a sua própria câmara e freguesia, assim como há recusa dos "populares" em traduzir a tal proximidade em dinheirinho gasto por cada pessoa.
Os partidos e a lógica de poder local não ajudam nada, sendo uma espécie de agências de emprego e de distribuição de colocações aos familiares e apaniguados; localmente ninguém leva a mal que os filhos e familiares dos eleitos para as juntas de freguesia (por exemplo) tenham vulgarmente emprego em "áreas sociais".
Certamente por não se reverem como a parte mais importante do sistema, também os cidadãos enquanto utentes são parcos em exigências ao poder local, muitas vezes apresentando-se como que a pedir por favor para obter isto e aquilo quando de facto cada um deles está a pagar (e com língua de palmo) para ser servido.
Mas quem quer mudar esta situação?
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