Há uns tempos escrevi que iria esperar para ver as reacções à mui necessária reforma administrativa de Lisboa. Estas já começaram: «O líder da bancada social democrata na Assembleia Municipal de Lisboa manifestou hoje alguma 'desconfiança' quanto ao novo mapa das freguesias proposto no estudo encomendado pela câmara, alegando que o PSD sai 'largamente prejudicado'».
Ou seja, para António Proa a reorganização administrativa da cidade deve ser regida por interesses partidários e não pelo interesse público. Estamos conversados no que toca a motivações de governação...
Muito bem, mas não são apenas as clientelas rosa e laranja que estão instaladas (há mais clientelas a nível autárquico...), nem é só para enfrentá-las que falta coragem. O problema maior da modernização administrativa é a desqualificação técnica dos quadros do Estado, que não têm autoridade suficiente para se impôr à "autoridade" partidária e apresentar propostas bem fundamentadas. E o segundo maior problema é que toda essa redução de que fala (e que também considero útil e necessária) só faz sentido com a simultânea criação de um novo nível de Poder intermédio, entre as Autarquias locais e o Estado central: as Regiões (que, embora já existam no Portugal insular, ainda não abrangem o território continental...)!
Pois claro que existem outras clientelas com outros interesses, mas se olharmos para o panorama da administração púlbica em portugal, julgo que a partidarização é o maior cancro. Desde há muitos anos que dificilmente alguém entra na adm publica sem cunha, na maioria das vezes de alguém de um partido. Tantos dirigentes que, por serem da cor contrária, vão hibernando ao sabor do ciclo político, passando anos na prateleira sem nada fazer (para as suas competências) e recebendo o seu salário. E, meu caro, Marcelo, não temos dúvidas que os rosas e laranjas são os grandes responsáveis por este estado de coisas. Os boys são muitos e precisam de alimentar as suas influencias.