O "eterno feminino"
Continuando fisicamente incapacitada de dar ao dedo por muito tempo restam-me duas soluções: ou manter o registo post-it ou - porque não? - repescar textos antigos escrito no outro poiso. Hoje a escolha recai na segunda opção (um texto escrito em Setembro do ano passado, ligeiramente modificado).
Poucas coisas são mais perversas e paradoxais que as ideias sobre o que costumo designar, ironicamente, como o "Eterno Feminino". Não é preciso ser-se um observador especialmente atento para nos darmos conta que os sistemas e "morais" que mais opressores são para a mulher estão, sempre, associados a um discurso de glorificação da mesma. A Mulher é sempre a "melhor coisa que Deus pôs na Terra", um ser quase cândido, isento dos vícios tenebrosos que afligem essa outra metade da humanidade composta pelos homens. E, como cereja no topo, claro, os "hossanas nas alturas" atingem os píncaros quando se fala de maternidade, rapidamente surgem discusos proto-poéticos que, com jeito, até falam de "seivas vitais" e coisas enjoativas do estilo. Foram as imagens finais da declaração do tarado do Irão a propósito da inexistência de homossexuais na terra dele (a reacção à gargalhada é uma das possíveis, sim) que me fizeram ter vontade escrever este texto (aqui estão elas)...
... mas também assentam que nem uma luva a textos como este, de João César das Neves (eternamente agradecida, Tárique, por na altura mo teres mostrado) que termina, gloriosamente, com estas magnificentes palavras "Felizmente que, apesar da tirania da opinião, grande parte das mulheres resiste à pressão e preserva a superioridade. A virgindade e a maternidade brilham ainda neste tempo confuso. E, juntas na mesma pessoa, cintilam no mais alto dos céus, acima de toda a criatura. "(leiam-no na íntegra porque merece).

