Control freaks
O que mais me irrita na política portuguesa e em muitos parlamentares, governantes, etc., sobretudo no que ao campo dos “costumes” diz respeito? Uma cultura política - e não só - que não tem por princípio, a partir do qual se legisle, a autodeterminação das pessoas. Em vez disso, sou sistematicamente confrontado com mentalidades paternalistas (na “melhor” das hipóteses) ou autoritárias (na pior, sem aspas). Como se o estado tutelasse as pessoas, as tivesse de proteger de si próprias, ou soubesse o que é melhor para elas. Uma perigosa mistura de catolicismo tramontano com positivismos dos mais diferentes matizes, da direita à esquerda. Pior ainda é que isso não se manifesta através de uma postura assumida, ideológica no bom sentido. Manifesta-se através duma espécie de atracção ou repulsa “estética” - face ao que surge como “feio” ou “bonito”, percepções subjectivas entendidas como equivalentes de “mau” ou “bom”. Deve também ser por isso que as leis são uma trapalhada, obcecadas com a contemplação de todas as variáveis e hipóteses - desprovidas de um princípio como o da autodeterminação das pessoas, são neuróticas manifestações de controlo.
(parido primeiro ("ai que feio") n'Os Tempos Que Correm)