Can't get it out of my head
Quem não ficou já irritantemente preso a uma música, que muitas vezes nem sequer apreciamos ou detestamos mesmo, que não nos sai da cabeça por muito esforço que façamos? Os especialistas, sim há especialistas na coisa, dizem que os culpados são earworms (ou "ohrwurms", como são chamados na Alemanha). Não, estes vermes não são parasitas que se alojam no nosso ouvido musical e se reproduzem no nosso cérebro. São parasitas no sentido que se alojam na nossa cabeça e causam uma espécie de «comichão cognitiva» que, como numa picadela de mosquito, quanto mais coçamos mais comichão temos numa espiral de irritação porque, pelo menos a mim, a comichão «ataca» em alturas em que queremos descontrair.
Quando ouvimos uma música, ela acciona uma parte do cérebro chamada córtex auditivo. E é no cortex auditivo que se aloja este irritante verme que mantém o nosso cérebro a cantar contra a nossa vontade. E há maneira de nos livrarmos dele? Há uma teoria que cantar a música até ao fim quebra o ciclo. Mas é apenas lenda urbana. Assim como não adianta tentar pensar noutra coisa ou tentar substituir o verme por outra canção. De facto, dois cientistas da Universidade de Reading concluíram recentemente que o melhor tratamento para estes vermes é não fazer nada. Eles descobriram que, em média, as pessoas que tentaram distrair-se ficavam presos à música o dobro do tempo dos que se deixaram levar na onda.
Pode parecer bizarro que os earworms sejam objecto de investigação mas se pensarmos que o maior especialista no assunto é professor de Signage and Visual Marketing no College of Business Administration da Universidade de Cincinnati o seu interesse é óbvio. A música desempenha um papel muito importante em marketing e um jingle infeccioso pode ser determinante no sucesso de um produto. E muitos earworms são jingles comerciais porque para uma carreira infecciosa de sucesso as canções devem ter uma melodia simples e alegre, catchy, letras repetitivas e, de preferência algo inesperado, como um batimento extra ou de ritmo incomum, como este jingle referido pela Ana. Ou, adequadamente, este single de Kylie Minogue, que ocupa o topo da tabela das canções mais infecciosas...