No Irão, direito é uma disciplina subversiva
E continuam no Irão as reformas que pretendem asfixiar cada vez o pensamento crítico e livre dos seus habitantes, condenando-os ao isolamento intelectual e pobreza material a que remetem políticas desastrosas que têm por único objectivo transformar a sociedade iraniana num rebanho acrítico e acéfalo, obediente sem protestos aos delírios e barbaridades do shiismo mais fundamentalista e retrógrado.
Desta vez os alvos são as Universidades, antro de revolucionários que o regime se tem entretido a esmagar e disseminadores de pensamentos perigosos, como os direitos humanos e afins, aprendidos em cursos considerados contaminados pela podridão ocidental. Mais concretamente, os governantes iranianos acusam o Ocidente de tentar prejudicar o Estado islâmico, influenciando as gerações mais jovens do país com a sua cultura «decadente». Assim, anunciaram que vão cortar o mal pela raiz proibindo ou sujeitando a revisão as mais subversivas «disciplinas nas ciências sociais». Sem surpresas entre elas estão «direito, estudos sobre as mulheres, direitos humanos, sociologia, administração, filosofia …. psicologia e ciência política».
Em entrevista ao jornal Arman, Abolfazl Hassani, uma autoridade do Ministério da Educação, explicou que «O conteúdo dessas ciências é baseado na cultura ocidental. A revisão será com a intenção de torná-las compatíveis com os ensinamentos islâmicos».
A questão foi levantada pelo «Líder Supremo», o aiatolá Ali Khamenei, que pediu a modificação dessas áreas quando constatou que de um total de 3,5 milhões de estudantes universitários cerca de 2 milhões se inscreveram em humanidades. «Muitas disciplinas na área das ciências humanas são baseadas em princípios fundados no materialismo descrente nos ensinamentos divinos islâmicos» disse Khamenei, num discurso transcrito nos media estatais. «Assim, esse tipo de estudos … vai levar à disseminação de dúvidas nos alicerces dos ensinamentos religiosos.» De facto, não tenho dúvidas de que qualquer tipo de estudos seja perigoso para o regime iraniano pelo que só me espanta que Ahmadinejad e seus sequazes não tenham encerrado de vez esse locais heréticos onde se ensina a pensar com a própria cabeça.