música do império
...ou "de Tutuala a Caminha", talvez. Agora que andamos a saldar dívida pública pelas esquinas, imaginem que não é só a poderosa e rica China que parece interessada nos bonds portugueses. Quem mais? Os americanos? o sultão do Brunei? o Qatar? era bom, era. Mas não: nada mais, nada menos do que "uma das então mais 'pobres' províncias ultramarinas", disposta agora, "35 anos depois do criminoso abandono", "a contribuir para salvar a antiga Metrópole da bancarrota". Timor. Uma vez mais, o sempre inteligente e perspicaz Rui Crull Tabosa acerta na mouche. Não interessa como, em que condições, com que esforço, com que interesses ou boa-vontade o mais jovem país do mundo se interessa na compra de bonds da dívida portuguesa. Isso é coisa do presente e do futuro, pouco interessante, portanto. O que interessa é o passado, sobretudo aquele passado com 35 anos. Segundo o insigne blogger, "considerando o comportamento dos descolonizadores, não merecíamos tal ajuda". Crull Tabosa acha que Portugal descolonizou Timor em 75. Depreendo que a ajuda de Timor já é merecida, portanto, se tivermos em vista o comportamento dos colonizadores. Nesse caso, a província ultramarina não só pode como deve fazê-lo. Fiquei esclarecido. Badamerda que nunca nos livraremos dos fantasmas do passado, remoto ou recente, quer dos complexos paternalistas, quer dos de culpa.
Para o Rui e todos os saudosos do império, aqui fica a banda sonora.