Nunca é de mais insistir num erro
O inefável Oli Rehn volta a atacar. No dia em que ficamos a saber que a Comissão Europeia estima que o défice português de 2011 fique pelos 4.9% por causa de um agravamento das condições económicas e da subida dos juros, o todo-poderoso Comissário para os Assuntos Económicos e Monetários dá um salta lógico e conclui que podem ser necessárias medidas adicionais de consolidação orçamental. Está certo: se a austeridade não convence os mercados e deprime a economia, a conclusão, como é óbvio, só pode ser: mais austeridade. Se dúvidas houvesse ficamos a saber que a estratégia suicida e irracional defendida pela CE não é passível de ser avaliada quanto à sua eficácia, pois é um apriorismo dogmático que, dê por onde der, tem de funcionar. Porquê? Porque a teoria (a dele) diz que tem de ser assim. Estamos no campo do fanatismo e da mais pura cegueira ideológica. Se a realidade parece desmentir a teoria, o problema só pode ser da realidade. E o plano b, sabemos agora, não é mais do que a radicalização de todos os planos a. Daqui a uns anos, ainda veremos todos os liberais dizer o que disseram os comunistas sobre o socialismo real: a verdadeira austeridade falhou porque nunca foi verdadeiramente tentada. Primeiro como tragédia, depois como farsa. Estamos nisto.