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PISA - a evolução

O projecto PISA (“Programme for International Student Assessment”) lançado em 1997 pela OCDE, visa monitorizar os resultados dos sistemas educativos, avaliando as competências e conhecimentos de alunos de 15 anos, nomeadamente as literacias matemática, científica e de leitura.

O primeiro ciclo do PISA decorreu em 2000 e envolveu 43 países, o PISA 2003 contou com a participação de 41 países, incluindo a totalidade dos membros da OCDE, o PISA 2006 analisou estudantes de 57 países e o PISA 2009, cujos resultados muito positivos estão a causar furor, foi alargado a 65 países.

 

Nas primeiras edições os resultados nacionais foram desastrosos, verificando-se pouca ou nenhuma evolução no desempenho dos estudantes portugueses entre elas. No relatório de 2000 (ficheiro pdf) é indicado que «O ambiente familiar aparece também como relevante para as aprendizagens dos alunos», situação que não se alterou em 2003 ou em 2006. Na realidade, agravou-se o fosso do desempenho de acordo com a origem socio-económica do aluno, que em Portugal apresentava um peso mais relevante que na média dos 57 países analisados. Se olharmos para os valores apresentados, verificamos que os conhecimentos científicos são os menos sensíveis ao rendimento do agregado familiar, mas que quer em matemática (519 contra 424 numa escala até 800 pontos, menos 95 pontos) quer em leitura (menos 108 pontos), a média dos alunos provenientes de famílias mais desfavorecidas era muito inferior. De igual forma, em 2006, o desempenho dos alunos reflectia as habilitações académicas dos pais, embora menos marcadamente que a sua situação económica (cerca de mais 60 pontos nas três áreas para os filhos de licenciados).

 

Em 2003 Portugal ocupava o 27º lugar no que respeita às literacias científica e matemática; no ano de 2006, passou para o 54º lugar, apenas à frente da Grécia, da Turquia e do México. Nesse ano, e pelas piores razões, o sistema educativo português passou para as páginas da comunicação social dos 57 países que participaram nas provas avaliativas.

 

E pelas piores razões porque verificamos que embora na literacia em ciências tenha havido uma ligeira melhoria (um valor de 474, o que compara com 459 em 2000 e 468 em 2003) ficámos 26 pontos abaixo da média da OCDE (498 pontos) e 17 abaixo da média da totalidade dos países analisados. Na literacia em leitura, o valor de 2006 (472) foi superior ao de 2000 (470), mas inferior ao de 2003 (478) e inferior em 20 pontos à média dos membros da OCDE e 12 abaixo da média do total de países avaliados. Na literacia em matemática, mantivemos os 466 pontos de média verificados em 2003, acima dos 459 de 2000, mas continuávamos  abaixo da média da OCDE, 32 pontos, e 18 pontos abaixo da média da totalidade dos países analisados.

Em relação à literacia científica, tão preocupante como os valores médios obtidos foi a distribuição dos desempenhos. De facto, numa escala de 1 a 6, 25% tinha conhecimentos científicos limitados (ou nulos) e a maioria dos alunos, 53,3%, não ultrapassava o nível dois. Apenas 3,0% dos alunos portugueses atingia o nível 5 e o nível máximo foi obtido por uns míseros 0,1% dos avaliados.

 

Este ano, os resultados foram surpreendentes: pela primeira vez desde que Portugal participa no PISA, houve uma expressiva melhoria nas três áreas avaliadas, tão expressiva que Portugal não só está acima da média dos países avaliados como, inesperadamente para muitos, está muito próximo da média dos países da OCDE. Mas mais surpreendente que os 489, 487 e 493 pontos de média obtidos para literacia em leitura, matemática e científica, respectivamente, foi o facto de que «Portugal é o 6.º país cujo sistema educativo melhor compensa as assimetrias socioeconómicas. É um dos países com maior percentagem de alunos de famílias desfavorecidas que atingem excelentes níveis de desempenho em leitura

 

Ou seja, depois de anos na cauda da OCDE, no PISA 2006 na cauda de todos os países envolvidos, com estes resultados Portugal está de parabéns mas, acima de tudo, está de parabéns Maria de Lurdes Rodrigues, a ministra tão vilipendiada que nos conseguiu fazer descolar do lugar que os velhos do Restelo vaticinavam ir ser o nosso ad eternum.

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