Leis da blasfémia: Shock & Awe no Punjab
Salman Taseer, governador do Punjab, foi assassinado hoje por, de acordo com as alegações do assassino transmitidas pelo ministro do Interior paquistanês, ser contra a lei da blasfémia vigente no país. Tasser era uma figura destacada no Partido do Povo do Paquistão, o partido de Benazir Bhutto, igualmente assassinada por motivos religiosos, e muito próximo do Presidente Asif Ali Zardari, viúvo de Bhutto. O governador criticou muito veementemente nos últimos dias a lei da blasfémia e pediu perdão para Asia Bibi, na foto, tirada na prisão uns dias após a sua condenação à morte, com a mulher e filha de Taseer. Os líderes de vários grupos religiosos, que convocaram uma greve a semana passada em apoio da lei da blasfémia, denunciaram-no estridentemente como apóstata e acirraram multidões ululantes a queimarem efígies de Taseer durante a greve.
No dia 30 de Dezembro, Taseer postou no Twitter: «I was under huge pressure sure 2 cow down b4 rightest pressure on blasphemy. Refused. Even if I'm the last man standing.» Taseer não se vergou às barbaridades da religião mas o apelo ao ódio daqueles que não querem perder o poder que detêm nesta parte do globo surtiu o efeito desejado: não só silenciaram para sempre a voz mais corajosa em defesa de um estado de direito no Paquistão como encurralaram o governo numa chantagem ignóbil, com a ameaça de secessão do Punjab.