Trolling&Punching
(com a devida vénia)
O trolling pode ser descrito como a actividade, praticada por algumas pessoas, de postar comentários fora de contexto, propositadamente inflamados ou simplesmente estúpidos. A noção não é minha, mas subscrevo-a, quase na íntegra: é do Economist, neste artigo, muito interessante.
O Jugular, como outros blogs é particularmente atreito ao trolling. Se há coisa que prolifera nas caixas de comentários são comentários anónimos estúpidos, ignorantes, ofensivos, mesquinhos, etc, etc, etc.
Face a isto muitas das plataformas de blogging permitem a moderação de comentários, que para os trolls mais evoluídos é uma terrível censura (creio que os outros nem se apercebem). A moderação (de comentários) é uma actividade que me deprime, confesso-vos. E deprime-me porque me obriga a admitir que a minha liberal linha de admissibilidade de comentários - manifestamente ininteligíveis ou ofensivos - foi ultrapassada.
Ter que reconhecer isto deprime-me porque, não tendo vivido em ditadura, a discussão, e dentro dela a discussão política, é para mim tão essencial quanto desapaixonada. Para paixões públicas - já nem falo das outras - tenho o Sporting, que já me dá dores de cabeça a mais. Ora, o trolling, sobretudo em blogs políticos, como o Jugular é em grande parte, parece ter a sua origem numa espécie de catarse visceral (ignorando agora os casos em que é feita de modo planeado, fazendo parte de uma técnica de guerrilha política blogosférica) que está à margem e impede, porque não apresenta argumentos contrários, qualquer discussão política.
A ofensa ou a total ausência de argumentos não parece ser uma boa conduta e muito menos no momento que o país atravessa.
Na internet ninguém sabe que és um cão, dizia um cão para outro, num cartoon da New Yorker em 1993. Mas por alguns comentários, aqui no Jugular, por exemplo, quase que podemos adivinhar. Sem ofensa.