dia de orgulho
como prometido, fátima.
(...) O dia e o feito sobrelevam, sobrevoam, esmagam todas as tentativas de apropriação oportunista ou simplesmente patética. Não são de ninguém, não têm assinatura nem autoria. Passaram a monumento, património da humanidade. Podem ser ou não celebrados no parlamento, com cravos na lapela ou sem eles: são maiores que isso, e riem de quem, eleito numa democracia que se fundou nesse símbolo, o rejeita.
(...) Talvez tenha precisado de 37 anos inteirinhos para perceber que é meu dever lá estar, que não chega saber para comigo que foi um dos melhores, maiores dias da minha vida, mesmo se tinha só 10 anos, mesmo se o que vi da revolução ao vivo foram soldados na ponte Marechal Carmona (que ainda se chama assim, já agora), e que o que sou, como o que somos, as escolhas que pudemos e podemos fazer, o que podemos e pudemos sonhar e rejeitar, se fundou aí, se iniciou aí, se ancora aí. Que é altura de engrossar o número dos que celebram e não capitular na entrega disto a seja quem for, e muito menos ao olvido. Coincidência que seja este o ano em que se tornou comum, banal, quase normal ouvir e ler que “antes era melhor” ou que “não valeu a pena”. Coincidência que seja este o ano em que a Assembleia da República não festeja. Coincidência, sem dúvida, mas feliz, digo eu: é agora que é mais preciso, e é agora que faz mais falta. Fazer a marcha do orgulho do 25 de Abril. Embora.
(hoje na coluna 'sermões impossíveis' da notícias magazine. texto completo um destes dias)